Produtor rural é figura chave para revitalização do S. Francisco



As ações de conservação da água e do solo ocorrem na propriedade rural e o agricultor é o principal ator nesse processo, afirmou o professor Antônio Bahia Filho, chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária em Sete Lagoas (MG), durante audiência pública da Comissão Especial para a revitalização do Rio São Francisco, nesta quarta-feira (24). Ele e o pesquisador Derli Prudente Santana recomendaram o fim do desmatamento, na região do alto, e o recarregamento dos cursos de água no médio e baixo São Francisco para a recuperação daquela bacia hidrográfica.

O Vale do São Francisco, lembrou Antônio Bahia, ocupa 8% do território nacional, abrange sete estados e sua população é de aproximadamente 15 milhões de habitantes. Cerca de 26% desse total mora no entorno de Belo Horizonte, onde ocorrem altos índices de poluição, em conseqüência de esgotos não tratados, além da maior concentração de indústrias que utilizam ferro-guza.

Antônio Bahia informou que, atualmente, 35% do carvão utilizado nessas indústrias ainda são retirados de florestas naturais. Além disso, a Região Sudeste utiliza madeira extraída daquela área na construção civil e em outros fins.

O plantio de florestas homogêneas de eucaliptos para fornecer carvão e lenha às indústrias foi apontado por Antônio Bahia como a solução mais indicada para evitar o desmatamento na região, conforme afirmou em resposta ao senador Francelino Pereira (PFL-MG). O senador manifestou sua preocupado com a compatibilização da atividade guzeira com a conservação das florestas naturais.

O pesquisar Derli Santana defendeu o uso de técnicas como a construção de "barriguinhas" para o recarregamento dos cursos de água, que considerou fundamental para a revitalização do São Francisco. O uso desta técnica, que visa a recuperação das áreas degradas devido a escorrimentos superficiais da água das chuvas, teve início, segundo ele, há 25 anos, na Região Sul. Para construí-las cavam-se mini-açudes sucessivos. Ao encher a primeira pequena barragem, na parte mais alta, o excesso verte pelo sangradouro à segunda barragem e assim sucessivamente, até chegar às da baixada. Essa técnica impede o escorrimento e permite a infiltração da água no subsolo.

O relator senador Waldeck Ornelas (PFL-BA), enfatizou o objetivo da Comissão Especial, que tem ouvido técnicos para conhecer as tecnologias disponíveis e que podem ser utilizadas no projeto de revitalização do São Francisco.



24/04/2002

Agência Senado


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