Pesquisador aponta ciclo virtuoso em torno de design livre



O ambiente em que impressão tridimensional (3D) se conjuga a acesso à internet, software livre e design na mesma filosofia tem gerado um ciclo tecnológico e econômico que se retroalimenta. A avaliação é do pesquisador Jorge Vicente Lopes da Silva, do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI), que classifica como “vertiginoso” o ritmo desse avanço em todas as áreas.

“No movimento do design livre, ou projeto livre, você projeta um componente, peça, objeto, ou seja, lá o que for e o coloca na rede para que outros possam usá-lo e modificá-lo”, explica. “Isso potencializa enormemente o uso das impressoras 3D, criando um ciclo virtuoso de uso, geração de necessidades e novos designs livres. Daí nascem novos modelos negociais, empreendedorismo e facilidade de fazer negócios, novamente pela internet.”

Ele identifica a possibilidade de personalização das peças produzidas como um dos principais trunfos dessa novidade. “Essa já tem sido uma realidade, ainda cara, mas chegando ao consumidor final que pode pagar por ela”, observa. “Creio que a maior centralidade não será uma área, mas a oferta de produtos em qualquer área altamente customizáveis e que atendam alguma necessidade ou desejo de um cliente.”

Chefe da Divisão de Tecnologias Tridimensionais (DT3D) do CTI, Silva lembra que, justamente por conta dessa adaptação às necessidades individuais, a impressão 3D tem como um dos principais segmentos beneficiados a tecnologia assistiva – aquela que facilita o dia a dia de pessoas com deficiência ou outra limitação. Outra frente que ele destaca é a de produtos que não são de fabricação em massa e têm alto valor agregado, a exemplo de aviões militares e civis e satélites.

A unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em Campinas (SP) usa a manufatura aditiva – nome técnico do processo – para apoiar cirurgias, testes industriais e trabalhos científicos. Ali será impressa reconstrução do rosto de Santo Antônio.

Uso em casa

O pesquisador observa que muitos consumidores já começam a adquirir impressoras 3D para uso pessoal, mas pondera que é necessária uma simplificação nos sistemas computacionais que as operam para essa nova geração do periférico de informática ganhar de vez espaço no cotidiano das pessoas. “Já é possível comprar aqui, inclusive online, modelos de baixo custo. A operação e os materiais também não são caros, porém falta uma operação mais intuitiva”, ressalva. “Nos Estados Unidos já é quase uma febre. Ainda está longe de haver uma em cada casa, mas não duvido que cheguemos lá.”

Segundo Silva, os modelos acessíveis apareceram com o advento do hardware livre. “Em 2005 colocamos essa proposta no plano diretor do CTI Renato Archer sem saber que o mundo, então a passos lentos e ocultos, já estava andando com isso. Ficamos muito felizes de ver, meses depois, a materialização de iniciativas assim na internet.”

Para o chefe da DT3D, estamos numa era equivalente à dos primeiros computadores pessoais. “Eram caríssimos, pouco potentes e de difícil uso, e muitos não tinham a ideia do que fazer com um deles. Hoje, estão em todos os lugares. No seu carro, no celular, televisores, até mesmo nos brinquedos.”

“Por isso, o Brasil não pode perder essa onda como foi a da microeletrônica”, defende.

Fonte:
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação



12/03/2014 12:35


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