PT procura candidato de consenso
PT procura candidato de consenso
Novo presidente sugere que viabilidade eleitoral seja um dos critérios de escolha
A um mês de assumir a presidência estadual do PT, David Stival elegeu a busca de um candidato de consenso como a prioridade deste ano.
Stival almoçou ontem com o governador Olívio Dutra, no Palácio Piratini, para discutir o processo de escolha do candidato do partido ao governo do Estado na eleição do próximo ano.
Olívio disse que apoiaria um adversário com maior potencial eleitoral em nome da continuidade do projeto do PT no Piratini. Em conversa anterior com Stival, o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, se comprometeu com a mesma tese.
Para Stival, que pretende anunciar o nome do candidato do PT ao Piratini antes do final deste ano, o partido atravessa um momento em que é possível dispensar a realização de prévia, motivo de desgaste entre as correntes.
– Não queremos trabalhar mais com aquele padrão de 1998, que dividia o partido em forças de direita e de esquerda. Não há mais espaço para maniqueísmo no PT – diz Stival, representante da Articulação de Esquerda, segunda maior corrente no diretório.
Em 1998, a distribuição de cargos no governo desagradou aos setores mais moderados do partido, que haviam apoiado Tarso na prévia para escolha do candidato a governador. Com mais de um terço dos membros do diretório regional, as correntes mais moderadas ficaram com apenas duas das 23 secretarias estaduais: Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia.
Stival viu como um gesto de boa vontade em busca da unidade a desistência do adversário, Paulo Ferreira (PT Amplo e Democrático), do segundo turno da disputa pela presidência do partido. Stival promete respeitar a proporcionalidade obtida pelas correntes na eleição do diretório durante a formação da executiva. Ao PT Amplo, Stival deverá oferecer a vice-presidência, a partir de agora com atribuições mais importantes. A secretaria-geral, segundo cargo mais importante, ficará com a Democracia Socialista. O nome mais cotado para o cargo é o do ex-presidente da CUT estadual Francisco Vicente.
De acordo com Ferreira, o PT Amplo – habitualmente ao lado de Tarso – não acredita em candidato natural e não teme o desgaste de uma prévia. O predomínio de correntes ligadas a Olívio na composição do diretório não garantiria a opção pela candidatura à reeleição.
Ontem, Tarso recebeu em seu gabinete o deputado federal Paulo Paim, pré-candidato ao Senado. Paim defendeu a formação de uma chapa de consenso, mas não externou sua preferência. Na luta por uma das vagas de senador, Paim espera contar com tanto com o apoio de Tarso como do governador Olívio Dutra.
PPB e PFL caminham para aliança em 2002
Enquanto as negociações com o PSDB não avançam, PPB e PFL caminham para uma aliança no Estado em 2002.
A cabeça-de-chapa ficaria com o presidente do PPB, Celso Bernardi, até agora o único candidato oficialmente definido para o Palácio Piratini.
O PFL tem dado prioridade à nominata para as bancadas estadual e federal. Uma eventual aliança com o PPB, em torno da chapa majoritária (governador, vice-governador e as duas vagas de senador), teria o objetivo de fortalecer a legenda na disputa de vagas nos parlamentos. O presidente do PFL, deputado Germano Bonow, quer ver a situação definida o mais breve possível.
– Tenho dito que a possibilidade de vitória de Bernardi está na madrugada da campanha – disse Bonow, que não acredita em uma solução antes de novembro.
O deputado descartou a possibilidade de concorrer a vice ou ao Senado. Bonow pretende tentar a reeleição para a Assembléia Legislativa. Dentro do partido, pelo menos dois nomes têm sido cogitados para a vaga de vice-governador. Um deles é o do ex-senador e ex-ministro da Educação Carlos Chiarelli. Outra alternativa seria o campeão olímpico de vôlei Paulo André Jukoski da Silva, o Paulão. Aos 37 anos, o gaúcho é hoje diretor de Programas Sociais da Secretaria Nacional de Esportes.
Procurado por Bernardi, o presidente do PSDB, deputado Jorge Gobbi, afirmou que a tendência é do partido é lançar candidatura própria. Segundo Gobbi, a aliança só poderia ser confirmada caso o PPB abrisse mão da cabeça-de- chapa. Neste caso, o PPB indicaria o vice e o PSDB, um dos candidatos ao Senado.
Entre os nomes citados por Gobbi para concorrer a governador, estão os dos deputados federais Nelson Marchezan e Yeda Crusius, o do ex-vice-governador Vicente Bogo e o do prefeito de Barra do Ribeiro e ex-ministro da Saúde, Carlos Albuquerque.
