PT se renova para disputar o Governo



PT se renova para disputar o Governo Eleições internas permitem que grupo moderado, de Humberto Costa, assuma condução do partido O PT de Pernambuco virou uma página de sua história, na semana passada, quando os moderados assumiram o controle político do partido, elegendo os presidentes do diretório estadual e do Recife. Esta mudança na correlação de forças da legenda é um reflexo do que acontece no PT no plano nacional, no momento em que os ventos sopram favoráveis como nunca ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva. Aqui, a conseqüência imediata da vitória dos moderados é a consolidação da candidatura a governador do secretário municipal de Saúde, Humberto Costa, e o redução das possibilidades de o prefeito João Paulo entrar no páreo. A ala light do PT vinha crescendo e já tinha espaços consideráveis nas instâncias partidárias, mas não possuía o comando para decidir de forma mais autônoma nas campanhas eleitorais. Hoje a hegemonia light é explícita. Além da reeleição do presidente nacional do partido, José Dirceu, a tendência Unidade na Luta (UL) é poder agora no diretório de Pernambuco, com Paulo Santana, prefeito de Camaragibe, à frente, e Oscar Paes Barreto, no PT do Recife. Este é da Democracia Socialista, porém foi eleito com amplo respaldo da UL. Trata-se da mesma tendência de Lula, que seduziu um eleitorado mais amplo. De cara nova, este PT se prepara para enfrentar em Pernambuco os mesmos desafios do plano nacional: quebrar preconceitos e atrair a classe média e parcelas do empresariado, além dos conservadores de baixa renda. Um desses desafios é liderar a unidade de um palanque de centro-esquerda, eliminando vetos ou sectarismos. Outro desafio é ser convincente no Recife, superando indecisões provocadas pelo chamado assembleísmo. A idéia é apresentar o PT como um partido capaz de administrar bem, mesmo ouvindo tendências internas variadas e até rivais. Apesar de ponderar que "não houve vencidos nem vencedores" no PT, Humberto Costa salienta: "A vitória dos moderados facilita realmente esta caminhada". Ele discorda do termo assembleísmo. "Os governos do PT têm comando e decisão". Humberto se habilitou para a sucessão de 2002 ao costurar uma aliança da Unidade na Luta com a DS. Estas tendências viviam em pé guerra há dois anos, sobretudo no Governo Arraes, quando a DS estava sob o comando do então vereador e hoje deputado estadual Sérgio Leite. "A UL é a ala em que a população está votando", resume Paulo Santana. Ele lembrou que, dos cinco vereadores eleitos no Recife, quatro são da Unidade na Luta. Oscar Paes Barreto, que também é diretor adjunto da Csurb, já deixou claro que está enquadrado aos novos tempos do PT. "Cometemos excessos no passado", admitiu, ao ser confirmado como vencedor nas urnas do PT. O ex-presidente estadual do PT, deputado federal Fernando Ferro também apoiou os moderados em Pernambuco. "Os moderados colocam o PT com os pés no chão. Alguns setores vão entender que não se realiza mudanças a golpes de facão", observa. Moderados não garantem a unidade Postura da tendência Unidade da Luta é questionada por líderes de outras facções da legenda petista O fortalecimento da Unidade da Luta (UL), após a eleição do PT para o comando dos diretórios nacional, estadual e municipal, não foi suficiente para garantir a unidade do partido. Apesar de ser considerada uma ala light, a UL vem sendo alvo de críticas por parte de líderes de outras facções do PT. As demais tendências não concordam com a idéia de o partido ser conduzido apenas pelos caciques da legenda, deixando de lado as organizações de base. No Recife, a estrutura do PT é formada por 10 facções diferentes. A UL defende uma política mais efetiva de alianças com partidos de centro-esquerda e prega o caminho institucional para a conquista do poder. A UL é coordenada pelo secretário estadual de Saúde, Humberto Costa e pelos vereadores Dilson Peixoto, Isaltino Nascimento e Jurandir