Qualificação abre novos caminhos para quem procura emprego
PATs oferecem mais de 90 modalidades de cursos gratuitos, na capital e interior de SP
Desde agosto, salas do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (Ceetps), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) vivem apinhadas de gente. São pessoas fora do mercado de trabalho, motivadas por um só objetivo: qualificação profissional. Diariamente novas turmas são abertas em todas as regiões da capital e interior paulista. Só para ter idéia, há mais de 10 mil alunos em salas de aula das três instituições, com o objetivo de realizar cursos oferecidos pela Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), por meio dos Postos de Atendimento ao Trabalhador (PATs).
Se depender da demanda, esses espaços continuarão lotados já que, no momento, perto de cinco mil vagas estão à disposição dos interessados. Mais para frente, até 2010, a meta é atingir, ao todo, 180 mil pessoas qualificadas nas funções mais procuradas pelos empregadores, informa Juan Carlos Dans Sanchez, coordenador de Políticas de Emprego e Renda da Sert. “Nosso objetivo é reduzir o número de vagas abertas. Começamos, dois meses atrás, com 13 mil vagas, reduzidas para sete mil, número que agora está perto de cinco mil”, comemora o coordenador. “A expectativa é chegar, até dezembro, a cerca de 30 mil vagas.”
Segundo Sanchez, quem procura o PAT é convidado a participar de cursos gratuitos em, pelo menos, 90 modalidades. De soldagem, informática básica, pedreiro, eletricista a costura industrial, atendimento ao cliente, segurança em condomínios, hotelaria, cozinha para restaurante e lanchonete, recepcionista e muitos outros.
Amplo leque – O ciclo de encontros tem 200 horas-aula, com ênfase nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, além de 80 horas de conteúdo prático. “São matérias de habilidades específicas e gerais, com reforço no ensino básico”, explica o professor Cristiano de Souza Lima, do Senac da Penha. Na unidade, Lima ministra manutenção de microcomputadores. “Por esse aprendizado, o aluno terá autonomia tanto para trabalhar em empresas como por conta própria”. É o caso de João Paulo Campello que, embora exerça a função de consultor, aprecia a área de computação. “Tenho interesse em montar um negócio”.
Na sala ao lado, alunos vivem às voltas com o bê-a-bá da informática básica, uma das modalidades. “A maioria não sabia sequer ligar o computador, quando aqui chegou, hoje domina o teclado, um avanço para eles”, avalia a professora Paula Cristina Ischkamian. Sua aluna, Sirley Aparecida Viana Pereira, cujo marido acaba de se diplomar em manutenção de micro, está animada. “Busquei informática, porque quase tudo abrange essa ciência. Eu, por exemplo, no futuro quero mesmo é cuidar de pessoas da terceira idade. E qual não foi minha surpresa ao descobrir que aqui tem curso voltado para essa área, o de cuidador de idoso”.
Os alunos recebem material didático gratuito da Fundação Padre Anchieta. São apostilas, caderno, lápis, borracha e caneta. Contam, ainda, com benefícios, como o direito a lanche no intervalo das aulas e vale transporte. As instituições de ensino participantes do programa dão acesso aos recursos – computador, DVDs, data-show, além de salas confortáveis.
Satisfação e planos – Um dos requisitos para fazer parte do programa de qualificação é ter entre 20 e 59 anos, estar desempregado e se cadastrar em um dos PATs distribuídos pelo Estado. Nas cidades onde não há posto, o interessado deve ir direto ao Senac, Senai ou Centro Paula Souza. O nível de escolaridade varia de acordo com o curso escolhido. Maria do Socorro Menino, aluna de técnicas de segurança em condomínio, é professora, formada em Direito e Pedagogia, com várias especialidades. “Fiz até curso de corte e costura. Na verdade, quero mesmo é me encontrar. Por isso, estou aqui, dessa vez com a esperança de abrir o meu próprio negócio, que ofereça vários tipos de mão-de-obra: pedreiro, encanador, eletricista, babá e churrasqueiro”.
Alunos das primeiras turmas do programa estão satisfeitos com o conteúdo dado em sala de aula. Para eles, mais do que proporcionar reforço escolar e capacitação, os encontros ajudam a elevar a auto-estima dos participantes. Essa é a conclusão de Valéria Coelho, inscrita em excelência no atendimento ao cliente, na unidade do Senac da zona oeste da capital.
Aos 45 anos, voltou ao trabalho há dois, depois de 14 anos afastada. “Perdi a conta de quantos currículos enviei pela Internet. Todos sem resposta. Procurei o PAT, soube do curso e me inscrevi. Fiquei muito tempo parada e me sentia insegura, sem foco”.
Mapeamento revela necessidades do mercado e do trabalhador
Para Juan Carlos Dans Sanchez, coordenador de Políticas de Emprego e Renda da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho, a maneira que a pasta está oferecendo cursos é totalmente inédita em São Paulo. E se só tornou possível graças às parcerias firmadas, aliadas ao grande estudo realizado no ano passado pela Sert, que fez um diagnóstico (disponível no site da secretaria) para chegar aos temas e ao formato dos cursos. “Foi realizado um diagnóstico com o objetivo de conhecer as reais necessidades do mercado e dos trabalhadores”.
Durante oito meses, a secretaria concentrou-se num grande levantamento da situação do problema em São Paulo. A força-tarefa envolveu prefeitos, convidados a responder questionários, trabalhadores, empregadores e poder público. Todos participaram de oficinas para, na seqüência, cruzar tais ações com dados socioeconômicos da Fundação Seade.
“Como o mercado é muito dinâmico, o diagnóstico será permanentemente atualizado. Em 2009, novo estudo indicará se as modalidades oferecidas ainda concentram as atividades mais procuradas pelas empresas. Outra novidade é a contratação de consultoria para acompanhar, por um período, egressos dos cursos. “Queremos saber qual o impacto desses treinamentos na vida das pessoas e de suas famílias”, comenta Juan. Segundo ele, o trabalhador pode não conseguir emprego com carteira assinada, mas, por outro lado, pode obter renda com trabalhos temporários. “Vamos mapear tudo isso”.
Até lá, o coordenador festeja os resultados atuais. Na semana passada começaram as primeiras formaturas em algumas cidades, como São Paulo, Assis, Franco da Rocha, Carapicuíba e Mogi das Cruzes. Uma delas tocou fundo seu coração: a turma de 30 garçons, em Mogi das Cruzes. Mal terminou o evento, todos foram contratados.
SERVIÇO
Outras informações no site www.emprego.sp.gov.br/pat
Maria das Graças Leocádio, da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)
10/23/2008
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