PDT e PMDB acham cedo para aproximação
Os dirigentes do PDT e do PMDB consideraram ontem precipitado falar em uma reaproximação entre os líderes dos dois partidos, o ex-governador Leonel Brizola e o senador Pedro Simon.
Uma aliança entre as duas siglas para as eleições do próximo ano no Rio Grande do Sul enfrenta resistências principalmente pelo lado do PDT.
A possibilidade de uma coligação foi aventada no domingo, durante encontro do PMDB, na Praça Matriz, em Porto Alegre. A presença do deputado federal Pompeo de Mattos (PDT) ao evento foi considerada por muitos peemedebistas como um sinal de entendimento. Pompeo, no entanto, foi ao encontro por iniciativa própria, provocando desconforto na direção do PDT, que sequer sabia das suas pretensões. Brizola telefonou ontem pela manhã para o parlamentar. Pompeo nega que tenha sido repreendido pelo líder trabalhista. Ao contrário, afirma que Brizola o “parabenizou” pela atitude.
– Apesar de o Brizola considerar cedo para falar em aliança, disse que minha atitude foi uma transmissão de pensamento, fruto do processo social – disse o deputado.
Qualquer aliança vai depender primeiro de um reatamento entre os líderes dos dois partidos. As divergências políticas de ambos vêm desde 1979. Ao retornar de um exílio de 15 anos, Brizola tentou reconstruir o PTB, reaglutinando os trabalhistas que durante o regime militar ficaram sob o abrigo do MDB. Simon não aceitou a proposta, preferindo seguir no PMDB (sucessor do MDB). Mais tarde, os dois ex-governadores gaúchos chegaram a ensaiar algumas reaproximações.
Este ano, ambos voltaram a trocar acusações pela imprensa. O dirigente do PDT fez fortes críticas à pré-candidatura de Simon à Presidência da República. A biografia de Simon, lançada em agosto, agravou a situação. Em um dos capítulos do livro Quem É... Pedro Simon, o senador conta que em 1962 Brizola riscou o seu nome da chapa de deputados estaduais do PTB.
Além das divergências históricas, nenhum dos dois partidos admite abrir mão da candidatura própria ao governo do Estado. O presidente do PMDB gaúcho, Cezar Schirmer, é um entusiasta da aliança, mas reconhece que obstáculos precisam ser superados:
– A soma do PMDB e do PDT se constitui numa força eleitoral de grande significação, independentemente de nomes.
Deputado pede investigação no Ministério dos Transportes
Consultor é acusado de remessa ilegal de dólares
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados deve receber nesta semana pedido para que seja dado início a um processo de investigação sobre suspeitas de irregularidades envolvendo o Ministério dos Transportes.
A requisição partirá do líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), que ainda hoje pela manhã se reúne com a bancada, em Brasília, para debater a melhor maneira de abrir uma processo de análise das acusações que envolvem a remessa ilegal de dólares a bancos no Exterior pelo consultor jurídico do ministério, Arnoldo Braga Filho.
Para o deputado, o pedido de abertura de uma CPI não seria adequado, porque teria de entrar na fila de solicitações. O que parece a melhor alternativa, segundo Pinheiro, é passar o caso à Comissão de Fiscalização para que o ministro do Transportes, Eliseu Padilha, possa ser convidado a dar esclarecimentos sobre a pasta e, em seguida, que o consultor jurídico preste depoimento.
Pinheiro suspeita que o envio de recursos para os Estados Unidos por Braga Filho possa ter ligação com casos de irregularidades no Departamento Nacional de de Estradas de Rodagem (DNER). O deputado lembra que pelo menos 40 obras do DNER apresentam problemas:
– Temos de investigar qual é a origem desse dinheiro. Apenas um servidor não teria condições de ter três contas nos Estados Unidos.
Pinheiro ainda enviará representação ao Banco Central (BC) buscando informações sobre essa movimentação de dólares para o Exterior e cobrando fiscalização na atuação de doleiros na Capital Federal.
– Muitas vezes, o BC finge que não está vendo – acusa o deputado.
A denúncia contra o consultor jurídico foi publicada na última edição da revista IstoÉ. Conforme a reportagem, o Ministério Público Federal (MPF) está investigando remessas ilegais de dólares do Brasil para três contas nos Estados Unidos, que pertencem a Braga Filho.
Para operar com os bancos estrangeiros, o consultor jurídico teria usado os serviços do doleiro Charbel George Nicolas, que fugiu para o Líbano. Foi Charbel quem enviou uma carta com o relato do caso ao procurador da República em Brasília Luiz Francisco de Souza.
