Presidente do BNDES defende queda dos juros para ampliar investimentos
O Brasil precisa ampliar a taxa de investimento para cerca de 24% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de tudo o que o País produz e oferta em serviços. Mas, para chegar a esse percentual, é necessário que os juros básicos da economia (Selic) caiam ainda mais. A avaliação é do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, que participou de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Atualmente, disse Coutinho, a taxa de investimento está em torno de 19%.
No Senado, Coutinho voltou a defender a ampliação do investimento privado, principalmente em infraestrutura. Segundo ele, o financiamento do setor não pode ser responsabilidade exclusiva do BNDES.
Com relação à queda da taxa Selic, o presidente do BNDES enfatizou que não está fazendo nenhuma recomendação ao Banco Central, autoridade monetária responsável pela definição da taxa básica de juros. De acordo com ele, o BC deve ter total liberdade para subir ou descer os juros para controlar a inflação. “Esse desafio [de reduzir a Selic] depende da manutenção da inflação sob controle” e de uma política fiscal firme, com redução de gastos públicos. Assim, na avaliação de Coutinho será possível ampliar os investimentos de longo prazo. O presidente do BNDES estima que, no longo do tempo, a taxa Selic convirja para o nível da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que está em 6% ao ano.
Para Coutinho, atualmente, há uma situação “cômoda” para os investidores, que podem aplicar em títulos públicos de curto prazo, com pronta liquidez, indexados e sem risco. Em outros países, disse ele, quem quer ter rendimentos mais altos, aplica no médio e no longo prazos em ativos de maior risco.
Crédito de pequenas e médias empresas
Coutinho também comentou nesta terça-feira (8) os resultados do banco na carteira de pequenas e médias empresas: a expectativa é que esse segmento seja responsável por cerca de 36% dos desembolsos do BNDES este ano. Segundo o banco, até setembro deste ano, foi liberado o volume recorde de R$ 36,2 bilhões para micro, pequenas e médias empresas, com alta de 8% na comparação com igual período de 2010. O total de desembolsos do banco ficou em R$ 91,8 bilhões no período.
O uso do Cartão BNDES, com desembolsos de R$ 5,2 bilhões de janeiro a setembro deste ano, também é uma das ferramentas importantes para as pequenas e médias empresas, segundo Coutinho . Até o final do ano, a expectativa é de que o volume alcance R$ 7,5 bilhões. “Outra preocupação relevante é a distribuição regional dos recursos do BNDES”, disse Coutinho no Senado.
Apesar da expectativa de aumento da liberação de recursos para as micro, pequenas e médias empresas, Coutinho disse que em 2011 houve redução dos desembolsos totais do banco, comparado com anos anteriores. Isso aconteceu porque o banco atuou com mais força no período da crise financeira internacional, iniciada em 2008, quando houve redução do crédito de bancos estrangeiros.
Em 2011, segundo Coutinho, o banco e a área econômica do governo decidiram moderar o ritmo de desembolsos. De janeiro a setembro, os desembolsos da instituição (R$ 91,8 bilhões) foram 28% menores que o total liberado no mesmo período do ano passado, R$ 128 bilhões.
Fonte:
Agência Brasil
08/11/2011 18:16
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