Pesquisadores pedem mais investimento em biotecnologia



As Comissões de Educação (CE) e de Assuntos Sociais (CAS) deram seqüência nesta quinta-feira (4) ao debate, com pesquisadores e especialistas, sobre os produtos transgênicos e a biossegurança. Dos cinco convidados, quatro defenderam os transgênicos, o pleno domínio pelo Brasil da tecnologia de ponta dos produtos geneticamente modificados e a canalização de mais recursos para a pesquisa. Apenas o economista David Hathaway discordou do plantio de transgênicos e alertou que -essa nova onda biotecnológica poderá trazer mais exclusão social e piorar a já agonizante situação dos pequenos agricultores-.

O senador Osmar Dias (PDT-PR), presidente da Comissão de Educação, voltou a pedir ao governo mais recursos para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele afirmou que o debate em torno dos transgênicos não pode ser transformado em uma bandeira política. A seu ver, o tema é complexo e exige que a comunidade científica brasileira dê a palavra final sobre o assunto.

As duas comissões resolveram abrir os debates em torno dos transgênicos em virtude de estar tramitando na Câmara dos Deputados o projeto de lei nº 2.401/03, de autoria do Poder Executivo, que estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados, bem como os seus derivados, além de estabelecer a política nacional de biossegurança. Os membros da CE e da CAS resolveram antecipar a discussão do tema, a ser examinado por ambos colegiados.

O senador Juvêncio da Fonseca (PDT-MS), que junto com o senador Augusto Botelho (PDT-RR), foi o autor do requerimento que resultou na realização da audiência pública, defendeu a regulamentação da transgenia, desde que sejam levados em conta a saúde humana, a preservação do meio ambiente e o aspecto rentável do empreendimento comercial.Por sua vez, o senador João Tenório (PSDB-AL) pediu a criação de uma legislação de segurança destinada a preservar a população que venha a consumir produtos transgênicos.

Futuro

O professor de Genética da Universidade de São Paulo (USP) Ernesto Paterniani alertou que, se os alimentos convencionais vendidos nos supermercados brasileiros fossem submetidos a uma rigorosa avaliação, -muitos deles seriam retirados das prateleiras por apresentarem problemas à saúde, como alergias-.

Para ele, os transgênicos representam o futuro da humanidade, principalmente na produção agrícola, razão pela qual criticou a falta de investimentos do governo federal na área dos transgênicos e biossegurança. Mas, para o economista David Hathaway, representante da organização não-governamental (ONG) Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, a liberação de plantas transgênicas poderá provocar problemas sociais e econômicos aos pequenos agricultores, uma vez que, conforme observou, quem comprará as sementes transgênicas serão, principalmente, as grandes empresas agrícolas.

O biologista-molecular da Embrapa Francisco Aragão pediu a intensificação das pesquisas no país e a aprovação de uma legislação de ponta que permita aos cientistas e pesquisadores brasileiros terem condições de desenvolverem os seus projetos.

Robinson Pitelli, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), disse que a agricultura moderna passa, necessariamente, pela transgenia, enquanto o professor Rubens Onofre, representante do Ministério do Meio Ambiente, garantiu que o governo está empenhado em regulamentar a legislação dos transgênicos.



04/12/2003

Agência Senado


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