Pesquisadores da Fapeam produzem uma nova linhagem de plástico biodegradável
Segundo dados da Associação Brasileira de Embalagens, o Brasil consome aproximadamente quatro milhões de toneladas de plástico por ano, mas recicla menos de 20% desse total.
Atentos para essa defasagem e o crescimento da poluição ambiental, pesquisadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), estão estudando bactérias que têm potencial para produzir biopolímeros com propriedades idênticas às dos plásticos convencionais.
A equipe conta com um grupo de biólogos que, após a coleta de bactérias como Chromobacterium Violaceum, vem procurando identificar a qualidade do plástico que esses microorganismos produzem.
O doutor em Biotecnologia Aldo Rodrigues Procópio desenvolve os projetos de pesquisa com bactérias encontradas em ambientes aquáticos dos rios Solimões, Madeira e Negro.
“Até o momento obtivemos 300 isolados bacterianos, sendo 150 do Rio Negro e 150 do Rio Solimões. Destes, 100 isolados já foram testados quanto ao potencial de acúmulo de biopolímeros e 90% apresentaram essa capacidade. A próxima etapa será analisar os polímeros produzidos por estas bactérias e identificar os grupos dos isolados produtores destes polímeros, utilizando técnicas de sequenciamento”, afirma Aldo.
Segundo o pesquisador, os ambientes aquáticos encontrados na Amazônia são favoráveis ao crescimento dessas bactérias devido às condições nutricionais encontradas nas águas, principalmente no Rio Negro, onde pode ser verificada uma concentração alta de Chromobacterium Violaceum. A bactéria possui mecanismos para produção de biopolímeros, justamente por sobreviver em ambientes com alteração na disponibilidade de nutrientes.
A expectativa do projeto é obter linhagens com excelente potencial de acúmulo de polímeros para se investir na produção industrial e tornar o plástico biodegradável mais competitivo no mercado.
Vantagens dos plásticos biodegradáveis
Pelas suas características, o bioplástico pode ser usado na indústria farmacêutica, alimentícia, na agroindústria, com embalagens para insumos; e ainda na medicina, com próteses que possam ser absorvidas com o tempo pelo próprio organismo sem a necessidade de uma nova intervenção cirúrgica para retirada desta prótese.
Além da multiplicidade de usos, reforça Procópio,a substituição do plástico sintético por biodegradáveis é lucrativa para o meio ambiente. “O desenvolvimento de produtos ambientalmente sustentáveis é fundamental para o planeta. O uso do plástico biodegradável vem para auxiliar em vários aspectos e um deles é a rápida auto-degradação. Enquanto o plástico convencional demora de 200 a 400 para se decompor, o bioplástico degrada em média em 6 meses, e ainda se transforma em adubo junto com o lixo orgânico”, explica Aldo.
No entanto, a maior dificuldade para emplacar o plástico biodegradável no mercado é o preço, pois o material ainda custa 40% mais que o plástico convencional. Atualmente, a quantidade de estudos que envolvem a produção do bioplástico ainda é muito pequena, mas, segundo Aldo, a pesquisa da Fapeam também pretende contribuir para diminuir essa desvantagem.
“A última etapa da pesquisa será empregarmos diferentes fontes de energia e carbono, utilizando matéria prima da região oriunda de resíduos industriais e agrícolas para produção de plástico biodegradável a um custo menor que o cobrado hoje. Isto fará com que o bioplástico se torne mais competitivo no mercado e incentivará a região Amazônica a produzi-lo”, finaliza Procópio.
Fonte:
CNPq
25/10/2010 17:30
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