Pressão total sobre Garotinho









Pressão total sobre Garotinho
Sem dinheiro, sem apoio no próprio partido e em queda nas pesquisas, a candidatura de Anthony Garotinho (PSB) à Presidência voltou a correr risco. Queixando-se da falta do prometido apoio financeiro e do apelo evangélico no discurso de Garotinho, candidatos do PSB a governador ameaçam esvaziar seus palanques nos estados, desistindo da disputa ou apoiando informalmente o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Ontem, pela primeira vez, Garotinho lamentou ter renunciado ao governo do estado em abril para se candidatar a presidente.

A pressão é grande. Em reunião em Recife, deputados do PSB defenderam até a retirada da candidatura. Hoje, Garotinho se reúne com o presidente nacional do partido, Miguel Arraes. O candidato será chamado a evitar o apelo evangélico. Mas o desmonte já começou. Dois candidatos do PSB a governos estaduais — Lídice da Mata, na Bahia, e Jacó Bittar, em São Paulo — comunicaram ao comando do partido a disposição de retirar suas candidaturas.

Crise também em São Paulo
Bittar pode desistir da disputa nas próximas horas. Segundo integrantes do PSB paulista que conversaram com ele ontem, o motivo da desistência seria a falta de atenção de Garotinho. Aliados de Bittar disseram que o ex-governador esteve em campanha em São Paulo e sequer comunicou a viagem a Bittar. Garotinho também não estaria cumprindo acordos financeiros. O coordenador da campanha do presidenciável em São Paulo, o prefeito de São Vicente, Márcio França, diz não temer que Garotinho fique sem palanque no maior colégio eleitoral do país:

— Se Bittar desistir realmente, vamos arrumar outro candidato.

Admitindo até a hipótese de fechar uma aliança branca com o PT baiano, Lídice da Mata tomará sua decisão no sábado. Até lá, Garotinho terá de responder se honra ou não o acordo de custear sua candidatura no estado.

E não é só isso.

— Se Garotinho não poderia cumprir sua promessa, por que prometeu? Já enfrentei campanhas difíceis. E não é esse o problema. Ele se afastou do PSB, faz comentários esdrúxulos e transformou sua campanha em culto evangélico — reclamou Lídice, que deverá concorrer para deputada estadual.

Garotinho diz que tem ‘dinheiro zero’
Garotinho afirmou que a insatisfação de Lídice da Mata se deve à falta de recursos:

— Nem todo mundo consegue suportar uma campanha como estou suportando, com dinheiro zero.

O candidato do PSB ao governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, contesta:

— Nossa grande reclamação não é financeira. É política. Garotinho abandonou o discurso político e assumiu um discurso meramente religioso. Isso incomoda o partido e nos constrange — disse.

Rollemberg é um dos que dependem da colaboração financeira de Garotinho. Para garantir palanque nos estados, o candidato se comprometeu a financiar os programas de TV e a fornecer material de campanha a 22 diretórios estaduais do PSB. Mas para cinco candidatos a governador (Pará, Rio Grande do Norte, Ceará, Bahia e Distrito Federal), foi além: prometeu bancar quase integralmente as candidaturas. E não tem como arcar com os custos.

Sem tempo na TV e com pouco dinheiro, até favoritos como Ademir Andrade, do Pará, estão desesperados.

Segundo Ademir, Garotinho asseguraria um terço das despesas de sua campanha. Até agora, nada recebeu.

— Garotinho estimulou o lançamento de várias candidaturas do PSB no país. Mas não está cumprindo o compromisso de ajuda. Tenho um minuto e 40 segundos na TV. Meu adversário tem oito minutos a mais. Isso dificulta — lamentou Ademir.

Para piorar, a resposta que a coordenação da campanha dará hoje ao partido é desanimadora.

— Em sete estados, o PSB lidera as pesquisas para governador. Esses candidatos terão que encontrar mecanismos próprios de financiamento. No momento, Garotinho não tem como ajudar — avisou o líder do PSB na Câmara, José Antônio Almeida, vice na chapa de Garotinho.

Até os mais aguerridos aliados de Garotinho dão sinal de debandada. É o caso do líder do PL na Câmara, Bispo Rodrigues (RJ). Ontem, ele telefonou para o petista Cristovam Buarque (DF) prometendo apoio à sua candidatura ao Senado. A interlocutores, já confidenciou:

— Se Garotinho renunciar, vou defender que a Igreja Universal do Reino de Deus apóie Lula.