No sábado, Padilha determinou o afastamento do servidor e a instauração de procedimento administrativo para elucidar as acusações. Em nota oficial, o ministro disse que a suspeita que paira sobre esse assessor não pode ser estendida aos demais servidores do órgão, como simples decorrência da conduta isolada de um funcionário (caso venha a ser comprovada a procedência das acusações). Ontem, Zero Hora tentou falar, por telefone, com Braga Filho, mas a informação é que ele e a mulher, Elizabeth Alves da Silva Braga, estão viajando.
Pai de Jader será convocado hoje
Laércio terá 60 dias para tomar posse
O Senado convocará hoje Laércio Barbalho, pai e primeiro suplente do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA), para assumir a vaga aberta com a renúncia, na semana passada, do ex-presidente do Senado.
De acordo com o regimento interno da Casa, Laércio terá 60 dias para tomar posse, prorrogáveis por mais 30 dias. Se não assumir, o Senado convocará o segundo suplente, Fernando de Castro Ribeiro que terá 30 dias para tomar posse. Ribeiro é suspeito de receber recursos irregulares do Banco do Estado do Pará (Banpará).
O primeiro-secretário da Mesa Diretora, senador Wilson Campos (PTB-PE), disse que, caso haja denúncias contra Ribeiro, ele também poderá ser processado. O senador Gilvam Borges (PMDB-PA) afirma que nem Laércio nem Ribeiro assumirão a vaga:
– Há um acordo no Estado para nenhum dos dois assumir e, assim, evitar desdobramentos do caso.
Medeiros confirma que procurava empresas para pedir contribuições
Deputado é suspeito de desviar recursos para conta pessoal
O deputado federal Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) confirmou ontem que procurava as direções das empresas para pedir contribuições com o objetivo de fundar a Força Sindical, em 1991. As doações renderam aproximadamente US$ 934 mil:
– Até menos que isso.
Medeiros disse ter “quase certeza” de que não fazia prestação de contas do dinheiro às empresas doadoras. Segundo ele, os empresários não se interessavam em saber do uso das verbas.
– Era outra época, ninguém controlava direito, e para que os empresários iriam querer saber do dinheiro? – perguntou.
O deputado é suspeito de desviar recursos do Instituto Brasileiro de Estudos Sindicais (Ibes), instituição que presidiu entre entre 1990 e 1991, para uma conta pessoal no Commercial Bank de Nova York. A investigação começou há cinco anos, a partir de uma denúncia do jornalista Wagner Cinchetto, ex-assessor de Medeiros. Tudo começou quando o sindicalista apresentou ao então presidente Fernando Collor a idéia de criar uma central sindical financiada com doações empresariais para enfrentar a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Collor gostou da idéia e ajudou a viabilizá-la.
De acordo com a sinvestigações da Polícia Federal, no início o dinheiro ia para a conta 040045-71 de uma agência do banco Cidade de São Paulo. Com medo de serem descobertos pela CUT, Medeiros e seu grupo transferiram o dinheiro para Nova York. Cinchetto contou que Medeiros retirava US$ 5 mil por mês.
– Não roubei, não desviei dinheiro público. Que eu arrecadava dinheiro com as empresas, todo mundo sabia, mas até trabalhador deu dinheiro para o nascimento da Força – disse.
O sindicalista disse que o dinheiro foi usado para pagar as despesas dos “congressos de 5 mil pessoas” promovidos pela Força Sindical. Admitiu que também usou os recursos para fazer viagens internacionais, em que se encontrava com autoridades sindicais de vários países.
– Andei de limusine muitas vezes, até na ex-União Soviética – contou o parlamentar.
Medeiros disse não ver problemas em ter fundado uma entidade sindical sob patrocínio dos patrões:
– Você pode até questionar do ponto de vista ideológico, mas era minha única alternativa naquele momento para combater a CUT.
Ontem, o deputado federal Jair Meneguelli (PT-SP) disse que vai ingressar com uma representação junto a Corregedoria da Câmara dos Deputados. Segundo ele, as denúncias em torno de Medeiros podem atingir outros membros da Força Sindical, inclusive o atual presidente da entidade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho:
– Há fortes indícios de que conluio da Força Sindical com empresários e o governo sempre existiu e isso, é claro, pode envolver o Paulinho.
Vaias a Marta
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), foi vaiada ontem por um grupo de professores durante a cerimônia de abertura do ciclo de comemorações Paulo Freire 80 Anos, no Palácio das Convenções do Anhembi. Os manifestantes aplaudiram a ex-prefeita Luiza Erundina (PSB), que participou do evento.
