PFL tenta de novo acordo com o poder
PFL tenta de novo acordo com o poder
Desta vez é com José Serra. Abalado pelos resultados das urnas, o PFL, núcleo do bloco de centro-direita, ainda não conseguiu encontrar um rumo.
Tornou-se um caso raro de partido político que conseguiu fracassar duas vezes na mesma na disputa pelo poder presidencial: no início do ano assistiu ao naufrágio da candidatura da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e no último domingo viu a derrota de Ciro Gomes, do PPS, a quem atrelara seu destino em junho.
Ontem, durante reunião em Brasília, a cúpula do partido demonstrou a situação de cisão e de fragilidade em que se encontra o PFL. Decidiu optar pelo candidato do governo, José Serra, mas registrando em nota oficial ressalvas às "particularidades estaduais" ? ou seja, sem qualquer compromisso.
O manifesto foi obra do vice-presidente da República, Marco Maciel, que em alguns momentos usou um tom veemente. Maciel, senador eleito por Pernambuco, fez um acordo com Serra que poderá assegurar ao partido uma fração do eventual governo do PSDB. É uma nova aposta, a terceira nesta temporada eleitoral, para manter o PFL onde sempre esteve nas últimas duas décadas - no poder.
Melhorar a qualidade é o objetivo na saúde
Mudanças estruturais e aumento das verbas públicas para a saúde ampliaram a oferta de serviços, mesmo os mais complicados, como cirurgias em pacientes com câncer. Em 1995, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 43 mil operações em pessoas com a doença. Ano passado, foram 86 mil. Além de aumentar a oferta, o objetivo, agora, é melhorar a qualidade. Inclusive nos planos privados que devem faturar R$ 18 bilhões este ano.
O clube dos engenheiros muito acima da média
Dos 4,5 mil engenheiros que se formaram nos 51 anos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) - um dos mais exigentes do mundo - apenas 11 conseguiram obter a láurea de "Summa Cum Laudæ". A honraria pertence àqueles que obtiveram, em todas as matérias do curso, de cinco anos, notas superiores a 9,5. Entre eles, estão Fernando de Mendonça e o brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, precursores do programa espacial brasileiro.
Uma disputa de penas e espuma
Conar julga guerra dos sabonetes. O Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar), julga hoje pedido da Unilever para tirar do ar a propaganda do sabonete Francis Hydratta, da Unisoap Cosmética. No filme, uma modelo compara sabonetes com hidratantes. "Em momento algum citamos o Dove", diz o superintendente da Unisoap, José Eduardo Matarazzo Kalil. Mas a Lever não entendeu assim e além de recorrer ao Conar, deu o troco num filme que compara papagaios e galinhas (os concorrentes), com a pomba branca (símbolo do Dove). Por trás da briga está um segmento que cresceu 17% em 2001, contra os 11% de toda a categoria.
Carro mundial feito no Brasil
Novo Renault será para exportação. O presidente da Renault do Brasil, Pierre Poupel, revelou ontem, no Salão do Automóvel de São Paulo, que a montadora francesa pretende produzir em sua fábrica de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, o seu próximo carro mundial.
O novo produto ainda é um segredo de fábrica, mas especula-se que será desenvolvido a partir de um modelo Megane, recentemente apresentado em Paris.
Seu destino será a exportação, estratégia com a qual a empresa espera reduzir os prejuízos impostos pela flutuação exagerada do dólar.
Outro plano da montadora é aproveitar a grande demanda do mercado europeu pelo modelo Scénic e abastecê-lo com carros fabricados no Brasil. Isso poderia duplicar a produção da fábrica paranaense.
Feliz aniversário, supermercado
Concorrência acirrada provoca comemorações até de data fictícia. Se depender das redes de supermercados, o consumidor brasileiro vai perder o fôlego de tanto apagar velinhas. É aniversário de chegada no Brasil, aniversário mundial, aniversário da reestruturação. E todos anunciam uma superfesta como comemoração. Só este mês, três grandes cadeias - Carrefour, Barateiro e Wal-Mart - festejam aniversários com "megacampanhas" promocionais, que ocupam espaços nobres da televisão e dos jornais.
