Prefeitos do PDT lançam apoio a Tarso Genro










Prefeitos do PDT lançam apoio a Tarso Genro
Treze prefeitos do PDT e um do PSDB, 12 vice-prefeitos, 27 presidentes de diretórios municipais, dez ex-prefeitos, 78 vereadores, além de ex-vereadores, secretários e lideranças municipais do PDT declararam apoio à candidatura de Tarso Genro ao governo do Estado, contrariando determinação da direção regional, em solenidade ontem pela manhã, no comitê em Porto Alegre.

A sala ficou pequena para a quantidade de filiados trabalhistas que abriu o voto para o candidato da Frente Popular. No encontro, eles entregaram a Tarso uma Carta Aberta com 489 assinaturas, explicando a decisão.

"Se perdemos a candidatura própria da legenda do PDT, não perdemos contudo os ideais que orientam a nossa luta", dizia o documento.

Os discursos foram marcados pelas críticas à "incoerência" da executiva regional pedetista, e ao presidente nacional do partido Leonel Brizola, de apoiar Antônio Britto (PPS). Na eleição de 1998, 26 prefeitos do PDT foram expulsos por votar no ex-governador, e não no PT.

Representando os prefeitos presentes, Geraldo Mânica, justificou que a candidatura de Tarso "se define e alinha com a ideologia do PDT". Segundo ele, Britto está identificado com o neoliberalismo e a diminuição do Estado. Elogios ao governo Olívio, que estava presente no ato, também foram uma unanimidade.

"Precisamos dar continuidade ao trabalho de Olívio, que ajeitou a casa", argumentaram as lideranças.

Tarso concluiu os discursos garantindo aos pedetistas participação no governo, caso seja eleito. "Primeiro, recebemos o apoio eleitoral. Depois, asseguramos participação na administração para que possamos construir juntos um projeto alternativo de afirmação do Rio Grande", afirmou.

Prefeito município
- Eurico A. Zancam Campo Novo
- Antônio Alexis Trescastro Cerro Grande do Sul
- Geraldo Mânica Estrela
- Liceu Paulo Caye Feliz
- Guiomar Wingert Linha Nova
- Irineu Fantin Mariano Moro
- Crespin Antônio Rizzi Mato Castelhano
- Jorge Hoerlle Pareci Novo
- Lindomar Elias Salto do Jacuí
- Orestes Goulart Santa Margarida do Sul
- Amado P. dos S. Neto São José das Missões
- Délcio Huguentobler Taquara
- Gilmar Mühl Tio Hugo
Vice-prefeito município
- Celso Casagrande Anta Gorda
- Luiz Carlos Finato Ibirapuitã
- Josué Alves da Silva Lajeado do Bugre
- Cleimar da Rosa Mariano Moro
- Oregino José Francisco Pareci Novo
- Gélcio Martinelli Novo Xingú
- Osvaldo Dickel Pontão
- José Bazzo Rondinha
- Dilso de Moraes Weber São José das Missões
- Marlene Anschau São Pedro do Butiá
- Ulisses Afonso Toazza Sarandi
- Eva Nunes Taquara


Pedetistas esperam posição de Brizola
A cúpula pedetista reuniu-se ontem na sede estadual do partido para analisar o apoio de algumas lideranças ao candidato da Frente Popular, Tarso Genro, contrariando decisão oficial de apoio ao candidato Antônio Britto, depois da desistência da candidatura de José Fortunatti. Nereu D'Ávila, secretário geral do PDT no Estado, afirmou que o partido - através da Executiva Estadual e do Conselho Político - decidiu encaminhar o assunto à Comissão de Ética. "Vamos agir em conjunto", declarou. Ele lamenta pelos seus companheiros: "O apoio parte de municípios muito pequenos, que eu nem sequer sabia que existiam, como Benjamim Constante do Sul, sem querer menosprezar". Apesar do número de adesões trabalhistas ao petista serem expressivas, Nereu D'Ávila acredita que qualitativamente o apoio é inexpressivo. O presidente estadual do PDT, Pedro Ruas, não participou da reunião, por estar cumprindo roteiro no interior do Estado.