Mostrando faixas e gritando palavras de ordem contra Marta, os manifestantes provocaram uma situação constrangedora quando aplaudiram de pé Erundina, ex-petista que administrou a cidade entre 1989 e 1992. Os professores protestavam contra a intenção da prefeitura de incluir gastos com uniformes e merenda no cálculo dos 30% de investimentos mínimos em educação.
Na última semana, o Executivo encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei pedido que seja reduzido de 30% para 25% a cota do Orçamento municipal a ser investido em educação. Além disso, Marta quer incluir como gastos do setor merenda, transporte escolar e uniformes.
De acordo com a Constituição e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 25% dos recursos devem ir para o setor. Em São Paulo, a Lei Orgânica exige 30%.
Artigos
Mudança de valores
MILÚ VILLELA
Os acontecimentos do último dia 11 de setembro nos EUA estarreceram o mundo com sua carga de brutalidade, ódio, ousadia, intolerância e fanatismo. Assistimos pela TV, incrédulos, ao espetáculo da barbárie. Em poucos minutos, milhares de vidas se perderam para sempre, sob os escombros das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e no Pentágono, em Washington. As vítimas eram pais, mães, irmãos, filhos, amigos e vizinhos, pessoas com planos para o futuro, com metas e sonhos. Assombrados, vimos os valores e os princípios de humanidade se desfazerem sob a fumaça, o fogo e as lajes, no cenário surreal.
As catástrofes, entretanto, embora revelem o que há de mais nefasto no espírito dos homens, também são capazes de pôr em evidência nossas maiores grandezas. Os habitantes de Nova York e Washington poderiam ter se recolhido em suas casas, buscando o conforto de familiares, voltando-se para suas próprias vidas.
Mas o que se viu, em pouquíssimo tempo, foi uma vigorosa mobilização popular para salvar vidas, consolar quem havia perdido conhecidos, prestar assistência médica e colaborar com a força policial mobilizada nas áreas dos acidentes. Em meio à desgraça, vimos do que o espírito voluntário é capaz. Só o setor da saúde dos EUA conseguiu mobilizar 7 mil médicos e enfermeiras que se dispuseram a ajudar os feridos dos atentados.
A boa notícia é que nos últimos dez anos temos presenciado no Brasil o nascimento de uma nova era
Mas nem todos os que se mobilizaram estavam organizados em entidades de ajuda. Voluntários anônimos compravam água e a distribuíam em copinhos para os trabalhadores dos escombros, e comerciantes locais cederam espaço em suas lojas para o abrigo de roupas e mantimentos recebidos. A América inteira entrou em ação: quem não podia estar presente, enviou e continua enviando donativos. Os EUA mostraram por que são a nação com maior número de voluntários no mundo – mais de 50% da população de acordo com a Organização das Nações Unidas.
Há no episódio elementos substanciais para reflexão. Em momentos de crise, fica evidente que a riqueza de um país se mede também pelos seus valores. Um estudo da Universidade Johns Hopkins, feito em 24 países, aponta que as nações menos desenvolvidas são as que contam com menor número de voluntários. A equação se inverte no mundo desenvolvido.
A boa notícia é que nos últimos 10 anos temos presenciado no Brasil o nascimento de uma nova era, de uma nova mentalidade. Com vontade de mudar o estado das coisas, milhares de voluntários em organizações não-governamentais e entidades sociais, em empresas e mesmo individualmente, vêm colocando seu talento, sua energia e sua criatividade em projetos que vão mudar a história desse país.
Se a nação mais rica e poderosa do planeta precisa da ajuda – moral, braçal e econômica – de seus cidadãos, o que dizer de nós? O Brasil também vive sua catástrofe e clama por colaboradores ativos e solidários. O nosso drama também resulta em mortes e desespero. Temos 50 milhões de habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza, nos escombros das mazelas da fome e do abandono. Se os países mais poderosos do mundo já se deram conta de que não podem cruzar os braços e esperar que os outros façam algo para resolver os problemas que afetam a sociedade como um todo, nós também precisamos nos mobilizar.
Os dramas que assolam grande parte da nossa população – como a fome, a seca, o analfabetismo e as doenças – diferem daqueles vividos pelas vítimas da tragédia americana. Nossos problemas não são obra de terroristas fanáticos e sim o fruto de anos de omissao do governo e de todos nós. Mas, assim como nos mostraram os habitantes de Nova York e Washington, o espírito voluntário deve ser posto em marcha na luta contra a miséria e a exclusão que transformam nossos campos e cidades num campo de verdadeira guerra social.
