Preços ao produtor: queda de 3,87% na terceira quadrissemana
A crise financeira internacional produziu impacto nas bolsas de mercadorias
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR) registrou queda de 3,87% na terceira quadrissemana de setembro, segundo o Instituto de Economia Agrícola, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimentoo (IEA/Apta/SAA). O maior recuo ocorreu nos preços dos produtos vegetais (4,65%), enquanto os de origem animal tiveram variação negativa de 1,93%.
As maiores quedas foram observadas nos preços da batata (49,87%), do trigo (29,34%), laranja para indústria (21,37%), banana nanica (15,05%), laranja para mesa (9,42%), milho (8,97%), ovos (8,42) e leite tipo B (7,71%). Os pesquisadores explicam que o comportamento do preço da batata é conseqüência da boa produção no período, em virtude do clima favorável. O aumento da produção de ovos e a boa oferta do leite tipo B contribuíram para a retração das suas cotações. No caso do leite, também estão presentes os reflexos da realidade internacional.
“A crise financeira internacional, com a retração da liquidez corrente e a fuga dos investidores do mercado de commodities para se protegerem nos mercados de títulos públicos, produziu impacto nas bolsas de mercadorias. Isso afetou o mercado físico de curto prazo, representado pelos preços recebidos. É o caso do trigo, cuja queda dos preços e bons estoques das indústrias têm pressionado a cotação para baixo. Quanto ao milho, à diminuição dos preços internacionais aliou-se à boa disponibilidade do produto no mercado interno, levando a cotações mais baixas”, dizem.
“A laranja para indústria sentiu o reflexo do recuo nas cotações internacionais do suco, pressionadas pelo menor consumo e a concorrência de sucos de outros sabores e prontos, o que contribuiu para a redução nos preços internos da fruta”, complementam Eder Pinatti, Raquel Sachs, José Alberto Ângelo, José Sidnei Gonçalves e Luis Henrique Perez.
As altas mais significativas foram verificadas nos preços do feijão (3,59%), do café (1,86%), soja (0,85%), arroz (0,75%), amendoim (0,31%) e cana-de-açúcar (0,20%). De acordo com os pesquisadores, o final da colheita do feijão nas regiões produtoras do Estado e a oferta moderada pela lenta entrada das colheitas de inverno, numa situação de consumo aquecido face ao processo de mobilidade social vivido no Brasil, refletiram nas cotações do produto. Dependendo do ritmo da entrada de feijão novo da safra de inverno, os preços recebidos podem sofrer aceleração de alta nas quadrissemanas seguintes.
“No caso do café, há certo movimento de recuperação, mas a partir de um patamar proporcionalmente baixo, por exemplo, em relação às mercadorias do complexo soja. Em plena crise mundial, o produto ficou fora do boom de preços das commodities agropecuárias no mercado internacional, fato que ocorreu também com o açúcar”.
Da Secretaria de Agricultura e Abastecimento
09/29/2008
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