No PSB, a situação é tão crítica que, ontem mesmo, Lídice e os deputados Sérgio Novaes (CE), Luiza Erundina (SP) e Djalma Paes (PE) se reuniram em Recife para ressuscitar a hipótese de retirada da candidatura de Garotinho. A medida permitiria a consolidação de alianças informais com o PT em Alagoas, Pará, Amapá e Ceará, onde o PSB depende da ajuda dos petistas. Em troca, o partido apoiaria Lula.

Erundina acusou o PSB de impor candidaturas laranjas nos estados e sugeriu que a direção do partido libere suas bases. Para ela, no entanto, ele não deve desistir da candidatura:

— Eu diria até que já passou do tempo. Foi incorreto o partido impor candidatos laranjas. E ele não tem que ser candidato dos evangélicos, tem que ser o candidato do PSB e discutir questões estratégicas. O candidato tem posições absolutamente inaceitáveis, quando diz que tem Deus no coração e Bush também.

Miguel Arraes, no entanto, continua atuando como avalista da candidatura de Garotinho:

— A escolha cabe a ele. E não há indicativos de que ele vá desistir.

— Não negamos as dificuldades financeiras. Mas, para um candidato socialista, isso não é vergonha. Ele não vai desistir — disse Roberto Amaral, coordenador da campanha.


Coronel da PM de São Paulo é o novo secretário Nacional de Segurança
BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ramos Ribeiro, anunciou ontem os nomes dos ocupantes dos cargos que ainda estavam vagos no ministério. A Secretaria Nacional de Segurança Pública será comandada pelo coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo José Vicente da Silva. O coronel foi coordenador da área de segurança do programa de governo do governador de São Paulo Mário Covas. José Vicente vinha, nos últimos anos, atuando como consultor no assunto.

— Vamos verificar o que funciona bem no Plano Nacional de Segurança e, a partir daí, deixar orientações para o novo governo, já em novembro — disse o novo secretário.

Na Funai, um funcionário de carreira
O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) foi entregue à arquiteta Rosa Maria Chaves da Cunha, ex-diretora do Detran em Belém, no Pará. Na Fundação Nacional do Índio (Funai), Paulo de Tarso acabou optando por uma solução caseira. O ministro nomeou para a presidência da fundação o antropólogo Arthur Nobre Mendes, funcionário da Funai desde 1983.

Na próxima quarta-feira, Paulo de Tarso fará uma solenidade para apresentar sua equipe. Os demais membros já tinham sido nomeados na semana passada: Antônio Rodrigues de Freitas Júnior (secretário Nacional de Justiça); Elisa Silva Oliveira (secretária de Direito Econômico); Ivete Lund Viegas (secretária de Assuntos Legislativos); Armando de Assis Possa (diretor-geral da Polícia Federal); e Celso Campilongo (secretário-executivo do Ministério da Justiça).


Governadores apóiam Serra, mas pedem a liberação de verbas federais
Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) diz que aliados precisam receber tratamento melhor do governo

BRASÍLIA. Governadores de 15 dos 27 estados manifestaram ontem apoio ao candidato da coligação PSDB-PMDB à Presidência, José Serra. O ato, realizado no comitê central da campanha, reuniu os seis governadores do PSDB, quatro do PFL, dois do PMDB, dois do PPB e um do PSL. O encontro foi organizado para dar uma demonstração de força da candidatura Serra depois de o tucano cair para terceiro lugar nas últimas pesquisas de intenção de voto.

Ao mesmo tempo que levaram seu apoio a Serra, porém, alguns governadores, entre os quais Jarbas Vasconcelos, de Pernambuco, e Albano Franco, de Sergipe, reclamaram do tratamento que recebem do governo federal, principalmente no que se refere à liberação de recursos do Orçamento para obras.

As queixas contra o governo foram feitas quando o grupo discutia as dificuldades que a campanha de Serra enfrenta e as iniciativas que deveriam ser adotadas para que a candidatura do tucano deslanche. Albano Franco foi o primeiro a criticar, pedindo que Serra fosse mais cuidadoso ao falar da necessidade da transposição do Rio São Francisco. Segundo o governador de Sergipe, a situação eleitoral já não era favorável com a extinção da Sudene e os cortes no Orçamento.

