Relator da CPI do Banestado diz que BC cometeu ilegalidade



Em entrevista à imprensa nesta terça-feira (12), o relator da CPI do Banestado, deputado José Mentor (PT-SP), disse que, com base no que já foi apurado até o momento pela comissão, é possível afirmar que as autorizações especiais, fornecidas pelo Banco Central, para que os carros-fortes transportassem dinheiro em espécie pela fronteira do Brasil com o Paraguai constituíram uma alteração que infringiu a lei.

- A lei foi agredida com a alteração que foi perpetrada pelo BC. Nós já ouvimos o ex-diretor do BC Gustavo Franco quando a operação foi implantada e, com relação ao início da operação, eu percebo que a comissão já tem assentada a idéia de como tudo começou, como, quando e por que ela foi modificada. A responsabilidade do Banco Central já está contornada, está delineada, restando agora saber quanto cada um contribuiu para isso - afirmou o relator.

O deputado acredita que os próximos depoimentos, dos ex-diretores de Fiscalização do Banco Central Teresa Grossi e Cláudio Mauch, permitirão saber por que, depois de as irregularidades terem sido alertadas ao BC, não houve por parte do banco a interrupção dos procedimentos irregulares.

- Esse aspecto justifica ouvir os outros diretores - acentuou Mentor.

Já o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), não quis antecipar uma avaliação sobre a atuação no caso da ex-chefe da Fiscalização do Banco Central, Teresa Grossi, que, segundo a CPI do Paraná, teria sido no mínimo omissa. Ele destacou, porém, que pedido da CPI paranaense para quebra do sigilo bancário de Teresa Grossi já foi encaminhado a juiz federal do Paraná, que está analisando a argumentação da CPI da Assembléia Legislativa.

Antero ressaltou ainda que a CPI já marcou a audiência dos principais depoentes indicados pelos deputados da CPI paranaense, como Teresa Grossi, o ex-diretor de Fiscalização do BC Cláudio Mauch, o ex-funcionário do Banestado Eraldo Ferreira, e os ex-diretores do Banco Araucária Ruth Wathely Bandeira e Alberto Dalcanale.

- Creio que a reunião de quinta-feira (14) com o depoimento do Alberto Dalcanale e da Ruth Watherly será muito esclarecedora - disse Antero.

Banestado

Sobre os depoimentos dos deputados estaduais do Paraná que coordenaram as investigações no estado sobre o esquema de evasão de divisas, o deputado José Mentor disse que ficou evidente a existência de uma organização interna do Banestado que envolvia gerentes, diretores e também um procedimento -normatizado- para dar vazão às irregularidades. Mentor também considerou como novidade a informação dada pelos deputados da ocorrência, comprovada, de outras formas de burlas destinadas a favorecer a sonegação, a evasão fiscal e o caixa dois das empresas fraudadoras.



12/08/2003

Agência Senado


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