Por falta de acordo, CAE adia votação de empréstimos para Acre e Ceará



Por falta de acordo, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) adiou a votação de duas solicitações de autorizações de empréstimos que estavam na pauta nesta terça-feira (18): US$ 72 milhões para o Acre e US$ 66,5 milhões para o Ceará, ambos com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A polêmica começou quando o senador Ivo Cassol (PP-RO) pediu vista (tempo para análise) da mensagem da presidente Dilma Rousseff que beneficia o Acre, sob o argumento de que o estado merece recursos a fundo perdido, e não empréstimo, por sua contribuição à preservação ambiental. Cassol justificou que pretende analisar melhor a matéria.

O senador Sérgio Petecão (PSD-AC) apoiou o pedido de vista e anunciou sua disposição de discutir "saídas para o Acre", que, segundo ele, passa por grandes dificuldades. Os problemas vividos pelo estado, segundo ele, estão expressos inclusive no relatório da Secretária do Tesouro Nacional (STN), que o classificou na categoria C*3, "não atendendo, assim, os indicadores de endividamento e de serviços da dívida".

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) afirmou que o caso do Acre, como dos demais estados que pleiteiam empréstimos, é analisado detidamente pela STN e sugeriu que o órgão explique na CAE o significado de seus indicadores de endividamento. Pouco antes da polêmica, o relator, senador José Pimentel (PT-CE), havia dito que a STN entendeu que o Acre apresenta capacidade financeira para contratar a operação.

O senador Aníbal Diniz (PT-AC) contestou a declaração de Petecão, assegurando que o Acre está adimplente (em dia) com suas obrigações financeiras, e pediu a Cassol que retirasse seu pedido de vista, para permitir a votação do empréstimo.

– Se o senador Petecão votar contra seu estado, vai inaugurar algo inédito aqui [na CAE]. Até hoje não vi nenhum senador votar contra financiamento para seu estado – acrescentou, sugerindo levar ao conhecimento da população do estado a posição do parlamentar do PSD.

Em resposta, Petecão afirmou que está acostumado com "essas ameaças" no Acre e garantiu que não era sua a avaliação sobre as finanças do estado, mas do Tesouro Nacional:

– O estado não tem condições de contratar, nem de pagar [o empréstimo] - afirmou.

Reação

Considerando o Acre prejudicado, Aníbal anunciou que solicitaria vista de todos os pedidos de empréstimos com classificação semelhante. E foi o que fez no exame da mensagem seguinte, que pleiteava autorização para operação entre o BID e o Ceará no valor de US$ 66,5 milhões.

A iniciativa causou insatisfação ao senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que apoiava o Acre e cobrou de Aníbal reciprocidade no tratamento. O senador, que é líder do PMDB, disse que não permitiria que "uma briga política" do Acre prejudicasse seu estado, o Ceará.

O senador Romero Jucá (PMDB-CE) ponderou que "um erro não justifica o outro" e advertiu que os pedidos de vista conflagravam o ambiente político na comissão. Pediu a Aníbal que revisse sua posição, diante do compromisso de se votar o empréstimo para o Acre na reunião seguinte da CAE, qualquer que seja a posição de Cassol e de Petecão.

O senador acriano permaneceu irredutível na solicitação de vista, e o presidente da CAE, senador Lindbergh Farias (PT-AC), concedeu vistas coletivas para os dois pedidos.

Desenvolvimento

O dinheiro para o Acre deverá financiar o programa de desenvolvimento sustentável do estado, que prevê a inclusão socioprodutiva de 60 mil famílias, com a elevação média de 12% da renda das comunidades em cinco anos.

Nesse prazo, conforme previsão do governo do Acre, o chamado "PIB florestal" deverá crescer 6%, sem novos desmatamentos no estado. Uma das estratégias para aumentar a participação do setor florestal na economia sem derrubar novas árvores é elaborar modelos e planos de negócios que não agridam o meio ambiente.

A operação de crédito em favor do Ceará tem como objetivo viabilizar o desenvolvimento socioeconômico do interior, como estratégia para desconcentrar o crescimento populacional da capital.

O dinheiro deverá financiar o Programa de Desenvolvimento Urbano de Polos Regionais, com o qual o governo do Ceará pretende reduzir o déficit de infraestrutura, simplificar o registro de empresas e diminuir deficiências no planejamento, gestão fiscal e gerenciamento de projeto de cidades com capacidade de dinamizar o desenvolvimento de determinadas regiões.



18/06/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


Falta de acordo adia votação da LDO para esta quarta-feira

Falta de acordo adia votação da minirreforma eleitoral para a próxima semana

Falta de acordo adia votação do PLV que abre crédito extraordinário para projetos do PAC

Falta de acordo adia votação do Orçamento

Falta de acordo adia votação de substitutivo sobre projetos para definir política de saneamento

Falta de acordo adia votação de créditos suplementares