PT desautoriza João Paulo
PT desautoriza João Paulo
Proposta do prefeito de indicar Paulo Santana como interlocutor com as oposições é rejeitada pelo Diretório estadual
O Diretório estadual do PT se posicionou, ontem, contrário à sugestão do prefeito do Recife, João Paulo, que desejava indicar o presidente do partido, Paulo Santana, como o interlocutor oficial das negociações com as legendas de oposição, em substituição ao presidente da Câmara, vereador Dilson Peixoto. Em uma reunião realizada anteontem à noite, o grupo decidiu manter a mesma estrutura do atual Grupo de Trabalho Eleitoral, com Dilson na coordenação do processo.
As declarações de João Paulo não apenas renderam críticas internas no PT como entre os demais partidos de oposição. Um vereador da bancada governista chegou a dizer que “está cada vez mais complicado o entendimento com o PT”. Ontem, durante o encerramento do Seminário de Planejamento Estratégico da Prefeitura, em Boa Viagem, o prefeito declarou que iria acatar a decisão da maioria, embora defenda que um único interlocutor – Paulo Santana – evitaria novos desgastes. “Também continuarei como interlocutor, mas sempre que surgirem fatos novos consultarei Paulo Santana antes de me pronunciar”, declarou. Pela manhã, durante uma entrevista à Rádio Jornal, o prefeito negou que estaria “descredenciando” Dilson.
Na reunião do partido também foi definida a agenda do Ciclo de Debates Pensando Pernambuco, coordenado pela Fundação Perceu Abramo, vinculada ao PT, que reunirá as legendas de oposição para discutir os problemas do Estado. O evento acontecerá uma vez por semana, a partir do próximo dia 11, e seguirá até 5 de abril. O resultado dos debates será colocado no documento intitulado Projeto para Pernambuco, com propostas para os diferentes problemas da região.
O Diretório estadual do PT também vai realizar reuniões semanais, a partir de agora, com o objetivo de discutir ações administrativas e políticas.
Já as negociações para a construção do palanque de oposição ao Governo do Estado têm avançado, segundo Dilson Peixoto, e a reunião do grupo de representantes dos partidos deverá acontecer na próxima semana. “Estamos esperando o retorno de José Queiroz (presidente estadual do PDT), que viajou para Brasília, e negociando as demais agendas”, justificou Dilson.
Oposição na Câmara não dará trégua a Humberto Costa
Até as eleições, o secretário de Saúde do Recife e pré-candidato do PT ao Governo do Estado, Humberto Costa, será o alvo da bancada de oposição ao prefeito João Paulo (PT) na Câmara dos Vereadores. Após questionar a quantidade de cadastramentos realizados pela PCR no Sistema Único de Saúde e acusar o secretário de apresentar um “falso” balanço do desempenho de sua Pasta, os oposicionistas torpedearam ontem Humberto, usando como munição as 19 dispensas de licitação feitas pela Secretaria de Saúde no primeiro ano da gestão petista.
Numa nova demonstração de sintonia, os vereadores aliados defenderam o secretário, apresentando um raio-x das licitações realizadas pela Secretaria de Saúde em 2000, último ano da administração do ex-prefeito Roberto Magalhães (PSDB). O líder do bloco governista, o vereador Jurandir Liberal (PT), comparou os 33 processos licitatórios dispensados pela gestão anterior e aproveitou para criticar os “levantes sem consistência” promovidos pela oposição.
“Eles (oposicionistas) resolveram fazer barulho porque Humberto está incomodando, mas todos os ataques terão resposta imediata. Nesse caso (licitações), eles quiseram transformar um fato bobo numa batalha, mas de qualquer forma não podem falar nada porque a lógica matemática é clara: 33 é maior que 19”, ironizou.
Duere alerta Jarbas sobreinsatisfações da bancada
Governador recebe hoje a líder do Governo na Assembléia, Teresa Duere, para agendar um encontro com os líderes de bancadas. Também ouvirá as queixas da base aliada
A líder do Governo na Assembléia Legislativa, Teresa Duere (PFL), será recebida hoje pela manhã em audiência, no Palácio das Princesas, quando deverá antecipar ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) as insatisfações e reivindicações na base governista. Oficialmente, Teresa vai pedir ao governador que agende encontro com os líderes dos partidos aliados – PFL, PMDB, PSDB e PPB – e, em momento posterior, receba todos os parlamentares da base.
