Pesquisadores pedem prioridade para políticas comuns no Mercosul
A construção de políticas públicas comuns, nas áreas econômica e social, deve ser uma prioridade no desenvolvimento regional, segundo cientistas sociais que participaram, na manhã desta quarta-feira (15), em Foz do Iguaçu (PR), do debate sobre as Perspectivas da Integração Sul-Americana. O debate faz parte da 10ª Cúpula Social do Mercosul, que ocorre na véspera da reunião de cúpula do bloco e conta com o apoio do Parlamento do Mercosul (Parlasul).
Segundo o economista argentino Aldo Ferrer, professor emérito da Universidade de Buenos Aires, os países do bloco devem aprofundar a cooperação para o desenvolvimento científico e tecnológico, em busca de uma nova inserção na economia internacional. Ele citou o exemplo da indústria nuclear, onde Argentina e Brasil já possuem um "acervo tecnológico importante", além de centrais nucleares em funcionamento.
- Precisamos criar sociedades capazes de fazer as suas próprias políticas, incorporar ciência e tecnologia e estabelecer com o mundo uma relação simétrica - afirmou Ferrer, para quem o Parlasul pode exercer um "papel fundamental" na promoção de debates sobre a construção de novas alternativas para os países do bloco.
Durante o mesmo painel, o cientista político Marcos Costa Lima, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, criticou o que chamou de "30 anos de neoliberalismo" na região e a concentração de renda ocorrida no Brasil, mesmo nos momentos de crescimento econômico e geração de empregos. Ele classificou como um "desafio" a redução da dependência tecnológica do bloco e citou a possibilidade de desenvolvimento de setores como as fontes renováveis de energia. Ressaltou ainda os benefícios da aproximação política entre os países do bloco.
- O grande ativo do Mercosul foi a capacidade política de rejeitar a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Mas existe muito a ser feito e faltam políticas públicas ao Mercosul - recordou.
Também na área social será necessário estabelecer metas comuns, ressaltou o pesquisador Jorge Abraão, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Em sua opinião, o continente deveria "convergir" para políticas de estímulo à solidariedade e à promoção social. O pesquisador citou o exemplo do Brasil, onde os 45 milhões de benefícios sociais distribuídos mensalmente ajudaram o país a superar os efeitos da crise econômica mundial.
- Nós podemos pensar com nossas próprias cabeças. Em geral, a saída da crise ocorre em cima dos pobres, como vemos atualmente na Europa. Vamos nos fortalecer se atuarmos juntos, pois somos mais fortes juntos do que separados - afirmou.
15/12/2010
Agência Senado
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