Jarbas falou em seguida, dizendo que o governo deveria tratar melhor os governadores aliados. Ele reclamou da não-liberação de verbas para as obras em uma adutora e uma barragem em Pernambuco.

Serra defende parcerias
O encontro foi encerrado com uma declaração de Serra. O tucano ressaltou a importância do apoio de 15 governadores à sua candidatura e reafirmou que não se governa o Brasil sem maioria no Congresso. Serra disse ainda que é preciso trabalhar em parceria com os governadores para avançar na reforma tributária e na ampliação das exportações, gerando empregos e dólares.

Serra acrescentou que, para dar continuidade às mudanças iniciadas no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, será indispensável um amplo apoio político. E aproveitou o pronunciamento para assumir o compromisso de realizar uma reforma política no país.

— Vamos impulsionar a reforma política com o voto distrital misto e a fidelidade partidária. Vamos fortalecer os partidos. Sem isso, não há democracia avançada — afirmou Serra, que também defendeu uma reforma no sistema eleitoral, instituindo o financiamento público das campanhas.

Tucanos ficam otimistas
Apesar das queixas dos governadores com a falta de recursos para concluir obras, os tucanos saíram otimistas do encontro, que fora convocado justamente para animar os principais aliados.

— O encontro serviu para chamar a atenção de que devemos fazer a vinculação de Serra com os candidatos ao governo e ao Senado — disse Jarbas.

— Jogo é jogo, treino é treino. O jogo começa com a propaganda na televisão, quando o candidato apresenta sua proposta e os eleitores vão estar receptivos. Aí, vai depender do candidato, da empatia dele com o eleitor.

Agora é com a gente — disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que sugeriu a realização de uma jornada nacional de mobilização pró-Serra, com manifestações em todos os municípios do país.

Foram à reunião os seis governadores do PSDB, Geraldo Alckmin (São Paulo), Almir Gabriel (Pará), Albano Franco (Sergipe), Beni Veras (Ceará), Rogério Sales (Mato Grosso) e Marconi Perillo (Goiás); os dois do PMDB, Jarbas Vasconcelos (Pernambuco) e Joaquim Roriz (Distrito Federal); e os dois do PPB, Esperidião Amin (Santa Catarina) e Fernando Freire (Rio Grande do Norte). Também participaram os quatro do PFL: Hugo Napoleão (Piauí), José Bianco (Rondônia), o vice Brito Miranda (Tocantins), e o vice Deni Schwartz (Paraná), além de Flamarion Portela (PSL-RR).


Ciro recusa pedido de afastamento de Martinez
Brizola e Jefferson aconselharam deputado a ficar no cargo. Os dois se reúnem hoje com o candidato a presidente, em Brasília, para discutir uma saída para o caso

BRASÍLIA. Preocupado com as pressões sobre o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, o presidente nacional do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), pediu seu afastamento do comando da campanha do candidato anteontem à noite. Martinez queria evitar que Ciro tivesse de dar explicações sobre sua relação com a família de Paulo César Farias, o PC, caixa da campanha de Fernando Collor de Mello e assassinado em 1996. O deputado contraiu uma dívida de milhões de reais com PC, que financiou a compra de uma emissora de TV para Martinez, a rede CNT. Ciro recusou o pedido.

Jefferson diz que Ciro foi taxativo
A resposta de Ciro, segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), um dos comandantes da campanha, foi taxativa. Ciro disse que o afastamento do coordenador seria uma violência e que não poderia “olhar os amigos” se aceitasse. Martinez também foi aconselhado pelo presidente do PDT, Leonel Brizola, a permanecer no posto.

A associação do nome de Martinez a PC, no entanto, preocupa os dirigentes da campanha de Ciro, agora que o candidato vem crescendo. Jefferson aconselhou o colega a explicar com clareza o assunto:

— Ele deve dizer que foi um empréstimo tomado quando PC não era processado, quando ele não era deputado e que está declarado no Imposto de Renda — disse.

O assunto será tratado num café da manhã hoje, na casa de Martinez, em Brasília, com Ciro, Jefferson e Brizola.

A direção da campanha decidiu reforçar a assessoria do candidato. O jornalista Carlos Chagas foi convidado para auxiliar Ciro na relação com a imprensa. Foram chamados ainda os jornalistas Sebastião Néri e José Augusto Ribeiro. No governo Collor, Néri foi nomeado adido cultural em Roma.

