Relator já tem propostas para mudanças no uso de cartões corporativos



O relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Cartões Corporativos, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), anunciou em entrevista nesta terça-feira (15) duas sugestões que apresentará em seu relatório final de mudanças na regulamentação do uso de cartões de pagamento do governo federal. O deputado proporá que apenas um reduzido número de cartões corporativos possa ser usado para saques. Também sugerirá que o Banco do Brasil use "filtros" na administração desses cartões de forma a impedir, por exemplo, compras em free shops.

- Já temos algo de positivo a apresentar - afirmou o relator.

O deputado disse ainda que dúvidas não esclarecidas de suposto uso irregular de cartões corporativos levantadas pela CPI Mista serão encaminhadas, ao fim dos trabalhos, para órgãos de investigação competentes, como a Controladoria Geral da União (CGU). Esse poderá ser o caso, exemplificou, de gastos com material esportivo realizados com cartões de funcionários de uma universidade paulista na Alemanha, durante a Copa do Mundo de 2006.

- Esses são gastos de difícil explicação - disse Luiz Sérgio.

O relator afirmou ainda que a CPI Mista não terminará sem que o relatório dele seja aprovado ou rejeitado. Portanto, a comissão não termina esta semana, como a imprensa vinha especulando, destacou. Luiz Sérgio também lembrou que existem mais de cem requerimentos na pauta de votações da comissão.

O relator posicionou-se contrariamente a requerimento que pretende convocar Lurian Cordeiro Lula da Silva, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para depor na comissão, por considerar "sem pé nem cabeça" essa proposta. Disse ainda que requerimentos pedindo a presença de ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso devem ficar em suspenso, a não ser que surjam evidências de que esses ministros cometeram irregularidades.

O relator destacou que os três ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva que vieram à comissão haviam cometido irregularidades apontadas pela CGU. Disse também que os ex-ministros do governo FHC que compareceram à CPI o fizeram para trazer contribuições e que contra eles não havia qualquer suspeita.

Documentos

Também em entrevista nesta terça-feira, a presidente da CPI Mista, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), garantiu nunca ter dito que renunciaria ao cargo de presidente da comissão. Marisa disse apostar na mudança de posição de alguns parlamentares da comissão e se mostrou esperançosa com a possibilidade de novos requerimentos serem votados na reunião desta terça-feira.

A senadora afirmou ainda que devem chegar nesta semana ao Congresso mais 700 caixas de documentos do governo para serem analisados pela CPI e lamentou que um governo "que investe tanto em tecnologia" não tenha esses dados em meio eletrônico.

- Parece que é para enterrar a CPMI - comentou.

A senadora destacou, porém, que o Banco do Brasil enviará as informações em meio digital aos parlamentares e que há funcionários da comissão trabalhando na organização dos dados encaminhados à CPI em papel.



15/04/2008

Agência Senado


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