Presidente da Anac diz que crise no controle aéreo decorre de movimento salarial



O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse nesta segunda-feira (4) que o aumento do tráfego aéreo ou a prática de overbooking não poderiam justificar uma crise no setor. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, ele preferiu atribuir a maior responsabilidade pela crise ao que chamou de "movimento reivindicatório" dos controladores de vôo.

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Segundo ele, o percentual de atrasos não variou muito ao longo do tempo. Em 2003, por exemplo, a Anac registrou 14% de atrasos e 19% de cancelamentos sobre o total de vôos. No ano seguinte, registraram-se 12% de atrasos e 16% de cancelamentos. Seguiram-se 19% de atrasos e 10% de cancelamentos, em 2005; 20% de atrasos e 13% de cancelamentos, em 2006; e 25% de atrasos e 14% de cancelamentos, este ano.

Zuanazzi entende que, embora tendo havido um aumento no número de passageiros transportados - de 71 milhões para 102 milhões por ano, entre 2003 e 2006 - essa majoração não significou um número maior de aeronaves. Teria havido, sim aumento no tamanho dos aviões e, conseqüentemente, do número de assentos.

Para opresidente da Anac, não há crise nas companhias, que estão crescendo, buscando investimentos e com suas receitas equilibradas. Só nas linhas internacionais as operações estariam deficitárias, do ponto de vista financeiro.

Quanto à infra-estrutura, ele reconheceu que há alguns problemas, especialmente em São Paulo. Deficiências nas pistas de Congonhas e a sobrecarga de Guarulhos têm levado a "atrasos em efeito dominó", porque os aeroportos paulistas são grandes centros de distribuição de vôos para outras localidades.

Zuanazzi inclusive entregou à CPI um plano de investimento para a infra-estrutura aeroportuária no valor de R$ 8 bilhões, a ser implementado até 2015. Nesse plano não estão incluídas obras de controle do tráfego - fora do rol de fiscalização da Anac - e de remanejamento de comunidades ou de aeroportos, em função do crescimento das cidades em torno dos aeroportos.

Em relação ao overbooking - mais passageiros com reservas que assentos disponíveis nos aviões - o presidente da Anac não ofereceu um saída, limitando-se a dizer que é a contrapartida observada em todo o mundo para o no show - a desistência não comunicada do passageiro.

- Não há como proibir, mas como regular melhor - disse Zuanazzi.

O caos nos vôos da TAM no Natal passado, por exemplo, teria decorrido não de overbooking, mas de um incomum alerta para manutenção em seis aeronaves.

O presidente da Anac foi cobrado pelo presidente da CPI, senador Tião Viana (PT), a oferecer melhores condições aos passageiros, principalmente em termos de espaço - até para prevenir doenças circulatórias -, e mais horários de vôos diurnos para as Regiões Norte e Nordeste.

Também depôs nesta segunda-feira (4) o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Plínio de Aguiar Júnior, que assegurou ter havido diminuição das interferências de rádios piratas nas comunicações das aeronaves.



04/06/2007

Agência Senado


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