— Precisamos profissionalizar a campanha. Até aqui, temos agido com base na intuição política — disse Jefferson.


Lula reconhece avanço de FH na educação
SÃO PAULO. O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, admitiu ontem que o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso avançou na área educacional. Mesmo insistindo no tom crítico à política de educação da atual gestão, Lula acabou reconhecendo que “houve um avanço”, em entrevista à jornalista Míriam Leitão, no programa “Espaço Aberto”, da Globonews.

— Estamos propondo uma coisa mais séria: transformar o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental) no Fundeb. Ou seja, você cuida, em vez do ensino fundamental, do ensino básico.

Você cuida para que crianças dos 6 aos 18 anos estejam na escola. A evasão escolar ainda é alta. De qualquer forma, se compararmos ao que tínhamos antes, todo mundo no PT reconhece que houve um avanço na área educacional — disse Lula.

Lula reafirma que quer mudar modelo econômico
Sobre em qual Lula se pode acreditar, uma vez que o petista em seu programa de governo manteve o compromisso com as metas de inflação do atual governo, diferentemente do que defendera no passado, o candidato do PT observou que os termos do programa econômico foram divulgados em meio a uma crise mundial. Mas reafirmou que pretende mudar os rumos da política econômica.

— Nós não acreditamos nos fundamentos da política econômica que subordinou o Brasil ao capital externo.

Mas como não podemos mudar do dia para a noite, como não queremos fazer isso a toque de caixa, temos que ter o período de transição — disse.

O candidato observou que nenhum modelo econômico dará certo no Brasil se não houver crescimento da produção. Lula reconheceu que a estabilidade na economia foi uma conquista importante do governo, mas observou que a atual gestão errou porque, no momento em que poderia retomar o crescimento, com a inflação sob controle, optou por centrar suas energias na reeleição de Fernando Henrique:

— Quando o governo poderia ter retomado o crescimento, optou por privilegiar a reeleição e esquecer os fundamentos de uma política econômica baseada no crescimento. Subordinaram a nossa economia a juros altos.

Lula afirmou que o Brasil deve ter como espelho o “país que deu certo” e, convidado a dar exemplos, declarou:

— Estou falando da Europa, dos EUA, do C anadá. Você não pode ficar nos comparando a países que têm menos importância geográfica e econômica do que a nossa.

Lula atribuiu a crise econômica dos EUA “à falcatrua e mentira”:

— Não adianta o Armínio Fraga (presidente do Banco Central) tentar agradar porque a crise está pegando todo mundo, até os Estados Unidos. Parece que o império começa a ruir.

O petista deu uma resposta bem-humorada ao comentar que nas últimas pesquisas sofreu uma queda de cerca de dez pontos percentuais.

— Eu não perdi. Eu comecei a minha programação de televisão com 24%, passei para 43%, correto? Então eu adquiri gordura como um urso polar hibernando. Com a campanha agora vamos não só recuperar o que perdemos, mas vamos tentar ganhar a eleição de preferência no primeiro turno.

Lula também afirmou que até hoje não acredita na hipótese de crime comum para o assassinato do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André. Sobre as denúncias de cobrança de propina na prefeitura petista, afirmou que defende a investigação rigorosa e a punição, se for o caso, dos membros da administração ligados ao PT.

— O que reivindicamos para os nossos adversários, reivindicamos para nós. Se houve malversação do dinheiro, propina, corrupção, quem quer que seja deve ser punido — disse.

O presidenciável admitiu ainda que errou ao comentar que os R$ 40 mil que uma das empresas declarou pagar ao esquema de cobrança de propina em Santo André era “troco”.

— Eu me expressei mal. Possivelmente tenha errado. O dado concreto é que acho uma coisa abominável, seja um, seja um milhão — afirmou.

O candidato só perdeu a tranqüilidade ao ser responder sobre sua falta de experiência administrativa. Antes, Lula já ficara incomodado ao responder por que não aproveitou todos esses anos de sucesso como líder do partido para estudar, tal como o líder sindical Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, da CUT, que cursa direito.

— Porque eu não quero ser advogado. Não se aprende a dar conta da problemática do país e das soluções nas escolas. Não tem universidade que ensine a solução para isso — disse.

Hoje, no “Espaço Aberto”, da Globonews, a jornalista Míriam Leitão entrevista o candidato do PSDB, José Serra.