No caso do Carrefour, já é a segunda comemoração no intervalo de um mês. Em novembro, será a vez do Extra festejar mais um ano de vida. Na opinião de consultores, o aumento da concorrência e a atual situação da economia estão levando os supermercados a investirem cada vez mais em datas de aniversário - que em muitos casos são fictícias.
"No final, quem paga a festa é o fornecedor", diz Eugênio Foganholo, consultor da Mixxer, especializada em varejo. Para o consultor, as comemorações de aniversário também são uma forma de fazer com que o fornecedor contribua mais com a rede. Alexandra Jacob, gerente de marketing do Barateiro, bandeira de supermercados do grupo Pão de Açúcar, discorda. "Os aniversários também representam picos de vendas para os fornecedores."
Para Marcos Gouvêa de Souza, da consultoria Gouvêa de Souza & MD, esse tipo de evento traz retorno para as redes, mas não fideliza o cliente.
O peso de campanhas de aniversário pode ser percebido pela reação da concorrência. No mesmo dia do anúncio da "megacampanha" do Carrefour para o aniversário de sua chegada no Brasil e um dia antes de a mesma entrar no ar, o Extra - hipermercado do Pão de Açúcar - anunciou que cobriria as ofertas e ainda daria descontos de 5%.
Colunistas
Petróleo pressiona à guerra
Maria Helena Tachinardi
O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, deixou claro, ontem, que, por trás do objetivo principal de destituir o presidente iraquiano, Saddam Hussein, existem "considerações econômicas e de estabilidade regional" que estão em jogo no Congresso dos Estados Unidos (EUA) e no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) no debate sobre a guerra ao Iraque.
Powell, segundo a agência Dow Jones Newswires, notou que as companhias russas e outras devem ter interesses financeiros na indústria de energia do Iraque, que seria a principal receita de exportações no regime pós-Saddam.
Powell destacou ao Conselho de Negócios EUA-Rússia, em Washington, que o governo Bush está consciente "dos interesses que outros países têm num futuro regime iraquiano".
Está cada vez mais claro que desarmar Saddam, isto é, retirar dele alegadas armas de destruição em massa, via ONU ou pela força militar, será de grande ajuda para o setor do petróleo.
O assunto foi colocado em Houston, Texas, nesta semana, no US-Rússia Commercial Energy Summit - reunião de cúpula dos EUA com a Rússia sobre assuntos comerciais envolvendo energia -, que juntou assessores do presidente George Bush, entre eles os secretários de Comércio e de Energia, altos executivos dos dois países, deputados e senadores.
O governo Bush busca parceria com os magnatas do petróleo russo para, por pressão deles, convencer o governo de Putin a apoiar no Conselho de Segurança uma ação militar.
"Se a guerra ao Iraque for iminente, as empresas petrolíferas russas - em conjunto com companhias norte-americanas - podem ajudar a assentar as bases para uma verdadeira parceria entre os EUA e a Rússia em energia", diz Eugene Rumer, categorizado membro do Instituto de Estudos Estratégicos da National Defense University, em Washington.
Em artigo no The Washington Post, na última segunda-feira, ele diz: "os 5 milhões de barris diários de petróleo russo exportados, combinados com 4 milhões de barris da capacidade projetada do Iraque, podem se aproximar da produção diária da Arábia Saudita de 8 milhões de barris diários e se tornar uma força sem pr ecedente de estabilidade no mercado global de petróleo".
Oposição iraquiana procurada
As companhias petroleiras russas temem que as norte-americanas dominem a segunda maior reserva de petróleo do mundo, que estão no Iraque, sendo grande parte dela ainda inexplorada.
O Iraque tem reservas confirmadas de 112 bilhões de barris; perde apenas para a Arábia Saudita, que aparentemente possui o dobro disso. Com as sanções impostas pela ONU ao Iraque, a produção atual do país é de apenas 2,8 milhões de barris diários, uma capacidade que Bagdá luta para alcançar devido à deterioração de seus equipamentos.
Pelo programa da ONU "petróleo em troca de alimentos", o Iraque exporta cerca de um milhão de barris/dia. Desde 1998, segundo o jornal britânico The Independent, duas subsidiárias da Halliburton, em Houston, companhia que já foi dirigida pelo vice-presidente norte-americano, Dick Cheney, receberam US$ 24 milhões pelo serviço de conserto dos oleodutos iraquianos, no contexto do programa das Nações Unidas.