Liberal. Em nível nacional pelo presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, além dos deputados federais José Dirceu e Aluizio Mercadante. "O investimento que a UL fez nessas eleições é uma forma de preparar o PT para fazer todo o tipo de concessões em buscar do poder", disse Jesualdo Campos, que disputou a eleição pela tendência O Trabalho. Para Sheila Oliveira, da Tendência Marxista (TM), a pior postura dos integrantes da UL foi de disseminar a idéia de que os militantes querem um PT light. "Se isso fosse verdade José Dirceu teria ganho no Recife", afirmou. O deputado estadual Paulo Rubem, do Coletivo Florestan Fernandes, questiona a estrutura usada pela UL. "É curioso eleger maioria com uma participação tão pequena dos filiados". Outra polêmica é a indicação de Humberto Costa para 2002. "O nosso candidato não é Humberto. Só vamos nos definir quando conhecermos o seu programa de governo", disse Edmilson Menezes, da tendência O Trabalho. "A indicação de Humberto não é uma postura de direita. De direita é quem tenta minar essa candidatura", comentou Oscar Barreto, eleito presidente do diretório municipal e integrante da Democracia Socialista. Novo confronto Jarbas Vasconcelos, que derrotou Itamar Franco na convenção nacional do PMDB, aceita disputar as prévias com o governador de MG para saber quem será o candidato do partido à presidência Depois de ter sido um dos principais protagonistas da articulação que resultou na derrota de Itamar Franco na convenção nacional do PMDB, o governador Jarbas Vasconcelos pode estar se preparando para um novo embate contra ele. Desta vez, na disputa dos pré-candidatos do partido à Presidência da República. E, novamente, como favorito. O PMDB escolherá por meio de eleições prévias, no dia 20 de janeiro, o seu candidato à sucessão presidencial. Dois nomes já estão com a candidatura posta: o senador Pedro Simon (RS) e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Ambos têm postura de oposição em relação ao Governo Fernando Henrique Cardoso. Na última quarta-feira a direção nacional do PMDB convidou Jarbas para entrar na disputa dos pré-candidatos. O governador solicitou "tempo para pensar". Deve anunciar sua decisão em duas semanas. O que daria a Jarbas a condição de favorito nas prévias peemedebistas é que, ao contrário dos dois atuais pré-candidatos, ele conta com o apoio explícito da direção do partido. Etambém do presidente Fernando Henrique Cardoso, que não gostaria de ver um dos principais partidos da aliança assumir uma candidatura oposicionista. "Divididos, a gente facilita a tarefa da Oposição", afirma Jarbas, favorável a que a aliança tenha um candidato único à Presidência - condição que ele impõe para levar adiante uma possível candidatura presidencial. A intenção de PMDB e PFL de lançarem candidaturas próprias à Presidência é na verdade, segundo opinião de alguns analistas, parte da batalha dos dois partidos pela vice-presidência. O governador de Pernambuco já afirmou, porém, que não aceitará concorrer à vice. Prefere tentar a reeleição ou concorrer ao Senado. "Desequilibrado" - Contra Itamar Franco ele tem, seguidamente, feito contundentes declarações. Semana passada, ao comentar a notícia de que Itamar abandonara a idéia de deixar o PMDB e ir para o PDT, o governador pernambucano afirmou: "Nenhuma atitude dele me surpreende. Nenhuma, nenhuma. Ele é imprevisível, como é imprevisível esta decisão dele de ficar no PMDB. Ele pode, a qualquer momento, deixar o partido". O PMDB pernambucano não vê a menor possibilidade de Itamar Franco ganhar as prévias de 20 de janeiro. O raciocínio por trás dessa certeza leva em consideração principalmente dados matemáticos: na convenção nacional - realizada em 9 de setembro, em Brasília - os defensores de Itamar e da tese de ver o partido na oposição a Fernando Henrique tiveram cerca de 38% dos votos, contra aproximadamente 62% dos partidários da atual direção, favoráveis à manutenção do PMDB na aliança governista. Na