Mais de 115 milhões de eleitores vão às urnas
BRASÍLIA. Exatamente 115.271.778 eleitores estão cadastrados em todo o país e aptos a votar nas eleições gerais de 6 de outubro, segundo o levantamento oficial divulgado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo os dados finais da Justiça Eleitoral, o eleitorado do país cresceu 8,64% em comparação com a última eleição presidencial, em 1998, quando havia 106.101.067 eleitores.

O Rio de Janeiro é o estado que teve a menor variação do eleitorado nos últimos quatro anos, com um crescimento de 2,42% no número de cadastrados. Anhangüera, no interior de Goiás, é o município com o menor eleitorado do país: 772 votantes.

Sudeste reúne a maior parte do eleitorado
De acordo com o levantamento, a Região Sudeste reúne a maior parte do eleitorado brasileiro. São 50.696.091 eleitores, o equivalente a 43,97% do total cadastrado em todo o país. Na região, estão os três maiores colégios eleitorais brasileiros: São Paulo com 25.655.561 eleitores; seguido por Minas Gerais com 12.680.584 eleitores; e Rio de Janeiro, com 10.213.520 eleitores.

A maioria maciça do eleitorado — 87.243.306 — está concentrada no interior dos estados. As capitais brasileiras reúnem 27.958.594 eleitores. O estado com o menor número de eleitores é Roraima, com 208.524 votantes. Apesar de ser o segundo menor colégio eleitoral do país, com 290.101 votantes, o Amapá é o estado que apresenta o maior crescimento do número de cadastrados em relação a 1998, com uma variação de 36,01%.

O maior eleitorado, por município, é o de São Paulo, onde estão aptos a votar 7.531.603 eleitores. O eleitorado da cidade do Rio de Janeiro é 4.327.482; enquanto em Belo Horizonte há 1.646.041 de eleitores.

Neste ano, vão votar no exterior 69.878 brasileiros, sendo que a maioria deles reside nos Estados Unidos: 24.458.

Desde 1932, quando um decreto-lei do presidente Getúlio Vargas autorizou o voto feminino, pela primeira vez em uma eleição presidencial o número de mulheres que comparecerão às urnas em 6 de outubro será superior ao número dos homens.

Segundo o TSE, deverão votar este ano 58,752 milhões de mulheres, contra 56,450 milhões de homens: 2,3 milhões de votos femininos a mais. Os eleitores já representam 67,76% da população do país.

O TSE ainda vai divulgar os números definitivos e detalha dos de eleitores no país, mas já se sabe que, devido a uma ampla campanha entre os jovens, feita principalmente por líderes de igrejas evangélicas, o número de eleitores entre 16 e 17 anos pode ter crescido em, no mínimo, 1,2 milhão, em relação à eleição passada.

No Distrito Federal, dezenas de jovens evangélicos percorreram durante vários meses escolas, parques de diversões, shows e cultos religiosos à caça de eleitores jovens. Foi um movimento silencioso feito em diversas capitais e cidades grandes que acabou tendo um bom retorno e um aumento expressivo de novos eleitores nesta faixa etária.

Nível educacional melhora entre eleitores
Os números do TSE mostram ainda que as estatísticas sobre a melhoria no nível de educação da população já refletem no perfil dos eleitores. Nas eleições de 1998, as pessoas que tinham o ensino fundamental completo ou incompleto e os analfabetos representavam 44% do universo dos eleitores.

Este ano, este percentual caiu para 40%. Os eleitores de nível médio representavam 23% e, agora, este percentual deverá se elevar para 28%. Já os eleitores de nível superior completo e incompleto, segundo o levantamento do TSE, deverão ficar entre 9% e 10%.

Segundo o cientista político Paulo Kramer, isso leva a um perfil do eleitorado que será mais reflexivo:

— As pesquisas qualitativas encomendadas pelos candidatos mostram que o eleitor está mais interessado naquele que se preocupa mais com a área social. E não quer saber do candidato que faz promessa da boca para fora.


Artigos

Latino-americano
Dado Villa-Lobos

Não vejo nenhum sentido prático, social e até pedagógico na imposição e na obrigatoriedade do ensino do francês como segunda opção de língua estrangeira, em vez do espanhol, no currículo dos ensinos fundamental e médio de nossas escolas. Isso me parece resquícios do tempo de d. Pedro II e do conde d’Eu, só pode ser.

