Problemas de gestão impedem investimentos em infraestrutura de transporte, diz secretário



VEJA MAIS

O fraco investimento em infraestrutura de transporte no Brasil não se deve à falta de recursos financeiros, mas à carência de projetos bem elaborados, gestão competente e quadro de pessoal suficiente. A afirmação foi feita pelo secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato e Silva.

Ele participou, nesta quinta-feira (29), de audiência pública que discutiu na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) as condições das rodovias usadas para o escoamento da produção agrícola do país.

Marcelo Perrupato informou que os investimentos do Brasil não chegam a 1% do Produto Interno Bruto (PIB), que hoje é de R$ 4,2 trilhões, enquanto que os outros países do Bric (Rússia, Índia e China) investem mais de 4% de seus PIBs.

O secretário disse que o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT) propôs R$ 430 bilhões para investir em infraestrutura de transportes, em 16 anos, o que significa, em média, R$ 30 bilhões a cada ano. Só para o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), ressaltou ele, são destinados mais de R$ 15 bilhões por ano. Os recursos, no entanto, observou, nem sempre são gastos, em razão da morosidade no andamento das obras, da imperfeição dos projetos de engenharia e da falta de estudos preliminares que alertariam sobre as melhores soluções técnicas, entre outros fatores.

- Do ponto de vista financeiro, eu não vejo nenhuma dificuldade para o Brasil, nesses próximos dez anos, executar esse programa porque eu ainda o considero tímido para as nossas possibilidades - disse Perrupato.

Modais

Na avaliação do representante do Ministério dos Transportes, as rodovias – hoje o principal modal de expansão agrícola do país – serão, em longo prazo, insuficientes para atender à demanda de escoamento da produção. Além de investimentos no setor rodoviário, o país está aplicando recursos em hidrovias, especialmente para atender o Centro-Norte. Ele ressaltou que o país não investiu mais no setor hidroviário por falta de bons projetos.

Perrupato disse que o ministério apresentou ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) propostas no valor de R$ 7,2 bilhões para aplicar em projeto de hidrovias. Porém, por falta de detalhamentos, foram aprovados R$ 2,7 bilhões. Agora, informou o secretário, o ministério está corrigindo tais projetos, por meio do Plano Hidroviário Estratégico, para abranger a maior parte dos rios do Norte, como complemento do transporte rodoviário.

Concurso

Na opinião do secretário Marcelo Perrupato, muitos dos problemas são gerados pela alta rotatividade de profissionais do ministério, e especialmente de engenheiros do Dnit, que buscam melhores remunerações em outros órgãos. Em sua avaliação, é preciso melhorar o padrão de salários e realizar concurso para que o ministério receba jovens competentes

Preocupação

A senadora Ana Amélia (PP-RS), que requereu o debate, informou que, segundo previsão do Ministério da Agricultura e Pecuária, a produção de grãos em 2012 será de 181 milhões de toneladas. Ela disse que os produtores estão preocupados com o transporte da safra sem a ampliação das estradas.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) também afirmou que os produtores agrícolas querem soluções para o escoamento da produção. Em sua avaliação, o Ministério dos Transportes é “engessado e emperrado”, pois discute os problemas, mas não apresenta resultados concretos.

O transporte, segundo ressaltou o presidente da CRA, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), constitui uma “carga pesada” para os produtores brasileiros, o que reflete no aumento do custo Brasil.



29/11/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Problemas na gestão de portos estão em debate na Comissão de Infraestrutura

Jorge Yanai pede investimentos em infraestrutura de transporte

Benedito de Lira pede mais investimentos federais na infraestrutura do transporte rodoviário

PROBLEMAS NO SISTEMA DO TSE IMPEDEM DIVULGAÇAO DE PARCIAIS

César Borges aponta problemas de infraestrutura na Bahia

País cresceu e não há mais como esconder problemas de infraestrutura, diz Collor