"Racismo à Brasileira" desmascara preconceito, diz Paim



Num país dominado pela idéia da mistura de etnias como fator de integração, descobre-se que crianças e adolescentes negros têm mais dificuldade em passar de ano, mesmo quando os alunos brancos usados na comparação são irmãos desses alunos negros. É o que afirma o estudioso norte-americano Edward Telles em seu livro Racismo à Brasileira, cuja resenha foi lida nesta segunda-feira (20) em Plenário pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

Escrita pelo jornalista Elio Gaspari e publicada em vários jornais no domingo (19), a resenha trata o livro de Telles, professor da Universidade da Califórnia, como obra destinada a ferir profundamente o mito da democracia racial brasileira. Usando a estatística como uma de suas ferramentas principais, o estudioso mostra, por exemplo, que entre os 1.060 diplomatas brasileiros há apenas oito negros. Essa tremenda desigualdade não impediu o embaixador Celso Amorim, hoje ministro das Relações Exteriores, de afirmar, numa reunião em Genebra, em março de 2000, que -a essência do Brasil como nação se expressa através da afirmativa mistura étnica e da tolerância-.

Empenhado em aprovar até o final deste ano o Estatuto da Igualdade Racial, o senador recomendou a leitura do livro e pediu que a resenha, lida por ele na íntegra, fosse incluída nos anais do Senado.

- O livro manifesta apoio às políticas afirmativas - disse Paim, referindo-se a medidas como a reserva de vagas para negros nas universidades públicas.

Comparando números brasileiros e norte-americanos de 1960, ano em que o sistema de cotas começou a vigorar nos Estados Unidos, e 1996, Telles constatou que em 1960 um branco norte-americano tinha 3,1 vezes mais chances de se tornar um profissional liberal do que um negro. Trinta e seis anos depois, as chances caíram para 1,6. No Brasil , as chances do branco, que eram de 3,1 em 1960, aumentaram para 4,8, no caso das mulheres, em 1996.



20/10/2003

Agência Senado


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