Para prolongar a juventude
FERNANDO LUCCHESE
Envelhecer é uma palavra dura que todos nós temos que digerir um dia. Segundo Anatole France, não se descobriu outra forma para viver muito que não seja envelhecendo. Pois, se o século 20 não foi pródigo em prolongar a vida humana pois foi derrotado pelo seu antecedente que havia dobrado a sobrevida, ele pelo menos nos trouxe o conhecimento necessário para daqui por diante vivermos muito mais e com qualidade.
Costumo dizer em minhas palestras que Framingham é uma das cidades mais importantes da nossa era. Delicio-me com a surpresa das platéias que invariavelmente não sabem onde fica Framingham. É uma pequena cidade perto de Boston onde há mais de 60 anos todos os cidadãos são tombados. Lá não se tombam prédios antigos, tombam-se pessoas. Todos os moradores de Framingham são acompanhados pela secretaria da saúde ao longo da vida.
E foi lá que descobrimos por que morremos. Foi lá que aprendemos sobre os malefícios do estresse, do fumo, do colesterol elevado, do sedentarismo. Foi lá que descobrimos que os hipertensos, os diabéticos, os obesos e os marcados pela herança genética vivem menos. Framingham foi onde aprendemos a prolongar a vida.
Se controlássemos o que comemos, o que bebemos, o que espiramos, ainda nos faltaria dominar nossas emoções
Um antigo provérbio catalão, certamente resultado da sabedoria milenar, já resumia estes conhecimentos: “O segredo da longevidade é pouca mesa, pouca cama e muita sola”. Esta é uma alusão clara aos benefícios da alimentação sadia, e da atividade física. Como corolários podemos identificar a necessidade de manter-nos magros, o uso limitado de álcool, a necessidade de níveis normais de glicose, colesterol e da pressão arterial.
A academia de ciências de Nova York identificou três avanços criados ou desenvolvidos no século 20 que realmente modificaram o comportamento humano. São a televisão, o automóvel e o avião. Todos aceleraram o homem em direção ao seu próprio destino, deixando-o mais tenso e desconfortável em seu planeta. Por isso a escalada do fumo no século 20. Por isso a violência, a ação predatória das drogas, os suicídios. Por isso a presença no mundo civilizado da maior epidemia de todos os tempos: a aterosclerose. Esta doença caracterizada pela obstrução das artérias elimina anualmente nos Estados Unidos uma população equivalente à da cidade de Porto Alegre.
Se controlássemos o que comemos, o que bebemos, o que respiramos, mesmo assim nos faltaria dominar nossas emoções. E o caminho mais simples é procurar tirar da vida alegria, satisfação e prazer. Não se levar a sério demais. Não há problema que resista a uma boa risada. Aprenda a rir de si mesmo. Rir é o melhor remédio. E não há marcas, genéricos, similares, overdose ou falsificação. E além de tudo é grátis.
Mas cuide de sua espiritualidade, se pretende viver muito. Crer em Deus apazigua. A oração é a melhor fonte de paz e dá sentido à vida. Mas não esqueça. Se você quer ser jovem mais tempo, decida viver muito e buscar a felicidade, nunca é tarde.
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Dilemas no Mercosul
O presidente Fernando de la Rúa está enfrentando momentos verdadeiramente difíceis em seu governo. A impossibilidade de acabar com a paridade cambial engessa toda a economia e inviabiliza qualquer chance de o país sair do atoleiro. Isso afeta tanto o setor público quanto o setor privado, que a cada dia perde a capacidade de competir no Mercosul e fora do bloco. Sempre que havia problemas, o governo argentino batia à porta da Casa Branca. Carlos Menem chegou a mandar tropas quando os Estados Unidos invadiram o Iraque. A Argentina ameaçou na atual gestão um acordo bilateral de comércio com o governo norte-americano. Os problemas internos do país, pós-atentados, e a recém iniciada guerra contra o talibã deixaram para segundo plano, na administração George W. Bush, as questões latino-americanas.
Sem poder contar com os Estados Unidos, o presidente Fernando de la Rúa bateu à porta do Palácio da Alvorada e com Fernando Henrique Cardoso tratou de viabilizar algum entendimento em torno da Tarifa Externa Comum para que os empresários argentinos possam compensar prejuízos decorrentes da desvalorização do real, ocorrida em 1999.
Todos os parceiros do Mercosul, é verdade, queixam-se amargamente dessa decisão unilateral brasileira e que alterou as relações comerciais no bloco. De la Rúa tem outro problema pela frente.
No dia 14, nas eleições legislativas (para a Câmara e o Senado), dificilmente o governo conseguirá maioria. E isso será um sério impasse para a governabilidade.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que dá prioridade ao fortalecimento do Mercosul, já agüentou muitos desaforos do ministro Domingo Cavallo, mas em nome de uma causa maior fará o que tiver ao seu alcance para apoiar o governo De la Rúa, para que a Argentina consiga resolver seus graves problemas internos, sejam relativos ao ajuste das contas públicas, sejam relativos à perda de competitividade do setor privado.
JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10
Palácio prevê apoio a Olívio
O Palácio Piratini apresenta uma versão positiva em relação à nova correlação de forças no partido com o crescimento da Democracia Socialista e dos setores que apóiam a reeleição de Olívio Dutra. O vice-governador Rossetto teria manifestado, a partir do resultado da convenção, sua convicção de que “a prévia ficou para trás”, prevendo um caminho de estabilidade nas relações com o partido e de afirmação do governo. Os dados, no entender do governo, são “eloqüentes”, a ponto de o grupo de Paulo Ferreira não conquistar nem mesmo a secretaria-geral do diretório, que deve ficar com Chico Vicente.
Missão para Stival
Eleito por consenso, David Stival deverá lançar mão de toda sua habilidade para conseguir evitar um confronto numa prévia entre Tarso Genro e Olívio Dutra. Por entender que seria desastroso para o partido, o novo presidente estadual concentra seu trabalho desde o primeiro dia, ao conversar com Olívio Dutra, na construção do consenso. Com o prefeito Tarso Genro, Stival manifestou idêntica preocupação.
Malabarismo de candidato
Tarso Genro não perde tempo no esforço de se credenciar como candidato a governador. O prefeito esteve no final de semana na Vila Chimarrão, em programa de educação ambiental do Arroio Santo Agostinho. Para descontrair, plantou árvores e jogou pingue-pongue com moradores. Tarso também esteve visitando o acampamento do MST, próximo ao Parque da Harmonia. O movimento foi decisivo na escolha de Olívio como candidato em 1998.
Mulheres são maioria entre novos juízes
Dos 49 juízes que tomam posse segunda-feira em solenidade no Plenário Ministro Pedro Soares Muñoz, 28 são mulheres (57%), o que mostra uma tendência que aponta para o domínio do sexo feminino na magistratura. Menos de 10 anos depois de ter sido empossada a primeira desembargadora (Maria Berenice Dias), muda a fisionomia numa área dominada pelos homens.
A maioria dos novos juízes é formada por jovens. Apenas dois têm mais de 40 anos enquanto 38 estão com menos de 30 (seis deles com menos de 25).
Fazenda – A Associação dos Fiscais de Tributos Estaduais (Afisvec) reconhece, por escrito, como inconstitucional o projeto que divide novamente a carreira única de agente fiscal do Tesouro. Isso depois de tentar enfiar goela abaixo dos deputados o tal projeto. Age bem a Mesa ao decidir esgotar a tramitação do monstrengo que recebeu parecer contrário da Comissão de Constituição e Justiça.
Pompeo soube levar vantagem
O deputado Pompeo de Mattos (PDT) soube tirar proveito do comício do PMDB, domingo, na Praça da Matriz. Ganhou espaço nos jornais, chegando a confundir a imprensa sobre o significado do gesto, como se traduzisse o pensamento de Leonel Brizola.
O comando regional do PDT se apressou em avisar que foi uma atitude isolada, sem o aval de Brizola. Procurado pela imprensa, Pompeo disse que estava “radiante” pelo que ouviu do chefe. Teria sido parabenizado. Uma outra versão, que trafega no comando estadual, indica que o deputado levou um pito de Brizola.
TRE alerta para estrangeiros
O presidente do TRE, desembargador Clarindo Favretto, baixou uma instrução ontem a todos os cartórios eleitorais do RS para que tomem cuidado com o registro de estrangeiros originários do Oriente Médio portando documentos falsos. Recomenda atenção para aspectos visíveis, como o domínio do idioma e para carteiras de identidade novas, que possam ter sido produzidas a partir de certidões de nascimento falsas. Segue um texto do TSE, antecipado domingo pela Página 10, com uma denúncia de fraude no alistamento eleitoral de estrangeiros do Oriente Médio.
Governo muda estratégia
O Palácio Piratini acredita que terá sucesso na Assembléia com a aprovação de dois projetos de grande interesse para o último ano do governo Olívio. Dentro de uma nova estratégia, deve conseguir a aprovação de um projeto de remuneração das custas judiciais, já encaminhado à Assembléia.
Matriz tributária – Sobre a questão tributária, diferentemente dos dois projetos anteriores, rejeitados, a nova proposta é bem elaborada, dentro de um programa de incentivo de crescimentos.
Mirante
• Antônio Britto participa amanhã à noite pela primeira vez de uma reunião da bancada federal do PPS, com a presença dos 14 deputados federais e dos dois senadores.