A líder governista desconversou sobre as queixas e insatisfações que tem recebido da bancada aliada. Enquanto a deputada limita-se a dizer que vai apenas marcar as audiências, os líderes partidários evitam se prolongar em detalhes sobre as irritações dos deputados. “Há necessidade de agendarmos uma reunião com os líderes, que vão sugerir idéias e receber orientação do Governo neste ano político”, minimizou Teresa Duere. No entanto, ela disse que não irá colocar panos mornos nos que quiserem fazer críticas. “Não vou tolher a liberdade dos líderes. Eles vão estar à vontade para colocar as críticas quando acontecer o encontro”, prometeu a deputada.
Uma das preocupações dos aliados seria a definição sobre a disputa proporcional no Estado, para a qual PSDB e PPB já pactuaram uma chapinha e rejeitam a proposta de chapão, reivindicada pelo PFL e PMDB. Peemedebistas e pefelistas consideram que, por coerência, a aliança deve fechar “em cima (majoritária) e em baixo (proporcional)”. “Aceitamos um chapão. Agora, se não for isso, sairemos sozinhos. Não coligaremos com nenhum partido. Ou chapão ou sozinhos. Essa é uma posição do Diretório estadual desde o ano passado”, ameaçou o líder do PMDB, Hélio Urquisa. O peemedebista confessa que a bancada tem muita coisa para falar. “O pessoal tá ansioso. Todo mundo quer se reeleger”.
Os tucanos, por sua vez, mantêm-se contrários ao chapão, mas, segundo o líder do PSDB, Antônio Moraes, essa não é uma das razões do interesse da legenda em conversar com Jarbas. “Não é o momento para tratar isso. O encontro dos líderes com o governador será mais para tratar as relações entre os partidos, o espaço nos eventos do Governo e a participação dos deputados nas obras”, disse.
Amanhã, o governador deixará de lado as articulações com a base aliada para retomar a sua agenda de viagens. Ele estará em Lagoa dos Gatos para inaugurar um trecho de 8,5 quilômetros das PEs 132 e 132.
Serra assume hoje a pré-candidatura
BRASÍLIA – O ministro José Serra (Saúde) deixa hoje o Governo para se dedicar à sua pré-candidatura à Presidência da República com um aviso aos aliados tucanos que o pressionam para que adote um perfil mais popular: “Não vai haver nenhum milagre de pesquisa eleitoral. Sou um produto conhecido. Todo mundo sabe que sou ministro da Saúde e o candidato mais ligado ao Governo. Minha candidatura não vai despertar pesquisas, será um processo lento, gradual e seguro”.
Embora alguns dirigentes tucanos critiquem o tom racional dos seus discursos e defendam que ele seja mais emocional, Serra afirmou que não vai mudar. “Não vou me vender como um produto. Vou me apresentar tal como sou. Já fiz cinco campanhas eleitorais. O que mais sei fazer na vida é campanha”, disse.
Hoje, Serra transmite o cargo ao secretário-executivo do ministério, Barjas Negri, em cerimônia no Centro Cultural do Banco do Brasil, Brasília. o ministro reassume a cadeira no Senado na segunda-feira (25).
TASSO – Apesar de ainda não ter se afastado do ministério, Serra continua a articulação. Após um encontro reservado com o governador do Ceará, Tasso Jereissati, na madrugada de ontem, Serra conquistou o apoio do governador, que assumiu a defesa da candidatura do ministro. Tasso afirmou que o partido deve abrir as portas para fazer alian ças com outras legendas, principalmente o PFL, que tem a governadora Roseana Sarney (MA) como pré-candidata a presidente. Tasso deixou claro que acompanhará a posição do PSDB.
“O sentimento do PSDB é ter candidato e o candidato é o Serra”, ressaltou, afastando qualquer hipótese de mudança em relação à candidatura tucana. O governador considera-se à vontade para defender os pontos de vista e opinar sobre os rumos da campanha nacional da sigla. “Não aceito patrulha de ninguém.”
