Randolfe Rodrigues diz que crise mundial se assemelha à de 1929 e quem paga é a sociedade




As medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo brasileiro para fazer frente à crise econômica mundial farão com que a sociedade tenha de pagar uma vez mais a conta, disse em Plenário o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-PA).

O parlamentar embasou sua conclusão em artigo da economista Maria da Conceição Tavares, publicado na revista Carta Capital, em que a economista compara a atual crise econômica mundial à depressão norte-americana de 1929, considerando-a, portanto, uma crise "mais longa, danosa e desagregadora". O derretimento do dólar não está sendo controlado pelo governo dos Estados Unidos, cuja dívida pública aumenta cada vez mais, assinala a economista. Ela alerta ainda, diz o senador, para a fluidez dos capitais que, não se sabe se trata-se de mero capital especulativo que escaparia ao controle dos estados nacionais ou se são investimentos produtivos de longo prazo.

Para Randolfe, as medidas de contenção adotadas pelo governo brasileiro se assemelham à postura do Tea Party, tendência conservadora do Partido Republicano norte-americano, que exige do governo Obama redução de gastos, mas não aceita aumento de impostos da camada mais rica da população. O parlamentar recordou apelo feito nesta semana pela presidente Dilma Rousseff para que deputados e senadores não aprovem propostas que impliquem aumento de despesas.

Randolfe ressaltou que a intenção do governo é evitar a aprovação de propostas como a PEC 300, que prevê aumento salarial para bombeiros e policiais militares, não promover ajuste de salários dos servidores públicos, não permitir a votação da regulamentação da Emenda 29, que aumenta os recursos para a saúde, e não conceder aumento de recursos para educação em 10% do Produto Interno Bruto (PIB), entre outras concessões.

-Mais uma vez, é a maioria da sociedade e o setor produtivo que têm pago a conta da crise. Agora, não por acaso, a crise, mais uma vez, é uma crise do setor financeiro privado, que deságua numa gigantesca crise global - reclamou.

De acordo com Maria da Conceição Tavares, insistiu Randolfe, o presidente norte-americano está se mostrando um presidente sem forças diante dos conservadores do Partido Republicano. Randolfe salientou que eles são adeptos da corrente ortodoxa da economia que propõe cortes de gastos públicos e sociais e desregulamentação do mercado financeiro. Tais medidas, lembra o parlamentar, levaram à crise financeira mundial de 2008, e a tendência é que, se adotadas agora, irão agravar a crise atual.

O parlamentar recebeu aparte de Cristovam Buarque (PDT-DF) para quem não se trata de uma crise meramente econômica, mas da "exaustão de um modelo econômico de desenvolvimento". Ele quer que os parlamentares debatam o tipo de desenvolvimento que o país precisa:

- Queremos mais renda e consumo ou mais bem estar? - indagou Cristovam.

Faxina no governo

Ao final de seu discurso, Randolfe disse que além das denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes, surgem agora denúncias contra o Ministério do Turismo. O parlamentar prometeu apoiar "a faxina" prometida pela presidente Dilma Rousseff em todos os casos de corrupção que, insistiu, precisam ser apurados.



09/08/2011

Agência Senado


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