semana seguinte, o partido reuniu-se para escolher os 18 nomes da sua executiva nacional - e nenhum dos partidários de Itamar foi escolhido. "O PMDB hoje tem unidade, o que não quer dizer unanimidade", afirma o presidente do partido em Pernambuco, Dorany Sampaio. É esta unidade, acredita ele, que não permitirá que a legenda "embarque em aventuras" - e uma eventual candidatura de Itamar, considera ele, não passaria de uma aventura. PF retoma investigação sobre o caso Banpará BRASíLIA - A Polícia Federal vai retomar na próxima semana as investigações que apuram o envolvimento do ex-presidente do Senado Jader Barbalho (PMDB-PA) venda de Títulos da Dívida Agrária (TDAs) e nos desvios do Banco do Estado do Pará (Banpará). O Supremo Tribunal Federal (STF) já enviou ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, o inquérito original sobre o Banpará, aberto em Belém. Apesar de Jader ter afirmado em seu discurso de renúncia à presidência do Senado que as investigações feitas no Pará não detectaram seu envolvimento, a verdade é que ele nunca foi ouvido sobre os desvios do banco. Em 1992, quando foi aberto o inquérito na Delegacia de Ordem Polícia e Social (Dops) de Belém, a delegada Elizabete Santa Rosa tentou interrogá-lo, mas não conseguiu. Agora, quase dez anos depois, Jader será novamente convocado a depor sobre o caso, desta vez na PF. A PF vai ouvir os dirigentes do Banpará da época em que Jader era governador do Estado. Todos eles, com exceção do ex-presidente da instituição Nelson Ribeiro e o ex-gerente da Agência Central Marcílio Guerreiro, negaram-se a prestar depoimento aos integrantes do Conselho de Ética do Senado. envolvimento - Depois, será a vez de Jader ser ouvido. Tanto os desvios do Banpará quanto a venda irregular dos TDAs serão investigados pelo delegado Luiz Fernando Ayres Machado. Em julho, Ayres Machado interrogou o senador para saber sua relação com a transação dos títulos. Jader negou que tivesse envolvimento, mas outros depoimentos colhidos pela PF mostraram o contrário. O agrônomo Raimundo Picanço, por exemplo, afirmou que Jader, quando ministro da Reforma Agrária, teve conhecimento sobre as negociações em torno da desapropriação da Fazenda Paraíso, paga com os TDAs posteriormente vendidos pelo empresário Vicente de Paula Pedrosa da Silva ao ex-banqueiro Serafim Rodrigues Morais e sua mulher Vera Arantes Dantas. O casal contou ter visto Jader no hotel onde houve a negociação com Pedrosa. A PF vai começar na próxima semana a rastrear os documentos, enviados pelo STF, nos quais há registro das negociações de TDAs feitas por diversos bancos nos anos de 1987 e 1988, período em que o senador era ministro. A intenção é saber se o dinheiro pago por Serafim e Vera ao empresário Vicente Pedrosa foi depositado em alguma conta do ex-presidente do Senado. Os documentos do Supremo devem chegar hoje ao delegado Ayres Machado. Código não pune uso ilegal de verba Erro de redação na nova lei da Câmara dos Deputados não enquadra malversação de dinheiro dos gabinetes BRASíLIA - Um erro de redação de dispositivo do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara deixou sem punição um tipo de conduta considerada atentatória ao decoro dos deputados. O uso ilegal, imoral ou obscuro das verbas de gabinete está relacionado no Artigo 5º do código como ato atentatório ao decoro parlamentar - é o inciso VII. Essa infração, no entanto, não está enquadrada em nenhuma das penalidades previstas no Artigo 10 do Código - censura verbal ou escrita, suspensão de prerrogativas regimentais e temporária do exercício do mandato e perda do mandato. Ela deveria estar incluída entre as infrações punidas com a suspensão de prerrogativas, determinada pelo Artigo 13. Mas, em vez de estabelecer tal punição para as condutas dos incisos VI a VIII do Artigo 5º, o texto estabelece VI e VIII, pulando o VII. Caso o texto não seja corrigido no segundo turno de votação, um dos tipos de "deslizes" mais comuns dos deputados ficará