JARBAS – Ontem, a cúpula do PMDB reagiu com indignação à proposta do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, para que o partido abra mão da vaga de vice-presidente na chapa encabeçada por Serra, em favor da reedição da aliança PSDB/PMDB/PFL nas eleições presidenciais deste ano. Em resposta à articulação de Jarbas, que é do PMDB e não deve aceitar ser o vice de Serra, dirigentes peemedebistas reforçaram ontem os entendimentos com o PFL de Roseana Sarney.
Nove ministros vão entregarcargos para disputar eleições
BRASÍLIA – Com a saída do ministro José Serra da pasta da Saúde, o presidente Fernando Henrique Cardoso dá início à última reforma ministerial de seu Governo. Dos 22 ministros, nove já decidiram que deixarão a Esplanada até 6 de abril, prazo final para se desincompatibilizarem de seus cargos. O número de baixas no Governo Fernando Henrique diminuiu depois que o presidente fez um apelo ao ministro da Educação, Paulo Renato Souza, para que desistisse de sua candidatura ao Senado.
“Paulo Renato ficará até o fim do Governo”, afirmou ontem o secretário-geral da Presidência, ministro Arthur Virgílio. O ministro voltará para ocupar um posto no Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Washington, a partir do próximo ano.
O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, candidato do PPB à Presidência da República, é outro que também deverá abandonar sua candidatura e permanecer no Governo. O próximo ministro a deixar o Governo é o do Meio Ambiente, José Sarney Filho.
No quebra-cabeça da reforma ministerial, FHC deverá remover o secretário da Receita Federal Everardo Maciel, para a pasta da Previdência. O ministério é hoje ocupado pelo pefelista Roberto Brant, que ainda não decidiu se será candidato a deputado federal ou ao Governo de Minas Gerais. O presidente terá que escolher substitutos para as pastas do Esporte e Turismo, Desenvolvimento Agrário, Comunicações, Trabalho e Emprego, Justiça, secretaria-geral da Presidência, além da Previdência, Saúde e Meio Ambiente.
LÍDERES TENTAMBARRAR MUDANÇA
Líderes no Congresso, dentre os quais, o presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MT), estiveram ontem com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, para pedir que não haja alteração nas regras para a formação de coligações nas eleições deste ano. Jobim não quis se manifestar sobre o encontro. O pedido foi feito porque o TSE deverá decidir em breve uma consulta de quatro deputados do PDT sobre a possibilidade de os partidos promoverem nos Estados alianças diferentes daquela firmada na campanha para presidente da República.
PT E PL JUSTIFICAMPOSSÍVEL ALIANÇA
O primeiro jantar que reuniu a cúpula de uma possível e inusitada aliança, entre PT e PL, abriu o debate sobre o limite das concessões que os petistas estão dispostos a fazer para chegar ao poder. “É a primeira vez que a gente sinaliza para a sociedade a idéia de construir um novo contrato social, com alguém que conhece o mundo do trabalho e um outro que conhece o mundo empresarial”, disse Lula, em referência ao seu perfil e ao do empresário e senador José Alencar (PL-MG), o possível vice. Ontem, Lula e o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), explicavam que o PT não estava migrando para o centro. E que a base da aproximação com o PL seria o programa do partido, talhado para viabilizar uma aliança com o centro.
Colunistas
Pinga Fogo – Inaldo Sampaio
Inversão de papéis
Quando disputou, em 1998, a eleição para o governo estadual, Jarbas Vasconcelos era tido naquela ocasião como um político refém do PFL. O PMDB não tinha, como ainda não tem, uma estrutura forte no interior, obrigando-o a se aliar aos pefelistas - primeiro para assegurar a eleição e, depois, a governabilidade. A tática deu os resultados esperados. Ele se tornou governador e o PFL ficou com a vice, o senador e a presidência da Assembléia Legislativa.
Hoje, passados pouco mais de três anos daquela eleição, os papéis se inverteram. O PFL é que está refém do governador. De Marco Maciel a Romário Dias, de José Jorge a Inocêncio Oliveira, todos têm dito que o PFL só se salvará se ele for candidato à reeleição. Como é literalmente o dono da bola, Jarbas adiou de março para abril o anúncio de sua definição, aumentando o suspense entre os pefelistas.