De acordo com o The Independent, especialistas da indústria petrolífera dizem que "há uma grande preocupação de que os EUA poderiam dominar a indústria de petróleo iraquiana depois de Saddam. Como resultado, várias petroleiras vêm mantendo conversas com a oposição iraquiana para assegurar que elas estarão envolvidas em negócios futuros", após uma eventual queda de Saddam Hussein.
Segundo o jornal britânico, o governo russo de Vladimir Putin - que é amigo do Iraque - recentemente despachou a Washington um diplomata para uma conversa com um alto funcionário do Congresso Nacional Iraquiano (INC), o grupo de oposição a Saddam apoiado pelos Estados Unidos.
Naquele encontro, no dia 29 de agosto, o diplomata expressou o temor de que os EUA tirem a Rússia dos mercados de petróleo, menciona The Independent, em sua edição de 26 de setembro.
James Woolsey, ex-diretor da central de inteligência dos EUA (CIA) e especialista nas relações entre segurança global e petróleo, disse que as empresas petrolíferas da França e da Rússia têm interesses no Iraque.
"Elas deveriam ser informadas de que se ajudarem a encaminhar o Iraque para um governo decente, nós faremos o melhor para assegurar que o novo governo (iraquiano) e as companhias norte-americanas vão trabalhar em conjunto com elas", destacou Woolsey, em artigo no The Washington Post.
Com o aumento de investimentos estrangeiros no Iraque, o país poderia produzir 6 milhões de barris diários em cinco anos. Isso faria do Iraque o terceiro maior produtor depois da Rússia e da Arábia Saudita.
O presidente do INC, partido de oposição a Saddam, Ahmed Chalabi, opina que os Estados Unidos deveriam liderar um consórcio para desenvolver a indústria de petróleo iraquiana.
Esse comentário, menciona The Independent, horrorizou o governo da Rússia, que, por ser o maior exportador mundial de petróleo, tem muito a perder se os EUA assumirem uma posição predominante na indústria de petróleo iraquiana.
Conselho da ONU
O jornal informa ainda que Thane Gustafson, diretor sênior da consultoria Cambridge Energy Associates (Cera), disse que o assunto certamente está no centro das negociações da Rússia com os EUA acerca da resolução das Nações Unidas sobre a volta ao Iraque dos inspetores de armas. Segundo Gustafson, o petróleo preocupa o presidente russo, que provavelmente preferiria que as coisas ficassem como estão.
Rússia e EUA
Mas a Rússia, país onde o petróleo e o gás respondem por 40% das exportações, é muito importante para os EUA, levando-se em consideração a instabilidade no Oriente Médio e na América do Sul, sobretudo na Venezuela.
Segundo Sheila McNulty, no Financial Times, "os ataques terroristas aos EUA no ano passado forçaram os formuladores de política a considerar as vastas reservas russas uma prioridade".
Em julho, os EUA começaram a receber o primeiro carregamento direto de petróleo da Rússia. A Yukos Oil, a maior empresa petrolífera integrada russa, privatizada, foi a responsável pelas primeiras exportações para os EUA em bases experimentais, para avaliar a lucratividade da operação.
"A Rússia é e continuará a ser um importante fornecedor mundial de petróleo", diz Donald Evans, secretário de Comércio dos EUA.
Líderes interessadas
As companhias norte-americanas ExxonMobil e Chevron Texaco se recusam a dizer se têm conversado com a oposição iraquiana, menciona The Independent. Ambas admitem, entretanto, que estariam interessadas em operar no Iraque se as sanções econômicas fossem suspensas.
Um porta-voz da anglo-holandesa Royal Dutch Shell, que discutiu com Saddam, no passado, a possibilidade de desenvolver o campo petrolífero Ratawi, disse que não se aproximou da oposição iraquiana, mas confirmou interesse em negociar com o Iraque depois do fim das sanções.