Terceiro Fórum Social Mundial será descentralizado
As principais novidades do terceiro Fórum Social Mundial (FSM), de 23 a 28 de janeiro de 2003, em Porto Alegre, será o processo de mundialização do evento e a descentralização dos ciclos de debate. Nos meses que antecedem o encontro, serão realizados fóruns regionais na Europa, na Ásia e entre os países amazônicos.

Também está em discussão a realização de um Fórum Temático Palestino, cujo tema é a militarização de conflitos no Oriente Médio.

Conforme o coordenador do comitê nacional do FSM, Gustavo Codas, cerca de 100 mil pessoas deverão participar da terceira edição. Ontem, ocorreu a cerimônia de lançamento do Fórum 2003, com a participação do governador Olívio Dutra, do prefeito João Verle e de representantes de organizações não-governamentais, entre elas a Public Eye, de Davos (Suíça), que expuseram sua bandeira durante a apresentação. A ONG suíça, sediada na cidade em que se realiza anualmente o Fórum Econômico Mundial, tem como bandeira a luta contra a globalização e a hegemonia do capital. "No primeiro Fórum, criticamos o modelo neoliberal. No segundo, buscamos alternativas ao capitalismo. Agora daremos ênfase à falência do modelo neoliberal e diremos não à política armamentista do governo norte-americano", acrescentou Codas.

As atividades do Fórum Social Mundial serão realizadas na PUC, nos armazéns do Cais do Porto, Gigantinho e Auditório Araújo Vianna, na Capital. O Acampamento da Juventude deverá reunir cerca de 30 mil pessoas.

As discussões serão baseadas em cinco eixos temáticos: Desenvolvimento Democrático e Sustentável; Princípios e Valores, Direitos Humanos e Diversidade; Mídia, Cultura e Contra Hegemonia; Poder Político, Sociedade Civil e Democracia; e Ordem Mundial Democrática e Paz. Também serão organizadas "Mesas de Diálogo e Controvérsia", com representantes de governos, órgãos da ONU e partidos políticos.

A iniciativa do FSM fez com que diversos fóruns regionais fossem difundidos. Em novembro, haverá o Fórum Social Europeu, em Florença, na Itália. Em janeiro, o Fórum Social Asiático, em Hyderabad, na Índia (entre os dias 2 a 7), e o Fórum Social Pan-Amazônico, em Belém (PA), entre os dias 16 e 19.

As inscrições para o Fórum Social Mundial podem ser feitas pela Internet no site www.forumsocialmundial.org.br.

RETRANCA
Europeus copiam modelo gaúcho
O modelo de organização das edições do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, serviu de inspiração para um similar na Europa. A afirmação é da italiana Nadia de Mondi, coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres e representante do Fórum Social Europeu (FSE), que será realizado em Florença, na Itália.

Segundo Nadia de Mondi, os debates servirão para discutir propostas de políticas sociais para a União Européia. Os temas em debate serão: Guerra e Paz; Neoliberalismo e Alternativas; e Democracia & Cidadania. "A Europa precisa de respostas unificadas para estes temas", destacou a coordenadora. "Será o grande momento de união da resistência européia à globalização." O FSE pretende reunir 30 mil participantes entre os dias 7 e 10 de novembro.


Dólar atinge R$ 3,575 e atinge novo recorde
O dólar rompeu a barreira dos R$ 3,50 e atingiu o novo recorde do Plano Real cotado a R$ 3,575. O dia do mercado financeiro foi marcado pela tensão. A moeda norte-americana já abriu os negócios pressionada e se manteve em alta durante todo o dia. Mesmo após as intervenções do Banco Central, a escalada foi de 4,99%.

Ajudou a elevação do risco-país (Embi+), calculado pelo JP Morgan. O índice superou a casa dos 2 mil
pontos e chegou a subir mais de 10%.

