Rede federal de ensino profissionalizante agora também forma professores e mão-de-obra de nível básico



O ensino profissionalizante está ganhando nova configuração no país com a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets), como assinalado pelos expositores em audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), nesta quarta-feira (9), para debater a implantação dessas novas unidades de ensino. Nesse novo formato, além dos técnicos de nível médio e tecnólogos com formação superior, esses institutos vão também formar e capacitar professores e mão-de-obra de nível básico dentro das exigências atuais do mercado de trabalho.

VEJA MAIS

- Pensar hoje a educação profissionalizante nos remete a um tempo em que a produção tem como forte marca o incremento da ciência e da tecnologia e a rápida obsolescência dos conteúdos, além da forte valorização do saber formal - disse o representante do Ministério da Educação no debate, Luiz Augusto Caldas Pereira, ao tratar do contexto que inspirou a nova política.

Conforme Luiz Augusto, a previsão é de que a rede de Ifets alcance 354 unidades dentro de mais cinco anos. Nesse balanço, estão 214 institutos com implantação decidida no atual governo, dos quais 70 já estariam prontos e cem com inauguração prevista para esse ano. A conta é fechada com os 140 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) que já existiam em 2002, agora transformados em Ifets e começando a operar com base no novo modelo pedagógico.

- Os institutos vão formar desde pedreiros qualificados a engenheiros, mas também doutores - explicou Luiz Augusto, que responde pela Diretoria de Formulação de Políticas de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação.

Na comparação com os Cefets, ele disse que os institutos se destacam pelo compromisso de atuar na formação básica e continuada de professores, o que considera fundamental diante do diagnóstico da carência de mestres para atender à expansão do ensino médio. Além disso, observou que há um viés de inclusão social mais acentuado, por meio de programas de formação de mão-de-obra de nível básico, em regime de extensão pedagógica. Outra característica seria a intensificação da interiorização da rede, em apoio à descentralização econômica e ao desenvolvimento regional.

Centenário do ensino técnico

O presidente do Conselho de Reitores dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, Paulo César Pereira, disse que o momento é de "crescimento e transformação" para o ensino profissional. Ele assinalou que as mudanças estão se consolidando exatamente no ano em que a rede federal de escolas profissionalizantes completa cem anos de criação - o sistema foi instituído em setembro de 1909, pelo presidente Nilo Peçanha, com a criação de 19 escolas nas capitais estaduais de então.

Pereira, que é reitor do Ifet de Goiás, aproveitou ainda para elogiar o Executivo, pela iniciativa da proposta, e o Legislativo, pela aprovação do plano de expansão do ensino profissionalizante. Segundo ele, os dois poderes chegaram a enfrentar críticas repetidas, para ele equivocadas, à expansão dos gastos na contratação de novos professores e servidores. Na sua avaliação, são despesas da mais alta importância, inclusive pelos benefícios em termos de inclusão social de jovens.

- Um aluno dos Ifets custa vinte vezes menos do que um reeducando na Febem. E a gente sabe do retorno que esse aluno que passa pelos institutos federais traz para a sociedade e ao país, não somente como força de trabalho para as empresas, mas como um potencial empreendedor de uma pequena ou mesmo uma grande empresa - comentou o reitor.

A diretora do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissionalizante (Sinassefe), Tânia Maria Barbosa Guerra, concordou que a expansão da rede é um marco histórico. Segundo ela, a preocupação dos servidores é com a qualidade desse crescimento da rede - a previsão é de uma oferta total de 500 mil matrículas, nos diversos cursos, em 2014. Para isso, ele disse ser indispensável a valorização de professores e servidores, além de uma gestão "democrática e compartilhada" do sistema com esses três segmentos da comunidade escolar.

- Para nós, uma gestão democrática vai além da eleição de dirigentes nas escolas, devendo se basear ainda na superação do autoritarismo e na descentralização das decisões - defendeu.

Gorette Brandão / Agência Senado



09/09/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Piso salarial dos professores do ensino básico poderá ser fixado em R$ 1,2 mil e ter forma de reajuste alterada

Senado aprova reajuste dos salários de professores da rede federal de ensino

Flexa Ribeiro cobra apreciação do veto à inclusão dos professores do ensino militar no plano de carreira do ensino básico

Wilson Santiago comemora ampliação da rede federal de educação profissionalizante

Capes vai colaborar na formação de professores do ensino básico

Cristovam alerta para qualidade ruim do ensino básico e baixa qualificação da mão de obra