Professor afirma que Revolução Farroupilha não foi movimento separatista



A Revolução Farroupilha (1835-1845) foi separatista em relação ao Império, mas não à nação brasileira. A opinião é do diretor cultural da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha (CBTG), Ivo Benfatto, que participou, nesta terça-feira (20), de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa para lembrar o aniversário do conflito.

Ivo Benfatto lamentou que a revolução tenha adquirido a pecha de "separatista". Na opinião dele, o movimento surgiu da vontade de se criar uma república onde a nação fosse preservada.

- O Rio Grande do Sul sempre afirmou sua brasilidade ao longo da história, desde o Tratado de Tordesilhas, quando ficou fora dos domínios de Portugal. Que nenhum brasileiro tenha dúvida da brasilidade do Rio Grande. Somos Brasil acima de tudo - afirmou.

Opinião semelhante foi manifestada pelo deputado federal Raul Carrion (PCdoB-RS), que é historiador e estudioso do assunto:

- Foi um movimento separatista circunstancialmente apenas, mas os líderes farroupilhas chamaram as outras províncias para se libertarem do Império. A intenção era criar novas federações para que se unissem num grande estado confederado - explicou.

Negros

Raul Carrion resaltou a importância da participação dos negros no movimento articulado contra o Império, no século 19. O parlamentar fez questão de lembrar que os negros estiveram presentes desde o primeiro momento da revolução e chegaram a compor mais de 50% do exército riograndense.

- É preciso dar visibilidade a esses personagens da história, não só na Farroupilha, mas em outros movimentos históricos ocorridos no Brasil - afirmou Carrion.

Para Carrion, sem a participação dos negros, não só na resistência armada, mas em outras atividades, a República Riograndense não teria resistido tanto tempo.

O secretário de Representação do Governo do Rio Grande do Sul, Ronaldo Teixeira da Costa, também destacou a participação dos lanceiros negros no episódio.

- A força dos negros no movimento sulista alimentou a busca pela liberdade de escravos de outras regiões, o que foi uma importante contribuição da Revolução Farroupilha - resumiu.

 Os lanceiros eram uma espécie de tropa de choque do exército farroupilha, que lutavam de lança em punho pela causa republicana e pela própria libertação. Eles acabaram tendo um fim trágico, sendo massacrados no combate conhecido como Massacre dos Porongos.

Importância histórica

A realização da audiência pública foi iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), que considerou a Revolução Farroupilha "o momento histórico mais importante do Rio Grande do Sul".

- Representou o desejo de um ideal republicano contra o poder centralizador e escravista do Império. A luta foi conta o Império e não contra o Brasil - disse.
As senadoras Ana Amélia (PP-RS) e Marinor Brito (PSOL-PA) também participaram da reunião.

Os convidados ainda assistiram à apresentação do Grupo de Dança do CTG Estância Gaúcha do Planalto e também a um trecho do filme Netto perde a sua alma, que mostra a trajetória do oficial Netto, que lutou pelo exército farroupilha.



20/09/2011

Agência Senado


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