Na cotação atual, o real se aproxima do valor do peso argentino, quase nove meses depois de o país vizinho ter desvalorizado a moeda. Na Argentina, o dólar era cotado ontem a 3,53 pesos para compra e 3,61 pesos para venda. Já no Brasil, nem a venda direta de dólares acalmou a procura. O BC também entrou com a venda de linhas de financiamento à e xportação no total de US$ 48,8 milhões. "O mercado financeiro está assustado.

Depois de romper os R$ 3,50 qualquer cotação já não é difícil de alcançar", diz o diretor da Pioneer Corretora, João Medeiros. Ajuda a pressionar o vencimentos de US$ 1,52 bilhão em títulos cambiais amanhã, que não foram rolados pelo Banco Central. Quanto maior a formação da ptax (taxa média calculada pelo BC) hoje, mais as instituições que detém esses papéis ganham.

Para o diretor da Corretora Souza Barros, Carlos Alberto Abdalla, a briga pela formação da ptax é secundária.

O mais importante no momento é a busca por proteção, tanto no mercado interno quanto por parte dos investidores estrangeiros. "Esse mês não é o mais complicado em termos de vencimentos. O pior será outubro", afirma.

O volume negociados é quase todo voltado para saídas, que em média somam US$ 80 milhões por dia.

"Entrou o dinheiro do FMI e continuamos perdendo reserva. Se continuar assim serão sucessivos recordes", lembra Medeiros. Ele estima que, caso Lula ganhe no primeiro turno e o nome indicado para o Banco Central não seja aprovado pelos investidores, a moeda poderá superar a casa dos R$ 4,00.

Os principais títulos brasileiros negociados no exterior, C-Bonds, despencaram 4,71% e fecharam a 51,87% do valor de face. Com fraco volume financeiro, R$ 358.589 milhões, a Bovespa viu o principal índice despencar 3,35%. Aos 9.264 pontos, o Ibovespa está no quinto pior nível do ano e um pouco acima do patamar de 9.200 pontos, alcançado em março de 1999, dois meses depois da desvalorização do real.

Além da preocupação com o crescimento do candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na pesquisa eleitoral divulgada pela Datafolha no fim de semana, prevalece o nervosimo do mercado externo. Os investidores começam a colocar no preço dos papéis a possível eleição de Lula no primeiro turno.

"Independente das boas intenções do PT, a aversão ao risco nesse momento é muito forte", explica o vice-
presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec Nacional) e diretor da Ágora Sênior, Álvaro Bandeira.

A tendência é de que o mercado financeiro permaneça volátil e com baixos volumes negociados. O diretor de mesa da Solidus Corretora Émerson Lambrecht lembra que prevalece a expectativa com relação à nova pesquisa do Ibope que será divulgada nos próximos dias. "A semana vai ser tensa para os investidores", acredita.

Relatório do governo dos EUA faz
bolsas mundiais despencarem
O mercado financeiro internacional viveu um novo dia de fortes perdas. O Nasdaq despencar 2,96%, para o nível mais baixo desde 12 de setembro de 1996. O índice Dow Jones recuou 1,43% e quase atingiu o patamar mais baixo do ano. Este é o terceiro pregão consecutivo que o encerramento fica abaixo dos 8.000 pontos.

Qualquer nova queda fará o índice voltar aos nível de agosto de 1997. Já o S&P 500 encerrou apenas 36 pontos acima da mínima do ano, caso romper essa faixa, estará no mesmo preço que em abril de 1997.

As quedas foram provocadas pela divulgação de um relatório do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, que confirmou que a desaceleração econômica. O documento índice Principais Indicadores (Leading Indicator), da economia norte-americana, recuou 0,2% em agosto, para 111,47 pontos. A previsão dos analistas era de um recuo de 0,1%. O relatório é composto por 12 indicadores econômicos desenvolvidos.

As principais Bolsas européias também fecharam com fortes quedas ontem e voltaram para o menor nível em cinco anos. Em Londres, o FTSE perdeu 3,13%, para 3.739,4 pontos. O Dax, da bolsa de Frankfurt desabou -4,94% e o CAC40 de Paris, 3,34%. Prevalece o medo de que haja um conflito entre o Iraque e os Estados Unidos. O Iraque anunciou que não vai aceitar uma nova resolução da ONU sobre inspeções de armamentos, que os EUA estariam para propor no Conselho de Segurança da organização. O conflito entre os dois países contribui para o agravamento da recessão mundial. Além disso, ontem surgiram novas confirmações de que os lucros de algumas empresas serão menores do que o estimado.


