Pesquisa Origem e Destino revela o crescimento do transporte coletivo



Em 2007 foram realizadas 13,8 milhões de viagens diárias por modo coletivo

Atualizada às 21h25

Dados da pesquisa Origem e Destino, realizada pelo Metrô a cada dez anos, revelam que a população da região metropolitana de São Paulo está utilizando mais o modo coletivo nos seus deslocamentos. O levantamento é feito em parceria com CPTM, EMTU/SP, SPTrans e CET.

“Essa pesquisa dá um retrato do transporte na região metropolitana da capital e permite promover o seu devido planejamento”, resumiu o secretário dos transportes metropolitanos, José Luiz Portella durante a apresentação, realizada na tarde desta sexta-feira, 5, na capital. Para o secretário, o transporte individual ainda é elevado e seria bom diminuí-lo. “Por isso precisa se fazer um investimento maciço, como está sendo feito, em transporte metropolitano. Só nesta gestão são R$ 19 bilhões”, argumentou.

Portella se referia ao Plano de Expansão dos Transportes Metropolitanos, onde o Governo do Estado aplicará R$ 19 bilhões até 2010. “Agora ninguém vai mais poder deixar de investir um montante desta ordem, porque se não o gargalo do desenvolvimento não só da cidade de São Paulo, mas de toda a região metropolitana da capital, será o transporte”, completou Portella.

Mudança de cenário

A Origem e Destino 2007 mostra, pela primeira vez depois de 40 anos de medições, que o transporte coletivo (ônibus, trens e metrô) começa a ser valorizado novamente. Em 2007 foram realizadas 13,8 milhões de viagens diárias por modo coletivo, o que representa 55%, enquanto o modo individual totalizou 11,2 milhões, o que equivale a 45%. De 1967 a 2002, a participação do transporte coletivo havia caído de 68% para 47%; já as viagens individuais subiram de 32% para 53%.

As razões para inversão no cenário das viagens se devem a vários fatores. Nos últimos 10 anos, o Metrô aumentou a oferta de lugares (viagens realizadas vezes extensão quilométrica) em 45% e a CPTM em 84%, reduzindo o intervalo entre os trens. Além disso, medidas de política tarifária foram implementadas, permitindo a transferência livre entre CPTM e Metrô nas estações Luz, Brás, Barra Funda e Santo Amaro, e a integração incentivada entre os sistemas de ônibus locais e o transporte sobre trilhos. Outro fator foi o aumento da abrangência e, conseqüentemente, a atratividade do sistema metroferroviario, com o acréscimo de mais 3 km à Linha 2-Verde do Metrô, com a inauguração das estações Chácara Klabin e Imigrantes, em 2006, e Alto do Ipiranga em 2007; e de mais 8,5 km à Linha 9-Esmeralda da CPTM, que ganhou a partir de 2007 três novas estações (Autódromo, Primavera-Interlagos e Grajaú), além da modernização da Linha 12-Safira, que ganhou 5 novas estações.

Até 2010, o Governo do Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM), investirá mais de R$ 19 bilhões no Plano de Expansão, destinados à CPTM, EMTU e Metrô. Com essa aplicação, a rede metroferroviária vai praticamente quadruplicar e chegar a 240 km, com a transformação de 160 km da CPTM em metrô de superfície, que se caracteriza pela rapidez, qualidade dos trens e estações, confiabilidade e segurança.

Com os recursos destinados a esse plano, estão sendo comprados 99 trens, a maior compra já realizada neste setor. Além de adquirir composições, a CPTM e o Metrô vão modernizar os sistemas de sinalização, o que permitirá a redução nos intervalos, oferecendo um aumento significativo no número de viagens e com maior velocidade. A Linha 1-Azul, em 2010 terá o intervalo entre trens reduzido de 109 segundos para 95 segundos; e na Linha 3-Vermelha, a redução cairá de 101 segundos para 85 segundos. Na CPTM, o intervalo diminuirá, na média, 30%.

Com a missão de ampliar as linhas e promover agilidade às viagens, o Plano de Expansão ainda traz uma novidade em modo de transporte no Brasil: o metrô-leve que tem capacidade para transportar cerca de 20 mil passageiros por hora sentido. Somado a isso, o Metrô está atuando em três linhas simultaneamente: construindo a Linha 4-Amarela (Luz-Vila Sônia) e promovendo a expansão das linhas 2-Verde e 5-Lilás. A CPTM já entregou nove novas estações.

Outros empreendimentos que vão facilitar muito a vida da população são: a construção da Linha 14-Ônix, com o Expresso Aeroporto, da CPTM, que ligará, sem paradas, a Estação da Luz ao Aeroporto Internacional, em Guarulhos. E outra facilidade para a região será a construção, em 2009, do corredor de ônibus Guarulhos – Tucuruvi, com 35 km, que integrará o maior município da Grande São Paulo à zona norte da Capital.

As regiões metropolitanas começam a ficar mais próximas da capital paulista por meio da integração dos transportes intermunicipais. Um exemplo é a construção do corredor de ônibus Noroeste, na região de Campinas, entre Santa Bárbara do Oeste e Campinas, previsto para ser entregue à população ainda em 2008 e que permitirá reduzir o tempo dos deslocamentos na região.

