Proposta aos municípios: guardar lixo atômico por 500 anos



O combustível queimado das usinas nucleares de Angra dos Reis (RJ), o lixo atômico mais perigoso e durável, deve ser oferecido a municípios em troca de royalties para armazenamento em cápsulas especiais de inox. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (23) pelo presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, em audiência pública de três comissões do Senado.

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Um projeto piloto para demonstração, com a construção de uma célula de concreto com guarita, sob a supervisão da Comissão Nacional de Energia Nuclear, está em andamento. Othon Luiz disse ter consciência de que nenhum município vai aceitar armazenar esse lixo se não houver garantias de segurança, com transparência, para a população e a comunidade científica.

De acordo com o presidente da Eletronuclear, a solução foi considerada no exterior "uma política muito pragmática" para armazenar o lixo atômico. A idéia é assegurar um prazo de validade de 500 anos para as cápsulas.

Por enquanto, o combustível queimado é guardado, "com grau de segurança extremamente elevado", dentro de uma caverna.

Classificações

Além do alto risco, há duas classificações para o rejeito: a de baixo risco, que recebe o mesmo tratamento do lixo hospitalar, e a de médio risco, também armazenado "com toda segurança".

Para dar um exemplo da ausência de risco nessas operações, Othon Luiz disse aos senadores que nada na descarga de água da usina com seus dois netos e come vieira (um tipo de molusco) das redondezas. A vieira, segundo ele, é "um dedo-duro" que indica a existência de metal pesado na água.

A preocupação com o destino do lixo atômico foi manifestada, durante a audiência pública, pelos senadores Jorge Viana (PT-AC), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Lindbergh Farias (PT-RJ).



23/03/2011

Agência Senado


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