Governo anuncia investimento de R$ 23 milhões
O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Agricultura, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, anunciam hoje, às 15h30, no Palácio do Planalto, três programas de apoio ao setor agrícola. Com recursos que somam R$ 23 milhões, o governo federal irá incentivar o uso do calcário nas lavouras, a implantação de viveiros de mudas florestais, além de ampliar a rede de assessoria técnica e transferência de tecnologia a produtores rurais. Os incentivos vão beneficiar principalmente os pequenos agricultores.

O Programa de Incentivo à Correção da Acidez do Solo visa aumentar a produtividade no campo e a renda do agricultor. A meta inicial é atingir 1 milhão de hectares, beneficiando produtores que explorem pequenas propriedades e que tenham na atividade agropecuária sua principal fonte de renda. Cada produtor poderá obter até R$ 720,00 para fazer análise do solo, adquirir, transportar e aplicar o corretivo agrícola.

Terão prioridade para enquadramento no programa produtores de municípios que desenvolvam ações de apoio à obtenção de corretivos agrícolas, tenham projetos de microbacias hidrográficas e Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural.

Para ampliar a oferta de mudas de árvores florestais em todo o País, o governo está lançando também o Programa de Incentivo à Implantação de Viveiros Florestais. A ação irá apoiar projetos de fomento florestal para atender à demanda crescente de madeira no mercado interno e externo, contribuindo com a geração de emprego e renda no campo. O objetivo é produzir 100 milhões de mudas de qualidade.

Serão beneficiadas com recursos do programa cooperativas, associações de produtores, centros de pesquisa públicos ou privados, instituições de ensino superior e escolas técnicas, públicas e privadas, da área de Ciências Agrárias. Também poderão participar do programa escolas técnicas agrícolas, sindicatos rurais e suas federações.

No terceiro programa, o de Incentivo à Assessoria Técnica Rural, o governo estimulará a implantação de núcleos técnicos de assessoria qualificada a agricultores e ações inovadoras. Este modelo propiciará a criação de uma rede que liga sistemas de pesquisa agropecuária e agroindustrial a profissionais de extensão rural e produtores. O acesso do produtor à assessoria técnica estimulará a sua profissionalização, com melhoria da qualidade de vida e geração de renda.


Novo mecanismo do FMI pode encarecer empréstimos
O governo brasileiro vê com reservas a proposta de criação, no Fundo Monetário Internacional (FMI), de um mecanismo de ajuda na reestruturação da dívida de países soberanos em situação de crise. Teme-se que, ao estabelecer novas regras, a proposta torne os credores ainda mais cautelosos e os empréstimos, mais caros.

A proposta, que está sendo formulada pela vice-diretora gerente do FMI, Anne Krueger, poderá ser discutida na reunião anual da instituição, que ocorre neste fim de semana. "Nosso receio é que ela acabe contribuindo para manter baixo o fluxo de capitais para países emergentes", disse o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixador Marcos Caramuru de Paiva.

A proposta de Krueger envolve a criação de uma espécie de tribunal que poderia intermediar as negociações dos países com seus credores, em caso de uma reestruturação de dívida. Nos anos 80 até o início dos 90, esse tipo de conversa era feita entre autoridades governamentais e um comitê de bancos credores, que representavam a grande maioria dos detentores dos papéis do país. No entanto, agora o leque de credores é muito mais amplo, o que torna esse mecanismo negociador menos eficiente. A idéia é, portanto, criar uma instância no FMI que ajude a organizar as negociações.

O Brasil vê com mais simpatia a proposta do subsecretário para Assuntos Internacionais do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, John Taylor. Ele acha que as relações entre credores e devedores podem ficar mais organizadas apenas com a adoção de regras mais claras nos contratos de emissão dos bônus da dívida.