• E, hoje, a nova bancada estadual do PPS, formada por seis deputados, estréia no plenário da Assembléia.
• O deputado João Osório prepara um forte pronunciamento para a sessão de amanhã. Durante o grande expediente, fará uma série de denúncias sobre a área da segurança. Uma bomba. Marcará a postura claramente oposicionista da bancada do PMDB.
• Diário Oficial de ontem publicou a exoneração, a pedido, de José Censi com data de 19 de setembro. Por coincidência, é a data do início do processo por possível envolvimento do funcionário do governo no assassinato de um colono num assentamento de Jóia. Sendo “a pedido”, o governo deve saber o paradeiro de José Censi.
• Ao completar 62 anos, o vereador Reginaldo Pujol (PFL) recebeu um telefonema do vice-presidente da República, Marco Maciel. Pujol exerce o quinto mandato de vereador. Ocupou cinco cargos de primeiro escalão da prefeitura.
• Vereador Nereu D’Ávila promete virar a mesa hoje à tarde, como presidente da CPI do Demhab.
• Presidentes do PMDB, Cezar Schirmer, e do PDT, Airton Dipp, tiveram uma conversa, sem compromisso. O PDT não abre mão da candidatura de José Fortunati.
• A prévia do PMDB marcada para 20 de janeiro é que vai permitir – ou não –futuros desdobramentos.
• Diferentemente do que foi especulado na Página 10, o deputado Paulo Paim (PT) avisa que não externou apoio a Tarso Genro. Candidato ao Senado, propõe que haja consenso. Paim é apoiado todos os setores do partido.
ROSANE DE OLIVEIRA
Critérios pragmáticos
Encerrado o prazo para as filiações partidárias, as próximas pesquisas vão mostrar quem tem o que o presidente do PT, David Stival, chama de “maior viabilidade eleitoral”. Seria esse o critério para a escolha do candidato ao Piratini, sem passar por uma prévia.
Hoje, o prefeito Tarso Genro leva vantagem sobre o governador Olívio Dutra nas pesquisas em que os dois aparecem na mesma lista de possíveis candidatos. Além de ostentar melhores índices de intenção de voto, Tarso está entre os menos rejeitados. Numa pesquisa que trabalhe com diferentes combinações de cenários será possível avaliar se quem pretende votar em um votaria no outro.
Stival quer evitar as prévias porque não é bobo. Sabe que uma disputa interna pode ser fatal para os planos de reeleição do projeto do PT em 2002. Até hoje, a prévia de 98 não foi totalmente digerida. À época José Fortunati denunciou irregularidades na prévia que deu a vitória a Olívio, Tarso teve uma participação discreta na campanha e as relações internas nunca mais foram as mesmas – embora para efeito público a unidade esteja preservada.
Se não disputar o Piratini, Tarso cumprirá o mandato de prefeito até o fim e, provavelmente, concorrerá à reeleição em 2004, já avisando que pretende ser candidato em 2006 – ao governo do Estado ou à Presidência da República. Se Olívio não for candidato à reeleição, será o braço direito de Luiz Inácio Lula da Silva no Rio Grande do Sul. Poucos líderes petistas são mais entusiasmados com a candidatura de Lula do que o governador. Os dois são amigos desde antes da fundação do PT, quando militavam no movimento sindical. Não será nenhuma surpresa, em caso de vitória de Lula, a indicação de Olívio para uma vaga no ministério.
Editorial
A reação ao fundamentalismo
Ao que tudo leva a crer, a advertência do líder terrorista Osama bin Laden de que “a América não viverá em paz até que a paz reine na Palestina e o exército de infiéis deixe a terra de Maomé” não é apenas retórica. Em pronunciamento difundido por uma rede de TV do Catar, provavelmente antes dos primeiros ataques de americanos e ingleses ao território do Afeganistão, o dirigente fundamentalista deixou claro o maniqueísmo de sua pregação, ao recordar atentados como os de Nairóbi e Dar Es Salaam, para afirmar que tais atos cindiram o mundo em dois campos, o dos fiéis e o dos infiéis. Conclamou ele os muçulmanos a se levantar para defender sua religião e acusou seus adversários de difusores de falsidades.
E em uma referência direta aos ataques a Nova York fez uma curiosa distorção dos fatos, tratando como vilões as vítimas e de vítimas os vilões.
É o que mais sobressalta em seu discurso: ao dividir a humanidade em dois grupos estanques, os crentes e os não-crentes, ao procurar legitimar o inominável, ao subverter a própria semântica, Osama bin Laden revela toda a extensão de seu comprometimento com o fundamentalismo e recria um mundo que já não existe pelo menos desde o medievo. Seria inconcebível ofensa a mais de 1,3 bilhão de muçulmanos julgar que se guiam pelas mesmas convicções alicerçadas no ódio, na mistificação e na impiedade.
