Produtores dizem que agricultura irrigável pode contribuir para revitalização do S. Francisco



O superintendente da Associação de Produtores e exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), Fernando Brendaglia Almeida, citou a expansão da agricultura irrigável como um mecanismo capaz de contribuir para a revitalização do Velho Chico. Almeida, que participou nesta terça-feira (19) de audiência pública na comissão especial criada para acompanhar o projeto de conservação e revitalização da bacia hidrográfica do São Francisco, entende que há condições para uma ampliação dos atuais 300 mil para 2 milhões de hectares irrigados, sem comprometer a geração de energia na bacia daquele rio.

Conforme o superintendente, a irrigação associada à criação de uma hidrovia no São Francisco poderá assegurar o desenvolvimento sustentável da região, gerando empregos e colocando os produtos a preços mais acessíveis no mercado. Isso, ressaltou, contribuiria para formar uma classe média no interior do Nordeste.

Almeida também defendeu a renegociação das dívidas dos pequenos e médios empresários do sub-médio São Francisco, da região de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), que, segundo ele, perderam 25% das suas safras durante o período de racionamento de energia. Almeida reivindicou, ainda, a necessidade de financiamentos em condições especiais para o setor.

Em condições normais, disse o superintendente da Valexport, o sub-médio São Francisco é responsável por 95% das exportações de uvas e 86% das de mangas, em nível nacional. No entanto, com as restrições ao uso de energia no período de racionamento, a irrigação foi prejudicada e a qualidade das frutas caiu. Segundo disse, uma caixa de manga, que normalmente era exportada a US$ 9 dólares, caiu para US$ 2,5 a US$ 3 dólares.

O outro convidado para os debates, o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes do Oeste da Bahia (Aiba), Humberto Santa Cruz Filho, esclareceu que a entidade, atualmente com 1.200 associados, opera numa área de 1,2 milhão de hectares, dos quais cerca de apenas 70 mil hectares são irrigados. Essa entidade, diferentemente da Valexport é constituída por médias e grandes propriedades, e tem uma produção diversificada incluindo milho, café, algodão e pecuária. No último ano, seus negócios atingiram R$1 bilhão, informou Humberto Filho.

O senador Waldeck Ornélas (PFL-BA), relator da comissão, destacou que tanto a Aiba quanto a Valexport demonstraram preocupação com a preservação ambiental do São Francisco.



19/03/2002

Agência Senado


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