Se a candidatura do governador é assim tão impescindível para a sobrevivência dos pefelistas, é claro que ele é quem vai ditar as cartas, na hora que quiser e bem entender e com os nomes da sua conveniência, já que todos estão na sua sombra. Isso vale também para o PSDB, se bem que o tucanato pernambucano, com algumas exceções, tem sido menos subserviente ao governo do que o PFL.
Chapa do dia
Romário Dias (PFL), presidente da Assembléia Legislativa, deixou escapar ontem numa roda de políticos a chapa que estaria sendo gestada no Palácio do Campo das Princesas para as eleições de outubro próximo: Jarbas (governador), Sérgio Guerra (vice), Mendonça Filho (1º senador) e Roberto Freire (2º senador). Perguntado sobre o que seria feito do futuro político de Marco Maciel, respondeu sem pestanejar: “Supremo Tribunal Federal”.
Vingança tardia
O deputado Guilherme Uchoa (PDT) recebeu muitos cumprimentos dos colegas da oposição por ter denunciado supostas falcatruas no âmbito da Secretaria da Educação. Satisfeito com a repercussão da denúncia, ameaçou: “Doutor Jarbas não viu nada ainda! O meu próximo torpedo é contra o Detran e eu quero ver como é que ele vai se explicar”.
Candidato único
Encerrou-se na última 3ª feira o prazo para registro de chapas à eleição da CNI (Confederação Nacional da Indústria). A chapa encabeçada pelo deputado Armando Monteiro (PMDB), tendo como vice o também deputado Carlos Eduardo Moreira Ferreira (PFL-SP), foi a única que pediu registro. A eleição será em julho.
Briga por espaço político na região do Curado II
Antes de ser baleado em Jaboatão, anteontem à noite, o vereador Édson (“Louro”) Severiano teve uma forte discussão com a deputada Malba Lucena (PSDB) por causa da disputa por espaços políticos no Curado II.
PV fica fora da discussão para o pleito de 2002
Do deputado João Braga (PV) sobre o “rame-rame” das oposições com vistas à formação de uma chapa única para o governo estadual: “Tô fora dessa discussão! Há 60 dias dizem a mesma coisa e não produzem nada de concreto”.
Desistência 1
Magoado com o governo estadual, o deputado José Marcos (PFL) não só desistiu da reeleição como está liberando os seus amigos para assumir compromisso com outros candidatos. Ontem, ele telefonou para o ex-prefeito de Tabira, Rosalvo ( “Mano”) Sampaio (PFL), para dar ciência de sua decisão.
Desistência 2
Logo que tomou conhecimento da decisão de José Marcos (PFL), Ricardo Fiúza (PPB) caiu em campo: passou a estimular Rosalvo Sampaio para ocupar o espaço que era do “gordo”. Rosalvo em princípio topa a parada, desde que consiga o apoio do próprio José Marcos e de outras lideranças da região do Pajeú.
Vereador no Recife e secretário de desenvolvimento econômico do prefeito João Paulo, Valdemar Borges (PPS), filho, sonha com uma chapa majoritária para disputar o gov erno estadual, sem o PSB e o PT. Para ele, uma aliançazinha em Pernambuco formada pelo PPS, o PDT e o PTB já seria de “bom tamanho” para peitar Jarbas Vasconcelos.
Pedro Eugênio (PT) não quer que seus eleitores o vejam como “omisso” na luta que ora se trava no Congresso para recriação da Sudene. Garante que desde o desaparecimento dela, em maio de 2001, participou no Recife e em Brasília de toda a movimentação política com vistas à sua ressurreição.
Tramita na Câmara Federal projeto de autoria de Fernando Gabeira (PT-RJ) instituindo a desanexação de Fernando de Noronha do território pernambucano. O relator, Luciano Bivar (PSL), recebeu ontem em seu gabinete a visita de vários ambientalistas contrários à iniciativa. Mas só dará o seu parecer depois que consultar outras pessoas.
A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil está sugerindo às associações estaduais que lancem pelo menos um candidato à Câmara Federal nas eleições de 6/10. Dois em PE estão com os seus nomes na agulha: João Arraes (PSB) e Ricardo Varjal (PSC). Mas a classe gostaria que surgisse um 3º.
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02/21/2002
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