População de SP está fazendo mais denúncias pelo 181



Só em dezembro foram feitas 4.764 denúncias

Na tarde do dia 6 de janeiro deste ano, o Disque Denúncia recebeu a informação de que uma mulher estava sendo mantida em cativeiro em uma casa, no bairro Parque Esplanada, em Embu, Grande São Paulo. O autor da denúncia disse que viu dois homens entrando e saindo constantemente, e um outro que ficava na porta vigiando. A partir das informações registradas pelos atendentes do programa, que é realizado por meio de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Segurança e o Instituto São Paulo Contra a Violência, os policiais civis e militares que fazem plantão no Disque Denúncia encaminharam o caso para a Seccional de Tabõao da Serra. Os agentes foram até o local, libertaram a vítima sem ferimentos e prenderam uma pessoa.

Segundo o delegado João Crusca, responsável pela coordenação da Polícia Civil no serviço, a mulher havia sido seqüestrada um dia antes, no bairro Jardim São Luiz, zona sul de São Paulo. “A gente encaminhou a denúncia para a Seccional de Taboão da Serra e mandamos para o pessoal do Deic também. Conferimos tudo e era verdade, a mulher foi salva e um homem foi preso”, relata.

Para o delegado, casos como esse, que são solucionados a partir de informações passadas pelo telefone 181, fazem com que a população acredite e denuncie mais. “No início era bem difícil, as pessoas não acreditavam que a denúncia ficava anônima, agora é diferente, elas percebem que nós queremos somente a informação e passam a confiar”, ressalta.

Sigilo e confiança

O programa, iniciado no ano de 2000, foi criado com o intuito de oferecer para a sociedade um serviço seguro e que garanta a privacidade do denunciante. Por meio de um sistema que impede a identificação do número de telefone, é impossível localizar a pessoa que fez a ligação para o 181.

Para a tenente da Polícia Militar Lílian Costa Machado, coordenadora em exercício da PM no serviço, o Disque Denúncia ganhou a confiança das pessoas solucionando os casos. “Depois de sete anos, as pessoas perceberam que o serviço é sério. É uma relação de confiança, elas ligam e começam a ver os resultados e acham bom ter um órgão para falar, sem correr riscos”, reforça.

De acordo com a tenente, os casos mais denunciados são os de tráfico de drogas. Em 2007, foram 46.346 casos ligados ao tráfico de drogas, quase 36% dos telefonemas. Um cita um dos casos resolvidos, em outubro do ano passado, a partir de uma denúncia sobre um casal que usava adolescentes no tráfico drogas, na cidade de Itapeva. A polícia local foi à residência e prendeu a dupla com porções de maconha, envolvidas em sacos plásticos e prontas para serem vendidas, além da quantia de 1.380 reais.

“As pessoas que denunciam os traficantes, denunciam porque não estão envolvidas e se sentem incomodadas por morarem em um bairro em que o tráfico é constante”, afirma a tenente Lílian. Ela ainda lembra de outra denúncia sobre tráfico, na região do Jabaquara, zona sul, feita no dia 8 de dezembro do ano passado. Na ocasião uma pessoa foi detida com 80 invólucros de cocaína.

128 mil denúncias

Em 2007, o serviço registrou 128 mil denúncias, 16,4% a mais que no ano de 2006. Só no mês de dezembro, os paulistanos fizeram 4.764 denúncias. Do início do programa, em 2000, até dezembro de 2007, foram presas em flagrante 27.902 pessoas, apreendidas 5.040 armas, recapturados 3.411 fugitivos, recuperadas 237 cargas e solucionados 94 seqüestros, além de 1.524 postos flagrados vendendo combustíveis adulterados.

“O Disque Denúncia centralizou as informações, a pessoa liga da rua, faz a denúncia que quiser, e não precisa se identificar. E daqui a pouco a polícia vai lá e resolve o caso, daí começa a acreditar que funciona e passa a comentar com os outros que o serviço dá certo”, afirma o delegado Crusca. Ele informou que cerca de 25 funcionários recebem as denúncias e repassam para os 40 policiais (20 da Civil e 20 da Militar), que trabalham no Disque Denúncia.

Em 2007, os cinco crimes mais denunciados foram tráfico de entorpecentes; jogos de azar; maus tratos a crianças; complemento (que é quando a pessoa liga novamente para passar outras informações sobre a denúncia feita) e procurados pela Justiça. Em 2006, os jogos de azar ocupavam o 14º lugar nos casos mais denunciados, com 1.277 ligações. No ano passado, passaram para o segundo lugar, com 27.176. De acordo com Crusca, o aumento se deve a Operação Furacão, que fechou diversos bingos.

Maria Fernanda Teperdgian

Da Secretaria Estadual de Segurança Pública

(I.P.)



01/30/2008


Artigos Relacionados


O que o Brasil está fazendo

O que o Brasil está fazendo para conservar a biodiversidade

Não há nada parecido com o que o Brasil está fazendo, diz ministra Campello

Marisa Serrano: Lula está fazendo campanha há quase um ano

Gomes diz que Estado está fazendo sua parte no combate à violência

Mais da metade da população paulista está acima do peso