Pinacoteca volta a expor obras roubadas
Obras de Segall, Picasso e Di Cavalcanti estarão no museu a partir desta terça
A partir desta terça-feira, 26, as quatro obras roubadas da Estação Pinacoteca em junho voltam a ser exibidas ao público. Avaliadas em US$ 1 milhão, “Casal” (1919), de Lasar Segall, “O pintor e seu modelo” (1963) e “Minotauro, bebedor e mulheres” (1933) ambas de Pablo Picasso, e “Mulheres na janela” (1926), de Di Cavalcanti, foram recuperadas pela polícia paulista e voltam a partir de hoje a integrar a exposição Acervo da Fundação Nemirovsky: O Olhar do Colecionador.
A mostra apresenta cerca de 100 obras e abre espaço também para as relações do modernismo com o passado colonial, com os mestres europeus e com o popular, de maneira a criar múltiplas leituras. Na mostra podem ser vistos trabalhos de Di Cavalcanti, Brecheret, Portinari, Pancetti, Volpi Ismael Nery, Rego Monteiro, Guignard, Goeldi entre outros. A curadoria é de Maria Alice Miliet. A mostra tinha encerramento previsto para esta semana, mas agora continuará aberta ao público até o dia 5 de outubro.
A exposição
Ao percorrer a exposição o visitante acompanhará o desenvolvimento da arte moderna no Brasil através da produção de seus mais importantes artistas, entrevendo as relações do modernismo com o passado colonial, com os mestres europeus que revolucionaram a arte ocidental nas primeiras décadas do século XX e com o popular. Perceberá que gradualmente a preocupação pelo nacional na arte, tão cara aos modernistas, deixa de ser prioritária, acentuando-se o interesse pela plástica pura em detrimento do tema. Notará as simplificações formais e a chegada das “abstrações” em meados do século, depois seguidas da volta à representação figurativa de caráter pop, em sintonia com a arte internacional.
Esse percurso não é único, nem poderia ser. Não houve intenção explícita do colecionador no sentido de compor uma história da arte moderna brasileira. Entretanto, a partir de suas escolhas é possível reconstituir um momento alto do colecionismo brasileiro, atento para o valor da renovação do pensamento estético e sensível à afirmação da inteligência nacional. Essa sintonia com os ideais modernistas resulta na formação de importantes coleções que consagraram a arte moderna brasileira.
Estação Pinacoteca
O prédio onde funcionou, por mais de meio século, o Dops (Delegacia de Ordem e Política Social), no centro de São Paulo, recebeu o nome de Estação Pinacoteca e abriga parte do programa de exposições temporárias e as mostras infantis realizadas pela Pinacoteca durante o ano. Inaugurado em 1914, e projetado por Ramos de Azevedo para servir de armazém da Cia. Sorocabana, o prédio foi totalmente restaurado de acordo com projeto do arquiteto Haron Cohen. Hoje, o espaço de 8000m2 apresenta condições técnicas ideais para as atividades museológicas que comporta.
A Estação Pinacoteca oferece ao público diversos espaços expositivos, além do Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, assim denominado em homenagem ao casal paulista que foi grande incentivador da gravura no Brasil. O Gabinete conta com dois espaços expositivos, um ateliê de impressão, para desenvolvimento de projetos de artistas e oferece consulta pública ao acervo de 2000 gravuras pertencentes ao museu. O espaço abriga, ainda, um centro de memória para a preservação e pesquisa da história da própria Pinacoteca, que está em fase de organização.
O local onde ficavam confinados os presos no antigo prédio do DOPS deu lugar ao Memorial da Liberdade, que conta com quatro celas e um totem multimídia, onde o público tem acesso ao acervo de fichas e prontuários de pessoas que passaram por lá, como Monteiro Lobato e Mário Covas, ou tiveram seu nome registrado na época da ditadura, como o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ator Paulo Autran. Esse espaço está hoje sob responsabilidade do Arquivo do Estado de São Paulo. Consolidando também o papel educativo desempenhado pelo Museu, são desenvolvidas na Estação Pinacoteca atividades de capacitação de professores.
Serviço
Estação Pinacoteca
Largo General Osório, 66 – Luz
Telefone: 11 3337 0185
Aberta de terça a domingo, das 10 às 18h. Bilheteria até as 17h30
Entrada: R$ 4,00 e 2,00 (meia), grátis aos sábados.
Manoel Schlindwein com Pinacoteca do Estado
08/26/2008
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