O mecanismo de reestruturação de dívida é apenas parte de uma discussão mais ampla prevista para a reunião anual, que é a discussão sobre o papel do FMI. Do ponto de vista de países emergentes como o Brasil, a principal queixa é que eles continuam vulneráveis a crises internacionais, a despeito de haverem melhorado "brutalmente" suas políticas nacionais.


Artigos

Os desafios da cultura
Luiz Marques

É positivo para a democracia que, num período eleitoral, as gestões administrativas das pastas de Cultura da prefeitura de Porto Alegre e do governo do Estado sejam avaliadas pelos adversários da Frente Popular. Que as críticas não incidam sobre as políticas culturais é um indicador da correção de rumos em ambas as esferas federativas. É, igualmente, o que explica o deslocamento da discussão para o tema do financiamento das atividades do setor no artigo que Fernando Schüller escreveu neste espaço ("A cultura precisa de recursos?", 13/09). O equívoco, no caso, esteve em formular um juízo a partir da lacuna entre o que foi aprovado na LIC e o que os produtores culturais conseguiram captar. Schüler chama de "perda" esta diferença, sem atentar para o ambiente de crise econômica provocada pela política de juros altos e pelas conseqüências da falsa paridade do real com o dólar, que levou a uma retração generalizada dos investimentos. Incorre, assim, num reducionismo ao abstrair a situação nacional das conclusões a que chega. O esclarecimento dos (e)leitores, contudo, não se dá por conjecturas contábeis sem correspondência na realidade financeira do País. Exige antes uma contextualização da conjuntura. Na verdade, a captação pela LIC cresceu no Rio Grande do Sul, em comparação com o governo anterior. Foram R$ 11.193.351,96 em 1999, R$ 23.835.490,21 em 2000 e R$ 23.111.124,90 em 2001, num total de R$ 58.139.967,07 captados em um sistema moralizado para evitar o desperdício de receitas e sob o controle público de um Conselho Estadual de Cultura, responsável pelas decisões de mérito dos projetos, com representatividade ampliada nos diversos segmentos. Somando-se estes números à dotação orçamentária destinada à Sedac e fundações vinculadas (R$ 94.569.419,90) e aos órgãos da administração indireta (R$ 14.441.076,33) se alcançou R$ 167.150.463,00 nos últimos três anos. Feito histórico. Sem mencionar a articulação do convênio promovida pelo Estado com a Fundacine e o Ministério da Educação, para a criação da primeira Escola Brasileira de Cinema e Televisão (R$ 4.400.000,00). Ou o movimento, que também teve como protagonista o Estado, para inserir o item Cultura no Orçamento Geral da União através das emendas coletivas da bancada federal dos partidos políticos do RS (R$ 7.500.000,00). Ou o fato de a Capital gaúcha ter sido a primeira cidade a se qualificar no Projeto Monumenta (R$ 16.000.000,00) do MinC. Para alguns, porém, nada disto parece importar. O único critério de financiamento que valorizam é o do departamento de marketing das empresas, que faz do mercado o vetor determinante da sociedade. Está na hora de romper o habitus da mercantilização da cultura e reintroduzir na agenda do empresariado a noção de patrocínio sem renúncia fiscal.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Serra busca reversão
A campanha do tucano José Serra à presidência da República vive sua pior crise. Não bastasse o risco de vitória do PT no primeiro turno da corrida presidencial, o tucano tem o candidato do PSB, Anthony Garotinho em sua cola e um prazo curtíssimo - apenas 12 dias - para tentar reverter o quadro que o apresenta estacionado na faixa dos 19% da preferência do eleitorado. Diante deste cenário, estrategistas do PSDB e do PMDB confessam-se meio perdidos. A única certeza, por ora, é que o programa eleitoral do tucano não deve mais bater pesado no PT como vinha fazendo.