impune. Recentemente, deputados foram acusados de comprar carros e imóveiscom a verba para transporte e habitação. No passado, houve denúncias de apropriação dos recursos destinados ao pagamento de funcionários. Um deputado quase foi cassado por colocar os jogadores de um time de futebol do interior de Goiás na folha de pagamento do gabinete. conduta - O texto estabelece cinco tipos de condutas incompatíveis com o decoro parlamentar - duas expressamente previstas na Constituição -, que devem ser punidas com a perda do mandado: 1) abusar das prerrogativas constitucionais dos membros do Congresso; 2) perceber, a qualquer título, em proveito próprio ou de outrem, no exercício da atividade parlamentar, vantagens indevidas; 3) celebrar acordo que tenha por objeto a posse do suplente, condicionando-a a contraprestação financeira ou à prática de atos contrários aos deveres éticos ou regimentais dos deputados; 4) fraudar, por qualquer meio ou forma, o regular andamento dos trabalhos legislativos para alterar o resultado de deliberação; e 5) omitir, intencionalmente, informação relevante,ou, nas mesmas condições, prestar informação falsa, nas declarações prestadas à Mesa Diretora. Além do uso indevido da verba de gabinete, outras oito condutas são consideradas atentatórias ao decoro, mas não podem ser punidas com a perda do mandato. Perturbar a ordem das sessões da Câmara ou das reuniões de comissão ou praticar atos que infrinjam as regras de boa conduta nas dependência da Casa pode ser punido com censuras verbais ou escritas. Praticar ofensas físicas ou morais nas dependências da Câmara ou desacatar, por atos ou palavras, outro parlamentar, a Mesa ou comissão, ou os respectivos presidentes é passível de censura escrita. Revelar informações e documentos oficiais de caráter reservado, de que tenha tido conhecimento na forma regimental, ou relatar matéria submetida à apreciação da Câmara de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento da campanha eleitoral pode resultar nas suspensão de prerrogativas regimentais - usar a palavra, ser relator ou exercer cargo na direção da Câmara ou das comissões - por até seis meses. SUSPENSÃO - Outros três tipos de conduta são passíveis de suspensão temporária do exercício do mandato: 1) usar poderes e prerrogativas do cargo para constranger ou aliciar servidor, colega ou qualquer pessoa sobre a qual exerça ascendência hierárquica, com o fim de obter favorecimento indecoroso; 2) revelar conteúdo de debates ou deliberações que a Câmara ou comissão resolvam que devem ficar secretos; e 3) fraudar, por qualquer meio ou forma, o registro de presença às sessões ou às reuniões de comissão. Artigos Terror contínuo Cristovam Buarque O Século XXI começou muito mal; como era de esperar por tudo que foi semeado ao longo do século anterior. Antes de completar seu primeiro ano, um grupo de fanáticos comete um crime impossível de ser cometido algum tempo atrás, pela falta dos equipamentos e da raiva. O Século XX criou o poder técnico de destruição e o acúmulo de mágoas sociais e intolerâncias. O resultado é um Mundo indignado com a arrogância dos ricos e assustado com o poder dos terroristas. As idéias chegam em pedaços, como os corpos das vítimas estão sendo encontrados. A perplexidade faz o pensamento emergir aos poucos, como se os jornais também usassem a linguagem das notícias na televisão, por imagens esparsas, em um videoclipe de idéias. Aliança de opostos - Além das vítimas diretas, os norte-americanos, somos todos vítimas dos atentados aos EUA. Envergonhados com o que seres humanos conseguem fazer, assustados com o que vai certamente se repetir. Paradoxalmente, serão vítimas, ainda por muitos anos, os muçulmanos do Mundo, especialmente árabes. Responsabilizados pelo que não fizeram e repudiam, serão vítimas do terror da discriminação e do terror virtual da mídia manipulando informações ao gosto da histeria coletiva e aumentando o preconceito. Não apenas o Islamismo, todas as religiões