Redução de CO2, questão de saúde pública



Quatro pessoas morrem por dia por causa de doenças agravadas pela poluição, isso representa quase 1,5 mil por ano

Responsável pela coordenação de uma mesa de debates no 3º Encontro, Paulo Saldiva, professor-titular do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, aproveitou a ocasião para alertar sobre a relação da emissão de poluentes com as condições de saúde pública. Ele coordena o Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade, que apurou a morte de quatro pessoas por dia em decorrência de doenças agravadas pela poluição. Ou seja, quase 1,5 mil por ano.

As principais vítimas são pessoas que sofrem de doenças cardiorrespiratórias. Há também as que têm condições de vida mais vulneráveis. De acordo com Saldiva, a poluição é muito mais concentrada nos corredores de ônibus, por exemplo. “Em duas horas de viagem, o usuário respira facilmente o dobro de partículas estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)", informa.

O professor diz que a ciência durante muito tempo publicou artigos, depois compilados pelos principais órgãos de saúde do mundo, para apresentar o impacto da poluição na saúde e o custo decorrente dele. “Falta agora a ação”, defende. Mas, segundo ele, “não tem sido feita a conta da saúde para isso”. E explica: “Você perde mais do que o seu tempo no trânsito, você perde saúde. O custo de saúde humana, em conseqüência dos problemas causados pela poluição atual de São Paulo, é de R$ 1,3 a R$ 2 bilhões por ano”, avisa.

Defende que os investimentos para melhoria do transporte público, por exemplo, podem ser muito menores. Cita o exemplo da renovação da frota de ônibus, com adoção de veículos de menor potencial poluidor. “É um bom negócio. Porque o retorno que ocorre em diminuição de gastos em saúde é muito maior do que o dinheiro investido”, afirma. Ele informa que isso foi constatado num trabalho de pesquisa científica.

O professor ressalta ainda que a capital paulista exporta poluição para localidades a quase 600 quilômetros de distância e já tem, em alguns lugares, padrões equivalentes aos dos municípios mais poluídos do mundo, como a Cidade do México. "Em termos de partículas finas (grãos de poeira com dimensões muito pequenas), nós já passamos. Em níveis de ozônio, podemos passar em breve”, alerta. 



03/25/2008


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