Pesquisador propõe suspensão temporária de grandes projetos no Rio São Francisco



Juntamente com a recomposição de matas ciliares, a suspensão temporária de iniciativas capazes de causar forte impacto ambiental ao Rio São Francisco, tais como a construção de novas barragens e hidrelétricas, ou a implantação de grandes projetos de irrigação, foram recomendadas pelo professor e pesquisador Clóvis Eduardo de Souza Nascimento, da Universidade Rural da Bahia, como medidas necessárias para a revitalização do Rio São Francisco. As sugestões foram feitas em depoimento nesta quarta-feira (17) à comissão mista especial criada para tratar da revitalização do rio.

O pesquisador explicou que as matas ciliares são compostas pela vegetação ribeirinha, cujas raízes ajudam a fixar o solo junto às margens, dificultando seu desmoronamento para dentro do rio. Elas representam uma defesa importante porque funcionam como uma espécie de barreira, que impede o assoreamento e o desbarrancamento dos rios. No caso do São Francisco, Clóvis Nascimento destacou a importância da ingazeira para a conservação da integridade das suas margens. A campanha de recomposição das matas ciliares, no entanto, precisa levar em conta aspectos culturais, econômicos e sociais dos habitantes das regiões banhadas pelo rio, conforme o pesquisador. Ele apontou o risco de as atividades voltadas para a recuperação do São Francisco se chocarem com os interesses dos produtores e das populações ribeirinhas, atrasando ou inviabilizando o projeto. Clóvis Nascimento observou que não existe uma metodologia única que possa ser aplicada para a recomposição de matas ciliares no alto, submédio e baixo São Francisco, que juntos somam cerca de 3.200 km. No entanto, ele sugeriu a realização de levantamento florístico do solo ribeirinho (estudo de como as plantas se multiplicam), para fins de replantio, assim como o isolamento das áreas mais comprometidas. O cumprimento do Código Florestal também foi reclamado pelo professor. A essas propostas, a outra convidada, a secretária municipal do Meio Ambiente de Lagoa da Prata (MG), Marília Queiroz Nogueira, acrescentou a importância da realização de ampla campanha de educação ambiental voltada para esclarecer a população sobre a necessidade de recompor as matas ciliares ao longo das margens do São Francisco. Ela disse que, por meio de projeto que já dura 10 anos e fica localizado na região do alto São Francisco, foram plantadas mais de um milhão de mudas e cerca de 300 hectares de áreas marginais foram recompostas. No entanto, afirmou, o principal êxito do empreendimento foram os "resultados comportamentais, ou seja, a conscientização dos produtores e da população daquela região.

Depois de ouvir os dois expositores, o senador Waldeck Ornélas (PFL-BA) afirmou que a recuperação das matas ciliares "é indispensável para evitar o assoreamento e o desbarrancamento do rio, que, somados à poluição industrial e aos esgotos domésticos, constituem as principais causas dos problemas daquela bacia hidrográfica".



17/04/2002

Agência Senado


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