Mas não é não, é lei federal mesmo, ou seria imperial? Ah o saudoso império!, época em que realmente a corte e o grand monde arranhavam seu francês nos bailes da Ilha Fiscal.

E o motivo de tamanha discórdia é bem simples e mais do que óbvio. Somos latino- americanos e vivemos num país cercado de tantos outros que só falam espanhol, vivemos na América espanhola (é?!) que um dia foi “descoberta” por um italiano a mando de uma rainha espanhola.

Não vamos nos lembrar de episódios de nossos presidentes da República discursando no mais puro “portunhol” na abertura em sessão solene e cheia de pompa da OEA em Montevidéu (capital do Uruguai, país ao sul do Rio Grande do Sul), lá pelos anos 80, profetizando então o futuro da língua que um dia será dominante nos países do Atlântico Sul.

Acho um pouco cedo para tanto, vamos de español por favor, duela a quien duela.

Lembro-me há pouco tempo atrás, chegando em Buenos Aires, do constrangimento ao me comunicar com nossos hermanos , porque é claro todo mundo aqui acha que domina o espanhol, não é bem assim, eu me atrapalhei por completo, e olha que quando criança eu falava espanhol à p erfeição mas perdi para o francês, c’est la vie!

E o francês, mon amour? Como nossas crianças vão no futuro poder ler Voltaire, Hugo, Proust, no original? Perguntam-me no conselho de pais e mestres do colégio dos meus filhos.

Para tanto, respondo eu, temos aí a “Alliance Française” como mais uma das tantas atividades extracurriculares para nossa petizada, que não tem mais tempo para suprir o que o Estado não lhe proporciona. E também pergunto: como nossas crianças vão ler no original Borges, Cervantes, Castañeda ou García Márquez?

Mas não tem problema, não, pois isto aqui é o Brasil, um lugar onde Le fric, c’est chic!


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO – Tereza Cruvinel

A onda Ciro e a reação de Serra
Toda eleição é única. O uso eleitoral dos programas partidários pelos candidatos a presidente foi uma singularidade da campanha em curso e deles nasceu a teoria da "onda televisiva". Ciro Gomes foi o último a experimentá-la e colhe agora um crescimento que pode ou não ser mais sólido que o efeito-onda. É com a mesma arma, a televisão, que o candidato tucano José Serra tentará virar o jogo.

Seu esforço agora é para não perder aliados, evitando que a onda Ciro desmanche a construção política na qual investiu, atraindo o PMDB e parte do PFL. Este o sentido da reunião de ontem com os governadores que o apóiam. Garantir-lhes que a guerra não está perdida e que depois de 20 de agosto entrará na disputa com um canhão, seu tempo de televisão, que será o dobro dos demais. Até lá, a travessia será penosa e Ciro pode até crescer mais.

Coube ao publicitário Nizan Guanaes falar sobre o canhão que acionará quando o horário eleitoral chegar. A campanha será curta, mais para minissérie do que para novela, como temos dito. Serra, como os demais candidatos, terá direito a 19 programas com duas edições diárias. Mas os dele, diz Nizan, desprezados os segundos, terão dez minutos, contra cinco de Lula, quatro de Ciro e dois de Garotinho. Serão ainda veiculados pelo menos 225 comerciais de 30 segundos por dia. Ao todo, em 45 dias de campanha televisiva, acrescenta, Serra fará 1.125 aparições, contra aproximadamente 600 de Lula e 400 de Ciro. Até lá, a resistência será feita com outdoors, cobertura normal da mídia e engajamento maior do presidente Fernando Henrique.

Tudo faz sentido e pode dar bom resultado se Ciro Gomes estiver vivendo mesmo uma "onda televisiva", o crescimento que bafejou todos os candidatos — de Roseana Sarney ao próprio Serra — depois de estrelarem os programas de seus partidos. Mas passadas duas ou três semanas, os índices de todos eles voltaram a minguar nas pesquisas. Era a onda passando. Ciro apareceu no programa do PPS em meados de junho e nos do PDT e do PTB no fim daquele mês. Já estamos no fim de julho e ele só tem crescido. A alguns analistas e sobretudo aos aliados isso sugere que Ciro experimenta um crescimento estrutural, transformando em eleitor cativo o eleitor turista. Mas é preciso observar que logo depois dos programas partidários de Ciro vieram as entrevistas do “Jornal Nacional” com os presidenciáveis e Ciro foi bem. A fase de mídia intensiva prossegue.