são um pouco vítimas do terror fanático destes dias. As crianças do Mundo se perguntam que religião e que Deus são esses em nome dos quais se cometem crimes e assistem a uma religião diferente ameaçando crianças na Irlanda. Elas vão crescer escolhendo seu fanatismo ou repudiando os deuses e religiões. Porém, as duas vítimas maiores dos terroristas serão a imagem dos EUA no Mundo, se os seus líderes, levados pela histeria do momento, fizerem vítimas civis e inocentes em países pobres do Mundo; e a democracia, se os líderes, como já fizeram no passado - inclusive Hitler -, usarem o terror como desculpa para, pouco a pouco, restringir as liberdades e construir ditaduras. Há vocações para o terror e vocações para o autoritarismo, e essas duas vocações se aliam como opostos unidos. A histeria - O povo norte-americano tem razão e direito de querer vingança. O povo tem o direito de levar esse sentimento até a histeria coletiva. Mas seus líderes não têm direito à histeria. Um estadista não pode ser histérico mesmo quando seu país está sob invasão. Ainda menos os líderes de outros países. Mas é o que estamos vendo. O presidente brasileiro tinha todas as condições de manifestar a tristeza do povo brasileiro, nossa solidariedade com o povo norte-americano, mas preferiu cair no ridículo de um discurso belicista, na pobreza metafórica de que daremos o sangue e ainda desperdiçou a primeira reunião de todas as lideranças nacionais sem definir um propósito, sem tirar uma única decisão. Podíamos ter tido um discurso de estadista olhando o Mundo novo que precisamos construir, mas tivemos um discurso histérico de que precisamos destruir. Reestatização do terror - O neoliberalismo privatizou tudo, até o terror. Até recentemente, o terror tinha algum suporte financeiro ou ideológico de parte de Estados. No Oriente Médio, o terror tinha apoio clandestino do governo soviético; em Cuba, tinha o apoio do governo norte-americano. Com o fim da guerra fria, os estados se afastaram do terror e ele cresceu à margem e sem possibilidade de controle. O que aconteceu em Nova Iorque é apenas um exemplo do que nos espera ao longo dos próximos anos do Século XXI. Por mais que matem terroristas, outros vão surgir e talvez até em número maior e com mais fanatismo, graças ao martírio provocado pela repressão norte-americana. Essa repressão seria uma forma de estatização descarada do terror feito por estados contra indivíduos e, em conseqüência, o terror escancarado de indivíduos contra vítimas inocentes. Invenções malditas - Toda invenção um dia se volta contra seu inventor. Isso foi dito pela primeira vez há 2,5 mil anos por um dramaturgo grego. O ser humano pode viver menos tempo do que o necessário para ser vítima de sua própria obra, mas as nações têm vida longa e sempre terminarão sendo vítimas elas também do que fizeram. O país que inventou a bomba atômica, um dia, lamentavelmente, terminará sendo vítima dela e possivelmente não por decisão de um país inimigo, mas de algum terrorista enlouquecido pelo fanatismo, ou pelo simples sadismo. No caso dos EUA, as caixas de Pandora não são apenas ferramentas, são também pessoas: Montesinos, Pinochet, Laden, Noriega, todos foram aliados armados, treinados e usados pelos EUA, em algum momento. Como Salinas, Collor, Menem, Fujimori foram meninos queridos e exemplos do FMI. O terror camuflado - O pensamento único da riqueza concentrada pelo neoliberalismo vem impondo uma forma de fanatismo tão radical quanto o dos terroristas, com a diferença de que o terrorismo do vitorioso é camuflado, não precisa explodir edifícios. As vítimas de Nova Iorque foram assassinadas diretamente por fanáticos, as crianças que morrem de fome a cada dia no Mundo não têm nenhum fanático assassino explodindo aviões sobre elas, mas morrem mesmo assim, quando poderiam continuar vivas, crescer e ser educadas, se o Mundo quisesse pagar um reduzido preço para isso. Seriam necessários apenas 28% do que os países africanos pagam pelo