Editorial
UMA CONVERGÊNCIA DE CENTRO
Qualquer que seja o resultado das eleições em segundo turno para a Presidência da República, a representação popular já definida no Congresso Nacional aponta uma convergência para o centro. A mensagem do eleitorado foi cristalina: quer mudanças no Brasil, reconhece a necessidade de reformas, mas deseja realizá-las com cautela para que possam vir a ter um sentido de permanência.
Essa deveria ser a leitura que os participantes do mercado, interna e externamente, deveriam fazer do último pleito, e que bem poucos vêm fazendo. Interessados em manipulações especulativas, instituições ou pessoas que não conhecem as particularidades da vida política brasileira vêm se deixando levar por análises apressadas, que sobrevalorizam o papel do Executivo. As mudanças no Brasil podem ser, em sua maior parte, de iniciativa do governo, mas vão ter de ser arduamente negociadas com as duas casas do Congresso, com transparência total. Esta é a melhor garantia que um regime democrático pode oferecer.
O Congresso ganhou uma maior projeção nas últimas eleições brasileiras, o que é sinal da evolução política da população. Mas a nossa história republicana mostra que, nos períodos em que o País viveu em regime democrático-representativo, os presidentes que procuraram governar sozinhos se deram mal. Só Deus governa sozinho, como diz a sentença popular. A renúncia do presidente Jânio Quadros em agosto de 1961 não é o único exemplo de quanto pode ser ruinosa uma situação de conflito entre o Executivo e o Legislativo. Em outras circunstâncias, e apesar das denúncias que o envolveram, Fernando Collor deixou o poder no fim de 1991 basicamente por não ter estabelecido uma relação construtiva com o Congresso.
No segundo turno, os candidatos à Presidência devem detalhar as suas propostas, definir os caminhos para que o País possa criar empregos, elevar o nível de renda ou definir, em suma, os rumos do desenvolvimento futuro. E devem fazê-lo sem perder de vista a obrigação de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), respeitar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), bem como os compromissos assumidos no último acordo concluído com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Isso não só vai requerer paciência e persistência do chefe do Executivo, mas também testará a sua capacidade de negociar com o Congresso Nacional. Ainda no primeiro turno, por exemplo, todos os candidatos se disseram favoráveis a uma reforma fiscal-tributária, considerada indispensável por empresários e técnicos. Pode-se dizer mesmo que essa reforma corresponde a um anseio da Nação. Mas que tipo de reforma poderá ser realizada?
Diversas propostas têm sido apresentadas com esse objetivo. Se não progrediram, isso não pode ser atribuído exclusivamente à má vontade do atual governo, que se mostrou sempre mais preocupado em manter o nível de arrecadação. Essa é uma reforma m uito difícil, uma vez que envolve até mesmo o pacto federativo, além de complexas questões técnicas e operacionais. Não se deve esquecer ainda que, para cumprir as metas relativas ao superávit primário das contas públicas, o governo não poderá perder receitas, mesmo por um período limitado.
Assim, para que seja levada a efeito uma reforma satisfatória, o governo deve agir em sintonia com o Congresso. Em outros casos, como no da reforma da Previdência Social, será necessário mais do que isso: a sociedade deve ser ouvida, já que se trata de introduzir modificações que podem afetar diretamente a vida diária de milhões de cidadãos.
Tudo isso, a nosso ver, não compromete a governabilidade. Acreditamos, na realidade, que a governabilidade passa por uma convergência a partir do centro, o que não impede, em absoluto, que o presidente da República possa cumprir o seu programa de governo com ênfase no social, como o País está hoje a exigir.
O que se observa é que o Congresso reflete as forças vivas do País. Apesar da renovação havida nas duas casas, o Senado, na próxima sessão legislativa, contará com a experiência de um ex-presidente e de um ex-vice-presidente, além de 12 ex-governadores, o que significa fortes lideranças.
Na Câmara, embora 47% dos atuais deputados não tenham sido reeleitos, tendo crescido substancialmente a representação de alguns partidos, como o PT, o perfil não mudou. Não há no Congresso predominância de um grupo compacto à direita ou à esquerda, o que, em nossa opinião, é uma decidida vantagem. Se está claro que o presidente a ser escolhido em 27 de outubro terá de negociar, a composição do Congresso não exclui a possibilidade de um entendimento.
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10/10/2002
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