Ontem, Serra passou o dia em conversas com marqueteiros e assessores mais próximos, reajustando o tom e regravando algumas passagens do programa que vai ao ar hoje. O recado de que a maioria do eleitorado reprova os ataques mais pesados ao PT veio ainda na noite de sábado, quando, por determinação judicial, a campanha de Serra tirou do ar todas as cenas contra o PT. O rastreamento telefônico feito pela equipe de marketing identificou que o programa foi muito bem avaliado, o que já não vinha ocorrendo.

O cientista político Antônio Lavareda, um dos estrategistas da campanha de Serra, tem deixado claro que a tática dos ataques, embora inevitável, impunha riscos à candidatura tucana. O risco, apontado por Lavareda e comprovado pelo Datafolha, chama-se Garotinho. Foi ele quem capitalizou a pancadaria. Enquanto a
popularidade de Serra despenca nas grandes metrópoles, o candidato do PSB ganha votos.

O retrato da crise na campanha da aliança PSDB-PMDB, com expressões de desolação em alguns casos, é exposto pelos aliados. "Eu já estou para ficar doido com estas pesquisas e não sei mais de nada", admitia o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), confuso entre os resultados do Ibope da semana passada, que mostrou Lula em queda de 2 pontos percentuais e o Datafolha de domingo, que registrou alta do petista de 4 pontos. "Temos que fazer campanha, não vou mais olhar pesquisa", sentencia Geddel.

Mas, apesar de o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ter subido nas pesquisas quando era o alvo da pancadaria do PSDB, a estratégia ainda é defendida por alguns setores do tucanato. "Não quero falar mal da estratégia de ataques ao PT porque ela cumpriu seu papel. Se não tivéssemos optado por ela, Lula já teria vencido a eleição", diz um dos principais interlocutores de Serra. "Foi uma etapa desagradável, mas necessária", concorda Jutahy, convencido de que a estratégia do confronto foi útil para pôr a comparação entre Lula e Serra na pauta política e na agenda do eleitor.

As comparações de perfis, biografias e propostas vão continuar, agora em outro tom, evitando agressões. E não só na televisão. Os agentes políticos serão cobrados a pegarem firme na campanha em suas bases. Embora Serra tenha se revelado abatido com o resultado da pesquisa Datafolha do último domingo, registrando uma subida de Lula de 40% para 44%, e queda de Serra de 21% para 19%, o líder Jutahy mantém o otimismo e
aposta na presença de Serra no segundo turno das eleições. "Temos um espaço imenso para crescer."

Quanto ao desempenho de Anthony Garotinho, alguns políticos preferem acreditar que ele é um risco calculado. "Ele bateu no teto", aposta o líder tucano, engrossando as previsões de seu colega Geddel Vieira Lima. Ambos apostam que Serra irá para o segundo turno com Lula e que Garotinho já cresceu tudo que poderia crescer. "Ele não está crescendo nos grandes centros, mas na periferia das grandes cidades onde se concentra o eleitor evangélico", justifica o tucano. Não é exatamente o que pensam os estrategistas da campanha que estudam a melhor forma de atacar o novo inimigo.


FERNANDO ALBRECHT

Privatização do parque
Uma vila clandestina surgiu em pleno centro de Porto Alegre sem que muita gente se desse conta. A localização é ótima. Fica no Parque Maurício Sirotsky, entre os edifícios do Incra e do novo Tribunal Federal, atrás de árvores que impedem que os casebres sejam vistos por quem passa pelas imediações. Nem a fiscaliz ação da prefeitura, pelo jeito, conseguiu ver o crescimento do novo núcleo urbano numa área privilegiada. Tem até hotel, pois um dos "proprietários" aluga peças para quem chega de fora, uma ação típica de emergente. Depois que algumas dezenas de famílias estiveram arranchadas por lá, ninguém as tira mais.

Área exclusiva

Sobre a ação dos flanelinhas leitor da página conta que domingo foi ao Parque Maurício Sirotsky e se deparou com uma área particular de um deles. Em cima de uma calçada, devidamente demarcada com um arame para marcar território. Como gentileza extra, o flanela tinha um degrau metálico para facilitar a subida do carro no passeio. Preço por este luxo todo: R$ 5,00.

