Privatização de empresas de energia encontra resistência na CAE



A privatização de empresas geradoras e transmissoras de energia elétrica como Furnas e Copel (Paraná) encontra resistências entre os membros da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que se manifestaram nessa terça-feira (dia 5) em debate sobre o assunto. Defendida pelo secretário de Energia do Ministério de Minas e Energia, Afonso Henriques Moreira Santos, a privatização foi contestada pelos senadores Roberto Freire (PPS-PE), Paulo Hartung (PPS-ES), Pedro Simon (PMDB-RS) e Roberto Requião (PMDB-PR).

O debate realizado com Henriques e o empresário Antonio Ermírio de Morais teve o objetivo de fornecer subsídios ao senador José Agripino (PFL-RN), relator do projeto de lei que proíbe a venda das geradoras e distribuidoras a particulares apresentado por Roberto Freire. Antonio Ermírio, que além de industrial é dono de geradoras privadas, defendeu a manutenção das empresas estatais do setor nas mãos do governo. Ele acredita que o capital privado deve investir na construção de novas usinas, especialmente as termelétricas movidas a gás.

- Se os investidores estrangeiros comprarem usinas prontas é para ficarem paradinhos, especulando. De especuladores esse país já está cheio - disse Ermírio, que se recusa a vender energia de suas geradoras no atacado, em face da falta desse insumo, preferindo utilizar a geração para a fabricação de produtos como o alumínio.

Para Henriques, a inversão de capital estrangeiro na construção de novas usinas só se viabilizará se os investidores se sentirem seguros. Esta segurança seria propiciada pela compra de um negócio por meio do qual pudessem iniciar suas operações no país.

- Entregar empresas ao capital estrangeiro financiadas pelo BNDES a juros internacionais (mais baratos) é um caso de polícia - protestou Requião.

O senador José Agripino inquiriu Henriques não só sobre a viabilidade da privatização, como também sobre a adequação dos investimentos nas empresas. O secretário de Energia não forneceu com clareza os dados relativos aos investimentos no setor de energia elétrica, mas admitiu que os recursos públicos diminuíram, embora na soma com o setor privado o volume tenha aumentado. Ele citou avanços, como a construção da linha de transmissão norte e sul, e atrasos como o do parque de termelétricas, que mal saiu do papel, além de ações de cunho ambiental que paralisaram a construção ou a geração de muitas usinas.

05/06/2001

Agência Senado


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