serviço da dívida externa, seis vezes menos do que os US$ 40 bilhões aprovados pelo Congresso americano para serem gastos na caçada aos terroristas, para proteger as crianças da África. Deixar alguém morrer, quando isso pode ser evitado, é uma forma de assassinato. É isso o que estão fazendo os dirigentes da economia mundial. A continuar nesse rumo, a terça-feira, 11 de setembro de 2001, durará todo o século, em um terrorismo contínuo. Colunistas DIARIO POLÍTICO Reengenharia política A marca de Jarbas Vasconcelos sempre foi a de não correr riscos na sua vida política. Por isso, fica cada vez mais difícil acreditar que ele vai se submeter às prévias do PMDB, que indicarão o candidato à Presidência da República em 2002. Quando já sabe que pode disputar a reeleição numa situação confortável, tendo como candidatos a senador Sérgio Guerra (PSDB) e Joaquim Francisco (PFL), além de Mendonça Filho na vice. Naturalmente, nada disso foi definido oficialmente mas está bem claro que o governador começou a arrumar a aliança para concorrer a um segundo mandato, apesar de permitir que seu nome circule nacionalmente, como um dos que vão enfrentar as prévias peemedebistas. E enquanto os partidos da oposição não se entendem para montar um palanque único, Jarbas Vasconcelos faz uma verdadeira reengenharia sucessória para acabar as desavenças entre os partidos que dão sustentação ao seu Governo. Com isso, colocou o PFL à reboque de suas decisões, o que parecia inconcebível há três anos, quando os pefelistaso ajudaram a chegar ao Palácio do Campo das Princesas. Tanto que, do jeito que as coisas estão caminhando, Marco Maciel, o comandante maior do PFL, não estará na chapa majoritária como gostaria e defendem os macielistas. Se os oposicionistas não abrirem os olhos, vão ter que enfrentar uma chapa governista forte, que tem os principais ingredientes para ganhar uma eleição: a máquina administrativa, o dinheiro e os votos. João Paulo reúne o secretariado, segunda-feira, em seu gabinete, no 9º andar da PCR. Com início marcado para às 8h30 e a previsão de durar a manhã inteira entrando pela tarde Palanque A oposição continua se dividindo. Enquanto o PPS e o PDT formaram um bloco para disputar o Governo do Estado, o PCdoB decidiu que não coliga com o PT e sim com o PSB para eleger Renan Calheiros deputado estadual. Desse jeito, o palanque de Luís Inácio Lula da Silva, em Pernambuco, só terá petistas. Programa 1 Depois de acusar a administração de Jarbas Vasconcelos de "governo de um obra só", José Queiroz (PDT), vai utilizar o programa de TV do PDT, que será veiculado segunda-feira, às 20h30, para defini-lo como virtual Programa 2 A propaganda pedetista terá 20 minutos e fala do fracasso do governo estadual nas áreas de Educação e Segurança Pública e denuncia superfaturamento na BR-232 dizendo que a obra vem sendo questionada pelo TCE. Exagerados Fernando Ferro (PT-PE) acha que os funcionários da Embaixada dos Estados Unidos exageraram quando receberam o presidente FHC em pé e revistaram o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, no dia que os dois apresentaram suas condolências pela tragédia americana. O deputado tem toda razão. Maldade 1 Os deputados não perdoam Roberto Magalhães porque ele permitiu que seu filho, Carlos André, disputasse uma vaga na Assembléia em 2002. Andam dizendo que, como ninguém transfere voto em Pernambuco, dificilmente ele terá sucesso. Maldade 2 Alguns foram ainda mais longe. Disseram que, além disso, " quem não gosta de gastar dinheiro, não tem bases no interior, não come sarapetel nem buchada, dificilmente conseguirá votos dos pernambucanos". Maldosos, os deputados. Peso Vem despertando interesse de pesos pesados da advocacia de Pernambuco, a substituição de Arthur Pio dos Santos, que se aposentou do TJPE. O advogado Fernando Eduardo Ferreira, que dirige há mais de dez anos o departamento jurídico do Grupo Votorantim, admite postular a vaga. Ética Romário Dias (PFL) anuncia que já foi formada a