Homenagem

Dentro das comemorações da Semana do Turismo a Câmara de Turismo do RS promove hoje à noite no Everest Hotel, em conjunto com a entidade Arroz Amigo, um jantar de confraternização e uma homenagem ao veterano - 89 anos - Walter Seabra, diretor do Plaza Hotéis. A festa será na concorrência, é verdade, mas Seabra merece. Mais adiante, um grupo de amigos pretende homenageá-lo com uma réplica da espada que ele usou na Guerra da Criméia.

Problemas da cidade

As obras na cidade, incluídas as feitas por operadores de telefonia e dados que colocam fibras ópticas, seguem um padrão: o reasfaltamento é mal feito. Um servicinho de segunda. Afunda em seguida e as canaletas atormentam os motoristas, até que alguma alma caridosa providencie o serviço completo. Aliás, o problema das nossas ruas não está apenas nos buracos. A Smov precisa encarar o fato de que a pavimentação em geral está pela bola sete.

Perguntinha

Tudo bem, nossos supermercados são de primeiro mundo, ou talvez nem o primeiro mundo possua
supermercados como os nossos, mas tem uma coisinha que incomoda: por que os etiquetadores insistem em colocar o preço bem em cima da tampa das latas de refrigerantes? É para implicar, fazer a gente gastar água e mais água para tirar a goma, é isso? Ou é alguma forma de protesto?

O Efeito PMDB

O jornalista Adão Oliveira aqui do JC
tem uma tese sobre a ascensão de Germano Rigotto. Segundo o colunista, que poderia ter inspirado Jose Hernandez naquela famosa frase sobre a sabedoria do diabo, os votos que saíram de Antônio Britto e foram para Rigotto foram votos do PMDB que num primeiro momento haviam sido dados a Britto. A tese contrapõe-se ao pessimismo explicitado por alguns brittistas, para os quais Rigotto é quem estará no segundo turno. O tempo dirá quem é o senhor da razão.

Diário da Justiça...

O Diário da Justiça publicou ontem sentença do juiz Pedro Luiz Pozza, da 7ª Vara da Fazenda Pública, condenando o município de Porto Alegre "a repetir ao autor a importância de R$ 122.444,61", mais juros de 12% ao ano e correção pelo INPC. Ou seja, dá mais de R$ 244 mil. O autor é a Classic Locadora de Veículos.

...e Diário Oficial

Também ontem o Diário Oficial do Estado publicou portaria da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária instituindo comissão de sindicância visando apuração do furto de 33 novilhas na unidade da Fepagro de Dom Pedrito. O abigeato, pelo visto, campeia não só na área privada gaúcha como também na pública.

Parabéns pra você

No dia 2 de outubro o tradicional Hospital Moinhos de Vento completará 75 anos, com as comemorações iniciando sábado próximo com uma caminhada para marcar o Dia Mundial do Coração, que é festejado dia 29. A caminhada inicia às 11h com saída da praça Júlio de Castilhos. O antigo hospital alemão é um marco e referência hospitalar de qualidade na Região Sul.

Fotos de Luiz Gonzaga Murat Júnior, da Sadia, e de Zulmir Três, da Corretora Diferencial, publicadas na capa do JC
de ontem, estão invertidas.

Federação Espírita do RS promove dia 28 na Ospa o 4º Encontro Estadual Espírita.

Ex-governador Jair Soares completa 50 anos de vida pública com jantar no Dado Garden, dia 30. Reservas 3224.7020.

Lojas Paquetá lança hoje às 10h no GNC Moinhos 2 a Corrida Pela Vida para o Instituto do Câncer Infantil.

Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura promove exposição de fotos dos 15 anos no Iguatemi.

Guilherme Paulus, da CVC/Hotel Serrano, ganhou a Medalha JK 2002 do governador Itamar Franco.

Via Porto inaugura o Fiat Autocentro Via Porto hoje às 19h na Sertório, 5200.

Ancheta recebe hoje às 15h título de Esportista Exemplar, proposição de Cassiá Carpes (PTB).


