Primeiro dia do seminário sobre competitividade aborda indústria aeronáutica



Evento promovido pela Secretaria de Desenvolvimento vai até sexta-feira, 22, na capital

Foi aberto nesta segunda-feira, 18, às 9:30, na Fiesp, capital,  o primeiro workshop do Seminário “Uma agenda de competitividade para a Indústria Paulista: Oportunidades de Desafios”, que teve como tema a indústria aeronáutica. O palestrante convidado, nesta ocasião, foi Marcos José Barbieri Ferreira, economista e pesquisador do Neit, Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia do Instituto de Economia da Unicamp. O encontro contou com a presença de empresários e profissionais do setor, que prestigiaram o evento com interesse em conhecer as conclusões do estudo desenvolvido e em contribuir para o mesmo com suas próprias observações e questionamentos.

Em sua apresentação, Marcos José Barbieri Ferreira lembrou aos presentes a importância da principal empresa brasileira do setor da aeronáutica. “A Embratur”, disse ele, “detém 60% das vendas de jatos para o mercado americano. É uma empresa líder no setor, mas há poucas empresas lideradas por ela”. O pesquisador também fez questão de frisar a importância do Brasil no contexto internacional do setor. “A indústria aeronáutica é o único setor de alta tecnologia em que o Brasil ocupa uma posição de destaque internacional”, lembrou, “é um setor que gera grandes saldos comerciais, graças às exportações”.

Ao apontar o que ele considera como possíveis medidas que contribuam para o crescimento e fortalecimento do setor, o pesquisador afirmou que acredita na “necessidade de criação de um fundo especial de financiamento ao desenvolvimento tecnológico da indústria aeronáutica”. Também falou da importância de investir no fortalecimento da infra-estrutura tecnológica e de avançar na implementação do Cdta – Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Aeronáutica, que foi estabelecido através de uma iniciativa conjunta do IPT, do ITA e da Embraer. Falando sobre a importância da formação de pessoal qualificado para esse setor, o pesquisador lembrou que “a Fatec de São José dos Campos foi criada exatamente com esse propósito”, sendo que “essa região concentra 55% dos empregos do setor da aeronáutica no país”. Para ele, seria essencial que a Fatec aprofundasse sua parceria com ITA e com as empresas do setor. Ele também afirmou a necessidade de criação de uma nova Fatec nas regiões de Araraquara e São Carlos, com especialização no setor aeronáutico.

Ao término da apresentação, a palavra foi dada aos participantes do evento. O primeiro a colocar suas considerações foi o ex-ministro da infra-estrutura e ex-presidente da Varig e da Embraer, Ozires Silva. Ele disse acreditar na necessidade de estudar algumas modificações para a legislação no que diz respeito à manutenção dos aviões. Segundo ele, a atual legislação impede que o Brasil participe do mercado mundial de manutenção de aeronaves. E questionou a proposta do pesquisador em relação aos financiamentos para o setor. “O desenvolvimento tecnológico no Brasil é feito com financiamento bancário, com juros e exigência de garantias, através da Finep. O mesmo não acontece com os concorrentes estrangeiros em seus países”, disse. O prof. Roberto Vermulm, docente da USP, comentou a respeito da necessidade de articulação entre os vários participantes do setor. “Esse é o espaço onde o Governo do Estado deve atuar. A Finep dispõe de um conjunto de instrumentos que, se bem articulados, já podem ser úteis. Também é necessária a articulação com outros setores, no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento industrial”, argumentou.

Antes do encerramento, Marcos José Barbieri Ferreira fez algumas considerações a respeito dos comentários dos participantes. Lembrou que “sem a Embraer, não há indústria aeronáutica no Brasil, porque todos os outros setores dependem dela”. Quanto aos financiamentos, esclareceu que, em seu estudo, refere-se a financiamentos altamente subsidiados. E colocou um dado importante: a Embraer deve se desenvolver como uma das poucas empresas a atuar seja na aviação comercial como na aviação executiva. “Este porém é um setor difícil”, disse o pesquisador, “com marcas consolidadas e empresas muito competitivas”.

Da Secretaria Estadual de Desenvolvimento

(I.P.)

 

 



02/18/2008


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