Poeta debate “Poesia e Música na Amazônia” no Inpa



Música, poesia e ciência. A associação desses três elementos conduziu, nesta quarta-feira (6), os debates do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA) um fórum permanente e multidisciplinar do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI), que visa analisar questões relevantes para a região e a socialização da ciência. Nesta rodada, a 31ª reunião do Grupo, a palestra ficou a cargo do poeta, escritor, músico e compositor Celdo Braga, 61. 

Para discutir o tema Poesia e Música na Amazônia, Braga falou sobre a relação do saber tradicional com o saber científico, base para alguns trabalhos do artista como o DVD o “Poeta e o Passarinho” e o livro “Estações”, e a necessidade de se estabelecer um outro olhar para aquilo que nos pertence. 

“É impossível o trabalho artístico está dissociado da ciência, que é um recurso que ampara. O nosso violão, por exemplo, é feito com madeiras daqui, mas em situações especiais temos de ter tecnologias para que possa ressoar melhor a sonoridade intrínseca da nossa madeira”, disse Braga, que é formado em Letras (PUC-RS) e tem 31 anos de carreira, 23 CDs gravados, 12 livros publicados e um diálogo poético com a natureza, “matéria-prima” para suas obras.    

Para a produção do DVD, lançado em setembro último, Braga contou com o apoio do pesquisador do Inpa Mário Cohn-Haft, um dos autores da enciclopédia “Handbook of the birds of the world” (Enciclopédia de pássaros do mundo em tradução livre). A obra descreve a descoberta de 15 novas espécies de aves na Amazônia, a partir do reconhecimento de aves usando três técnicas: morfologia, vocalização e genética. 

“A partir dessa relação do saber tradicional com o científico, tive o suporte do Cohn-Haft que me ofereceu várias gravações de pássaros e passei a usar o fraseado dos pássaros como encadeamento musical”, revelou. 

Durante o encontro, embalado por música e poesia, o artista amazonense passeou ainda pela sua infância em Benjamin Constant, região do Alto Solimões, pela sonoridade que vem da floresta e que ele busca traduzir nas músicas do Grupo Imbaúba – um projeto artístico de temas Amazônicos -, além de mergulhar no tempo presente com uma atitude sociopolítica e cultural de fortalecimento da identidade do amazônida. 

Criado em 2007 pela atual diretoria do Inpa, o GEEA é um canal aberto e dinâmico de interlocução com a sociedade, que busca compartilhar ideias, experiências e visões sobre temas relevantes para a Amazônia, do ponto de vista científico, ambiental e socioeconômico. 

De acordo com o secretário executivo do GEEA, Geraldo Mendes, a presença de Celo Braga na reunião constitui-se um momento marcante na trajetória do Grupo, servindo para consolidar a aliança da Ciência com a Arte, duas das mais expressivas criações humanas. 

“O Celdo e o grupo trouxeram coisas muito singulares. Ao invés de um palestrante que veio falar de um assunto só, ele abordou de forma integrada geografia, botânica, antropologia, geopolítica, educação. Ele não trouxe um assunto científico, mas um assunto de ciência integrado com música e poesia, que é algo muito especial”, disse Santos. 

GEEA 

O Grupo é formado por pesquisadores, professores, gestores, executivos, militares, religiosos, poetas e outras categorias profissionais. “Seu escopo é uma visão ampla e integrada da realidade Amazônica, sob a égide da amizade intelectual e do desejo de integrar e socializar o conhecimento sobre esta região estratégica para o Brasil e o mundo”, disse Santos.

Cerca de 100 pessoas participam como membros do GEEA, que é coordenado pelo diretor do INPA, Adalberto Luis Val. Até o momento já foram realizadas 30 reuniões, cada uma tratando de um tema específico, como Biodiversidade, Recursos pesqueiros, Geodiversidade, Educação, Humanismo, Recursos pesqueiros, Ciência & Religião, Ecopolítica, O papel do Estado e Segurança Nacional na Amazônia.

Além das reuniões, o principal resultado da atividade do Grupo é a obra denominada Caderno de Debates do GEEA, que vem sendo publicada em série, e já está indo para o sexto volume. “Estamos seguros que ela vem-se constituindo em valiosa fonte de consulta por parte de professores, estudantes e qualquer cidadão interessado no assunto”, revelou Santos.

Os interessados poderão fazer download no site do Inpa, no item publicações ou adquirir os exemplares impressos na Editora do Inpa. Cada título impresso custa R$ 20.

Fonte:
Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia



07/11/2013 18:29


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