Editorial

OS NOVOS CENÁRIOS ECONÔMICOS MUNDIAIS E REGIONAIS

O mês de setembro indica a evolução dos cenários econômicos regionais e mundiais, para melhor ou pior. Na Argentina, o FMI, que realizará sua Assembléia Anual neste final de semana, sinaliza que não fará acordo com o país, receoso da falta de apoio às reformas na Justiça e no Legislativo portenhos. No entanto, como não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe, a desvalorização do peso e os baixos salários estão fazendo retornar os investimentos a Buenos Aires, que tem saldo comercial de mais de US$ 9 bilhões no ano, o sonho brasileiro para 2002. Também o Fundo sacramenta empréstimo de US$ 30 bilhões e, no mesmo dia, divulga relatório no qual alerta para a situação crítica do Brasil e recomenda políticas prudentes na administração da dívida. Na maior economia do planeta, Alan Greenspan pede a volta da disciplina fiscal, abandonada por George Bush. A dívida federal norte-americana está próxima dos 50% do PIB. As economias do Japão e da Alemanha também não foram reativadas, Schroeder foi reeleito mas não gerou empregos, PIB ficou estagnado e há quatro milhões de pessoas sem trabalho. O déficit orçamentário dos EUA alcançará US$ 157 bilhões no ano fiscal que termina em 30 de setembro, enquanto em 2001 houve um superávit de US$ 127 bilhões. Mesmo com juros de 1,75%, os mais baixos desde 1962, a locomotiva mundial não reage. Quanto ao preço do petróleo, a variável que pesa sobre os fundamentos macroeconômicos brasileiros nestes dias, ainda que importemos apenas um em cada cinco barris, o discurso de Bush exigindo apoio da ONU para atacar o Iraque mas sem marcar dia e hora derrubou o preço do barril tipo Brent para US$ 28,00, em outubro. Na Bolsa de Madri, o avanço oposicionista nas eleições fez recuar as ações da Telefónica, do Santander e do Banco Bilbao Vizcaya, com forte exposição no Brasil.

No âmbito interno, há erros e acertos. Há seis semanas que o dólar está acima de R$ 3,00. Mas também houve disparada o ano passado e ele fechou 2001 em R$ 2,31. O dólar, aliás, é o vilão, respondeu, em agosto, por 0,42% da inflação do IPCA, de 0,65%, por conta do trigo, 70% importado e 100% dolarizado, além da soja, também em alta aqui dentro por conta do preço em Chicago. No entanto, o ajuste do saldo comercial com a taxa de câmbio sobrevalorizada em R$ 3,00 por dólar fez o País economizar US$ 16 bilhões desde a flutuação de janeiro de 1999, confirmado o superávit de US$ 8,5 bilhões em 2002, possível, em setembro a balança baterá recorde, está em US$ 1,86 bilhão, no ano US$ 7,241 bilhões. Comprovando a teoria de que menos impostos aumentam a arrecadação, as montadoras de automóveis recolheram mais 5,27% de IPI depois da redução de agosto, passando de R$ 185 milhões em julho para R$ 195 milhões. De janeiro a agosto, os recursos destinados pelo Bndes para as exportações subiram 40%, ou US$ 2,524 bilhões, puxados pela Embraer, que venceu a Bombardier e a Fairchild Dornier em joint venture para fabricar aviões com a China Aviation Industry Corp II. Será o modelo ERJ-145, 50 lugares, considerado o ideal para aquele país. O recorde de exportação de açúcar, 12 milhões de toneladas, deverá ser batido, embora a cotação do produto esteja caindo. Finalmente, o próxim o governo terá a seu favor o fato de que os investimentos das empresas estatais não serão contabilizados como déficit público, conforme exigência descabida do FMI. São nossas as incoerências, com o Copom mantendo a Selic em irritantes 18%, quando ocorre a inauguração da segunda linha ligando a Hidrelétrica de Tucuruí à Subestação Vila do Conde, no Pará, custo de R$ 150 milhões, e da confirmação da compra do Banco Fiat pelo Bradesco, que antes abocanhou o Banco Ford, abrindo uma grande frente no financiamento de automóveis.


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09/24/2002


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