Pinguelli alerta para aumento de emissões de gases que produzem o efeito estufa pelo setor elétrico



As emissões pelo setor elétrico brasileiro de gases que produzem o efeito estufa vão aumentar nos próximos anos por causa da contratação de novas usinas termelétricas, em lugar das hidrelétricas. O alerta foi feito nesta quinta-feira (23) pelo secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, durante audiência pública da Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas realizada no auditório da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

- O Brasil está indo na contra-mão na área ambiental, pois está saindo das hidrelétricas para coisas piores. Isso é o resultado dos últimos leilões de energia, uma vez que o mercado age cegamente e isso, ambientalmente, não é muito bom - disse Pinguelli Rosa, durante a audiência que foi presidida pelo deputado Sarney Filho (PV-MA) e contou com a presença do presidente da comissão, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), além dos deputados Augusto Carvalho (PPS-DF) e Dr. Adilson Soares (PR-RJ).

Na opinião de Gomes, a comissão deverá atuar como foro de debate sobre essa questão, uma vez que o atual modelo de leilões de energia, a seu ver, está "equivocado". O presidente da comissão disse ainda que o Brasil está atrasado na definição de uma legislação de combate ao aquecimento global, em relação a outros países.

Durante a sua palestra, Pinguelli observou que as hidrelétricas - que emitem menos gases que produzem o efeito estufa - ainda podem ser consideradas como a "opção natural do Brasil". As dificuldades na obtenção de licenciamento ambiental, porém, estariam afastando novas usinas hidrelétricas dos leilões para compra de energia.

O professor defendeu o estímulo a fontes alternativas de geração de energia elétrica, como a eólica e a proveniente do uso de biomassa. Ele informou que deve ser montada em breve pela Coppe, no Ceará, uma usina piloto de geração de energia a partir do movimento das ondas dos mares. "Este é um ovo de Colombo", definiu Pinguelli, ao informar que o potencial para geração de energia a partir das ondas pode vir a ser o equivalente a toda a energia produzida atualmente no país.

Ainda durante a audiência, o consultor Roberto D'Araujo atribuiu a falta de usinas hidrelétricas nos leilões à descontinuidade de estudos ambientais. Ele recordou que são necessários quase seis anos de estudos para que novas usinas possam entrar nos leilões e lamentou que não existam atualmente muitos projetos já estudados "na prateleira, para oferecer aos investidores".

O coordenador-executivo do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Climáticas, Marcos Freitas, defendeu a regulamentação do uso de águas para geração de energia elétrica em terras indígenas. Ele informou que no Canadá, onde já existe essa regulamentação, as populações indígenas recebem royalties pela geração de energia. Com isso, disse ele, voltou a crescer o número de índios nas comunidades beneficiadas.



23/08/2007

Agência Senado


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