Ontem foi ao ar, dentro da série produzida pela GloboNews, sua entrevista à jornalista Míriam Leitão, em que reagiu com agressividade a algumas perguntas. A "onda" televisiva, para Ciro, tem sido portanto mais longa, e conseqüentemente seu efeito também. Daqui para a frente, a cobertura jornalística dos candidatos só tende a intensificar-se. No dia 4, a TV Bandeirantes promove o primeiro debate da campanha. Diferentemente dos outros, Ciro não enfrentará uma seca de mídia que leva à perda dos ganhos. O consenso é que sua prova de consistência tem Lula como parâmetro. Para Serra, a chance de virada depende muito de que ele não alcance ou ultrapasse o candidato do PT antes de 20 de agosto. De janeiro a maio, Ciro guardou o sangue-frio.

Amargou até o quarto lugar enquanto os concorrentes apareciam e surfavam na onda da TV. Esta frieza será exigida de Serra agora.

FH prepara a entrega do governo
No dia em que o nome do novo presidente da República for anunciado oficialmente, o presidente Fernando Henrique assinará decreto criando 51 cargos de confiança temporários, a serem ocupados pelos representantes do futuro governo. Serão extintos dez dias depois da posse. Fernando Henrique empenha-se em garantir uma transição civilizada e operacional, neste país onde raramente a passagem de um governo para outro ocorreu sem solavancos. Lotados na Presidência mas distribuídos por diferentes órgãos, estes 51 delegados do presidente eleito terão acesso irrestrito ao governo. De medidas provisórias em vigor a contratos, débitos e outras pendências. Receberão também a agenda 100, relatório detalhado dos últimos oito anos de governo.

Ao encontro de Itamar

Não se sabe quem é o mais mineiro na delegação petista que vai hoje ao encontro do governador Itamar Franco: o presidente do partido, José Dirceu, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, ou o candidato a vice de Lula, senador José Alencar. Todos entendem de Itamar. Vão tratar de seu engajamento na campanha mas não ousarão sugerir nenhuma agenda.

— A Itamar, primeiro a gente ouve — brinca o prefeito Pimentel.

Não esperam que Itamar, contrariando seu estilo, mergulhe no corpo-a-corpo da campanha, mas que promova alguns atos de peso para marcar bem seu apoio a Lula nesta fase delicada.

O PT faz sua diplomacia. Em seu nome e do partido, o vice-líder Paulo Delgado escreveu ao embaixador Sérgio Vieira de Mello, louvando sua escolha para o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos. O diplomata brasileiro chefiou, no Timor, a mais bem-sucedida missão de paz e transição do organismo.


Editorial

LÍNGUA VIVA

O aumento do interesse pelo aprendizado do francês no Rio de Janeiro é sem dúvida uma excelente notícia, ainda que tenha ocorrido, por assim dizer, pelos motivos errados. Uma das causas, por exemplo, é, paradoxalmente, a avassaladora difusão da língua inglesa. Porque saber inglês, hoje, pesa relativamente pouco em qualquer currículo, o que passou a conferir um valor especial ao conhecimento do idioma de Molière.

Outro fator seria a crise da Argentina e suas nefastas conseqüências sobre o futuro do Mercosul — tornando menos importante saber falar espanhol, língua que nos últimos anos vinha despertando grande interesse por motivos óbvios de mercado de trabalho e oportunidades de negócios.

É claro que as razões econômicas não podem ser postas de lado também no caso do francês, que é a língua falada em nada menos do que 51 países, compreendendo 131 milhões de pessoas, ou 2,2% da população mundial. Mas este tipo de consideração deve ser secundário, até para que não implique um retorno apressado ao espanhol, em detrimento do francês, assim que a Argentina começar a dar mostras de recuperação.

É na área cultural que deve deitar raízes, para que se perpetue, este renovado interesse pelo francês. Como idioma capaz não apenas de facilitar a ascensão profissional ou a comunicação em áreas de especialização, mas de abrir horizontes. O aprendizado da linguagem é a chave que nos permitirá partilhar, como em outros tempos, a riqueza imensa da cultura francesa, a que tanto devemos.


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07/25/2002


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