Pesquisador destaca resultados positivos de vacina anti-HIV desenvolvida pela USP
No primeiro teste realizado com macacos, resposta foi 10 vezes mais potente do que nos testes com camundongos
A única vacina anti-HIV totalmente desenhada e concebida no Brasil apresentou resultados positivos em seu primeiro teste realizado em macacos Rhesus do Instituto Butantan. Desenvolvida pela USP, tem coordenação do pesquisador da Faculdade de Medicina, Edecio Cunha Neto. O cientista afirmou que, embora o teste tenha sido feito apenas em quatro macacos, "a resposta imune foi potente em todos eles e 10 vezes mais forte do que o que vinha sendo apresentado nos testes com camundongos sob o mesmo tipo de vacinação".
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A equipe iniciou a pesquisa imunológica do HIV e da Aids em 2001, analisando o sistema de defesa de um grupo especial de portadores do vírus que mantinham o HIV sob controle por mais tempo e demoravam para adoecer. No sangue dessas pessoas, a quantidade de linfócitos T do tipo CD4 - o principal alvo do HIV - permanecia mais elevada que o normal. Os pesquisadores então isolaram pequenos pedaços de proteínas das áreas mais preservadas do vírus HIV e, com auxílio de um programa de computador, selecionaram os que tinham mais chance de serem reconhecidos pelos linfócitos TCD4 da maioria dos pacientes.
A ideia da vacina veio a partir da resposta imune encontrada nas pessoas portadoras do vírus. O teste em animais, segundo Edecio, "não gera uma infecção, pois os animais não se infectam com o HIV", e a busca por utilizar macacos é que eles apresentam resposta imune muito mais semelhante à humana do que os camundongos. O teste nos macacos com a vacina de DNA criada tem o intuito de saber se ela gera a mesma resposta imune da que foi encontrada nas pessoas analisadas, para aí poder desenvolver uma maneira de combater o vírus.
"O que para nós é interessante é que há hoje em dia vacinas sendo testadas em animais e humanos, mas o que a nossa traz de novo é a premissa de serem regiões do HIV que são muito conservadas (linfócitos TCD4). A nossa vacina segue um formato diferente e, por isso, temos uma chance de encontrar um resultado diferente das que são aplicadas hoje em dia", contou Edecio.
O professor comenta que o caminho para a cura ainda é longo, pois a doença não apresenta um episódio agudo com duração de alguns dias, "é uma infecção crônica, a doença continua no organismo, você pode se reinfectar várias vezes, isso significa que para desenvolver uma vacina é preciso ser melhor do que a natureza, por isso ate hoje não tem uma vacina que funcione adequadamente", concluiu.
Do Portal do Governo do Estado
03/06/2014
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