Com todos esses empreendimentos, a previsão é diminuir o tempo médio de viagem em 25% no sistema metroferroviário e ampliar em 55% o número de passageiros transportados sobre trilhos, melhorando diretamente a qualidade de vida das pessoas. Por exemplo, um passageiro que segue do Grajaú até a Sé ganhará mais de duas horas no seu dia, tempo que poderá ser destinado à família, ao lazer e aos estudos. O transporte metropolitano está encurtando as distâncias, aproximando as pessoas e proporcionando economia de tempo.

Caracterização Socioeconômica

A pesquisa abrangeu os 39 municípios da RMSP. Na última pesquisa (1997), a população dessa região que era de 16,8 milhões de habitantes cresceu para 19,3 milhões, em 2007. O levantamento por idade revela que estão nascendo menos crianças. Em um comparativo com 1987, nos últimos 20 anos, a taxa de natalidade vem caindo. Em contrapartida, temos grande parte da população concentrada na faixa etária de 20 a 34 anos. O número de idosos também vem aumentando; isto se reflete no transporte, já que aumenta a preocupação com a acessibilidade e com a gratuidade. A O/D também mostra que 54% da população não é economicamente ativa e 46% é economicamente ativa.

A posse de automóvel particular pelas famílias não teve alteração. Em 1997, 49% das famílias não possuíam automóveis; em 2007, esse índice foi de 50%. As famílias que possuem um único automóvel permaneceram no mesmo patamar: 38%; e quem possui mais de um carro, diminuiu de 13% para 12%. Apesar do crescente aumento da frota em São Paulo, as famílias mantiveram a mesma posição de 10 anos atrás; isto porque o aumento no número de carros teve um crescimento proporcional ao da população.

Em 2007, pela primeira vez, a O/D pesquisou a posse de motocicleta e bicicleta por família. O resultado é que 7% das famílias possuem motocicleta frente a 93% que não possuem. Já o número de bicicletas é relevante: 1/3 das famílias tem bicicleta, o que representa a soma de 24% (que tem uma) e 9% (mais que uma).

O principal motivo das viagens diárias por bicicleta, nos dias úteis, é o trabalho, com 71%. O segundo motivo é educação com 12% e, por fim, lazer, com 4%.

Radiografia dos Deslocamentos

Além da pesquisa socioeconômica, a O/D também realiza um levantamento das viagens externas na Linha de Contorno (linha imaginária que limita a RMSP). A pesquisa realiza a contagem veicular de todas as entradas e saídas e as viagens que atravessam a RMSP, por meio de 21 postos rodoviários instalados ao longo das vias. De um volume diário médio de 455.183 veículos, foram realizadas 36 mil entrevistas.

Um dos grandes resultados da Linha de Contorno é como se distribui o fluxo de veículos nas estradas, sendo que 60% automóveis e táxis, 34% caminhões e 6% ônibus e vans. Todos com crescimento significativo nesses 10 anos.

Dentre os dados globais apontados pela O/D está o total de viagens, que teve um salto de 1997 para 2007, passando de 31,4 para 37,6 milhões de viagens/dia. O número das viagens motorizadas cresceu em torno de 5 milhões: de 20,6 em 1997 para 25,3 milhões de viagens/dia.

Das viagens a pé, é possível verificar que elas totalizam 32,9% dos deslocamentos, o que representa 12,4 milhões. Em 1997, o modo a pé era responsável por 10,8 milhões de viagens ou 34,4%. A principal razão da escolha por andar a pé é a “pequena distância”, que corresponde a 88,6%. Na seqüência, vem o item “outros”, com 6,4% e, por último, com 5%, a razão “condução cara”. O principal motivo das viagens, para 6,4 milhões é a educação; já para 2,9 milhões, é o trabalho e, para o restante (1,5 milhões), são outros motivos.

Sobre as tarifas, um dado relevante é que 46% das viagens por Modo Coletivo são custeados pelo empregador; 44% pagam a própria tarifa, 9% são isentos e o restante (1%) são outros.

Sobre a O/D

A Pesquisa O/D 2007 envolveu a participação de 365 pesquisadores que realizaram o trabalho de campo durante 214 dias. A O/D teve 54.571 domicílios visitados, totalizando 92 mil entrevistados e 30 mil entrevistas válidas. Para traçar os deslocamentos, a pesquisa coletou 431.658 endereços referentes a locais de residência, trabalho, escola; além de origens e destinos de viagens e pontos de transferência entre modos.

A pesquisa é realizada desde 1967, de 10 em 10 anos. Em sua quinta edição, abrangeu os 39 municípios da RMSP, divididos em 460 zonas. A O/D é um instrumento vital para o planejamento dos transportes, pois revela dados sobre os deslocamentos da população na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), incluindo a caracterização socioeconômica. A pesquisa coleta informações que permitem traçar uma radiografia dos deslocamentos realizados pelos moradores da RMSP.

Manoel Schlindwein com Secretaria dos Transportes Metropolitanos



09/05/2008


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