O islamismo, convém recordar mais uma vez, é uma religião de amor, e em momento algum endossa a opção cega pelo fanatismo, o radicalismo e a barbárie do condutor de uma minoria extremista.
Ao dividir a humanidade em dois grupos, Bin Laden recria um
mundo que não mais existe
Ainda assim, farão bem os Estados Unidos e seus aliados em acautelar-se contra novas investidas do terror, especialmente agora que tiveram início os bombardeios do Afeganistão. Da mesma sorte começa a transparecer que a primeira guerra do século 21 será mais do que um conjunto de operações militares “curtas e seletivas”, como ontem declarava o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf. Washington notificou formalmente no domingo o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) de que os ataques antiterroristas poderão ir além do país dos talibãs. E o secretário-geral da entidade, Kofi Annan, afirmou que os bombardeios dos EUA e de seus aliados estavam justificados “pela legítima defesa”.
É assim de se dar crédito ao secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, quando diz que a retaliação ora iniciada tomará dias ou semanas e seu país terá pela frente uma guerra longa e difícil. Em verdade, o confronto surgiu como resultado da impossibilidade de qualquer alternativa política e como a única resposta possível a uma usina de violência, de ameaças e de atos de terrorismo montada sob o abrigo de um fundamentalismo agressor. Não é em absoluto o embate entre uma superpotência e grupos semifeudais.
É, isto sim, o choque entre o poderio americano e forças com duas décadas de experiência, que conhecem o terreno onde lutam e que são capazes ações globais milimetricamente planejadas e terrivelmente eficazes, como o comprovou o 11 de setembro. Diante desse cenário complexo só resta esperar que as batalhas que se travam e travarão poupem ao máximo populações civis do sofrimento e da dor, já que a intolerância não soube poupá-las do flagelo da guerra.
Entendimento no Mercosul
Num período de dificuldades potencializadas pelo combate ao terrorismo e às vésperas das eleições parlamentares argentinas, crescem em importância encontros como o mantido ontem pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e Fernando de la Rúa em Brasília. Diante da descontinuidade nos avanços da integração, o recrudescimento da crise argentina e as inevitáveis conseqüências sobre o Brasil reforçam a necessidade de um consenso mínimo em torno de questões-chave para a região. É importante, portanto, a manifestação do presidente brasileiro ao final da reunião de que os dois países continuarão atuando juntos para garantir entendimentos tanto no âmbito econômico como no combate ao terror.
Nesse sentido, o debate a ser estendido hoje a ministros da área econômica e de relações exteriores dos dois países precisa apontar saídas objetivas que permitam a superação de divergências localizadas e assegurem resultados promissores um pouco mais adiante. Divididos por políticas antagônicas em algumas áreas, como a cambial, os dois parceiros enfrentam um dilema. Precisam superar as dificuldades que, em diferentes graus, afetam as duas economias, evitando retrocesso na união aduaneira. A preocupação se amplia ante a iminência de que, a partir das eleições deste mês, o governo argentino perderá a maioria também na Câmara dos Deputados, assim como já ocorre hoje no Senado.
A redução de aval político interno reforça a vulnerabilidade de um país às voltas com crescentes compromissos da dívida externa, em contraste com uma contínua queda na arrecadação em 40 meses de retração na atividade econômica.
Brasil e Argentina têm o dever de unir esforços para conter os efeitos das dificuldades globais na região
Independentemente da extensão do ataque contra o terrorismo, países como o Brasil não podem “pensar que estamos longe do palco de um conflito”, como ressaltou o presidente Fernando Henrique Cardoso em cadeia de rádio e televisão, pois “esse conflito não terá palco definido”. Diante do aumento das incertezas, Brasil e Argentina têm o dever de unir esforços para conter os efeitos das dificuldades globais na região, superando adversidades pontuais em favor de conquistas mais amplas.
A importância de encontros como o realizado ontem, portanto, é a de mostrar que pelos menos os chefes de Estado dos dois países mais importantes do bloco econômico estão dispostos a “encarar os problemas nas nossas individualidades”, como sintetizou o presidente brasileiro.
Esta convicção é particularmente relevante às vésperas da deflagração das negociações do Mercosul com a União Européia em Bruxelas e diante dos entraves a serem superados no âmbito da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Sem união de propósitos, dificilmente os países da região conseguirão se mostrar mais fortes que os entraves interpostos hoje pela agenda global.
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