Pesquisa revela vantagens do cultivo orgânico de batatas



Estudo indica que os três tipos mais adequados, que dispensam agrotóxicos e têm melhor preço de venda

Estudo realizado pela Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta) identificou quais as variedades de batata mais recomendadas para o cultivo orgânico. A pesquisa abre novas perspectivas ante a produção convencional, que usa grande volume de agroquímicos para combater pragas e doenças.

O estudo da Apta, vinculada à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento, começou em 2002. No ano passado, foram criadas novas variedades, e o plantio foi feito em junho e julho de 2007. Os experimentos foram conduzidos nos pólos da Apta em Monte Alegre e em Piracicaba e na propriedade do produtor Elias Moraes, localizada no município de Socorro.

A cidade paulista reúne oito produtores orgânicos, em pequenas propriedades. Eles pretendem aproveitar o estudo para melhorar a fertilidade do solo, a nutrição da planta e todo o conjunto de produção.

As variedades que se mostraram mais resistentes e produtivas foram a Ibitu-açu, a Apuã e a Catucha. As duas primeiras são ideais para cozinhar e foram produzidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A terceira é da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

Saudável e sustentável – O quilo da batata orgânica custa R$ 2, enquanto a convencional varia de R$ 0,30, em períodos de baixa, a R$ 1, nos melhores momentos, como o atual. Para o consumidor, a batata livre de agroquímicos sai em média por R$ 7.

Segundo Joaquim Adelino, pesquisador da Apta, o manejo orgânico tem produtividade 50% inferior à convencional. Entretanto, é mais sustentável que a tradicional: tem menor custo de produção, valor imune às oscilações do mercado e eleva o preço de venda para o agricultor. Outras vantagens incluem evitar a concentração de resíduos de agroquímicos e controlar a requeima – doença fúngica de maior prevalência na bataticultura. 

Rodízio de culturas – O agricultor Elias Moraes também planta de modo orgânico milho morango, abóbora, berinjela e tomate. Na sua opinião, o ganho obtido com o maior valor agregado compensa a menor produtividade. Ele faz rotação de culturas e mantém cronograma anual de plantio, inclusive para prevenir doenças.

A pesquisa da Apta revelou também quais os materiais mais indicados para o plantio, considerando o paladar e a adequação para cozimento ou para fritura. “O consumidor prefere a batata orgânica para cozinhar, por ser mais saudável. O alto custo dos agroquímicos e os reflexos sentidos na saúde motivaram abandonar em definitivo o plantio tradicional. O próximo passo, em parceria com a Apta, será ampliar os testes para aumentarmos o banco de sementes”, diz o agricultor.

João Paulo Feijão Teixeira, coordenador da Apta, explica que o Brasil é o maior consumidor da América Latina. Entretanto, a maioria da produção no País ainda é feita com material importado, sem resistência à requeima. “Esta pesquisa abre novo leque de opções para o produtor e aumenta sua renda”, finaliza.

Carla Gomes

Da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio

(I.P.)

 



12/19/2007


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