comissão interpartidária de 11 deputados que vai definir o Regimento Interno e o Código de Ética da Assembléia Legislativa. Garibaldi Gurgel, do PMDB, pediu que fosse consignado na ata dos trabalhos legislativos um voto de aplausos pelo lançamento do livro O Berço da Serpente, do médico Gustavo Trindade Henriques. Um deputado pegou logo a deixa para uma piada:" Esse devia ser o livro oficial da Assembléia". Editorial Voz do povo Pesquisa de opinião pública realizada pelo Instituto Gallup em diversos países em dois continentes revelou que 80% dos europeus e 90% dos latino-americanos são favoráveis a que os responsáveis pelo atos terroristas realizados nos Estados Unidos sejam presos, extraditados e levados a julgamento. A percepção popular é clara. É necessário punir os culpados, mas evitar a guerra indiscriminada. Os europeus estão acostumados ao rigor dos conflitos armados. No Velho Continente ocorreram as duas grandes guerras que mudaram os destinos do Mundo. Na primeira, os antigos impérios se jogaram numa aventura suicida. Poucos sobreviveram. Na segunda, houve a corrida nuclear, que matou milhões de civis, foi iniciado o bombardeio sistemático de cidades inteiras e lançadas as bases da bipolaridade entre União Soviética e Estados Unidos. Os latino-americanos, que vivem no Novo Mundo, conhecem a guerra nos conflitos internos resultantes de políticas locais equivocadas ou corruptas. Em todo o continente há histórias infindáveis de crueldades, vinganças, disputas, paroquiais ou de fronteiras, em que a população é severamente punida. A guerra é suja. Não tem precisão. Atinge a todos por igual. Não distingue entre homens, mulheres e crianças. Uns e outros possuem, portanto, razões de sobra para não desejar a guerra. Em teoria, o conflito deverá ocorrer muito longe de europeus e latinos, mas o confronto moderno se espalha com a velocidade ditada pela globalização. Bomba que cai lá no Afeganistão esparge prejuízos por todo o planeta. E aduba o campo onde viceja o germe do ódio. As retaliações não têm pátria. Podem acontecer em qualquer ponto do globo. Melhor viver em paz. O Mundo ficou pequeno. A opinião de europeus e latinos demonstra interessante e atualíssima percepção dos riscos atuais. O conflito sem fronteiras e sem inimigo visível, tal como anunciado pelo presidente George W. Bush, é decisão de altíssimo risco para populações inteiras e, de resto, para o futuro da Humanidade. Não existem limites para retaliações a partir dapoderosa máquina de guerra norte-americana. Terrorista suicida não tem valores a proteger. Vida e morte estão decididas. Vida e morte de terceiros não o preocupam. Sua missão é mais importante. Nada se sobrepõe a ela. Destruir, demolir, prejudicar, inflingir pesadas perdas é seu destino. Sua preocupação. No mundo das retaliações crescentes, vinganças intermináveis e dos ódios profundos a guerra passa a ser o objetivo a ser perseguido. Quanto mais conflito e quanto mais violento for, melhor será. É a escalada do terror. O povo entende do assunto, mesmo a distância. Há cheiro de catástrofe internacional no ar. A tragédia de Nova Iorque pode se repetir em outro cenário. Os terroristas mostraram audácia insuspeitada. Daí a preferência para que haja prisão e julgamento. É um sinal de inocência que ainda vive no coração das pessoas. Um final pouco razoável para a monumental crise que envolve a Humanidade. Mas sinal de que o ser humano, afinal de contas, ainda tem capacidade para refletir sobre assuntos graves. Ebuscar soluções quase consensuais sem recorrer ao tiro de canhão. Topo da página

09/23/2001


Artigos Relacionados


Deputado admite disputar o Governo

Mozarildo desiste de disputar governo e critica governador de Roraima

Governo renova convênios do Vivaleite na região de Piracicaba

Sete grupos se inscrevem para disputar o leilão da BR-163/MT

Grupos se inscrevem para disputar leilão de rodovias no DF, GO e MG

Atletismo paraolímpico recebe R$ 1,3 milhão para disputar em Guadalajara