Relator ressalta gravidade de denúncias contra Perillo e oposição critica condução da CPI



Dividiu a opinião dos parlamentares o depoimento do radialista Luiz Carlos Bordoni à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que investiga as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. Enquanto parlamentares do PSDB desqualificaram a testemunha e criticaram a condução da CPI, os governistas disseram que a situação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), se complicou.

O radialista, que trabalhou na campanha de Perillo ao governo de Goiás em 2010, repetiu na comissão suas acusações contra o governador. Segundo Bordoni, parte do que recebeu pelo trabalho foi paga pelo próprio Perillo e outra parte foi paga, sem que ele soubesse, por empresas ligadas a Carlinhos Cachoeira, principal investigado da comissão e preso desde fevereiro, acusado de comandar uma organização criminosa.

- Essa pessoa não tem qualificação para ficar por uma hora e quinze falando: quinze minutos sobre a sua atividade e uma hora sobre o que ele achava que essa CPI tem que investigar. A sua história de vida não é qualificadora da posição dele aqui hoje, não é – afirmou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Os principais argumentos usados pelos parlamentares foram processos sofridos por Bordoni, assim como o fato de o radialista não ter pago, à época do recebimento dos valores, o imposto devido. O imposto, segundo Bordoni, foi pago à Receita Federal após o surgimento das denúncias. Segundo parlamentares tucanos, o radialista também já teria escrito texto em defesa do nazismo e, em entrevista, teria afirmado ter sido abduzido por extraterrestres.

- Tentaram me desqualificar, mas é a estratégia de partidos que têm interesse em blindar o companheiro, o filiado. Faz parte da estratégia e do jogo, mas é terrível porque eles não têm medidas pra isso e partem para tudo – afirmou o radialista após a reunião.

O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que o depoente presta serviços e convive com Perillo há 14 anos, sem nunca ter recebido críticas dos aliados do governador. Para ele, o depoente não caiu em contradição e fez denúncias contra Perillo, que merecem investigação.

- O governador Marconi Perillo, fica evidente, teve sua campanha financiada com dinheiro do crime organizado. É uma questão grave e será analisada por nós – afirmou.

Para o deputado Sílvio Costa (PTB-PE), é difícil acreditar que a versão de Bordoni não seja verdadeira por haver nela elementos ruins para o próprio depoente. Para ele, com o depoimento, Perillo ficou “no olho do furacão”.

O relator não descarta a realização de acareação entre os envolvidos, para a qual Bordoni já se colocou à disposição. Odair Cunha disse que os pedidos serão analisados em momento oportuno. A próxima reunião administrativa da comissão, segundo o relator, deve ser realizada no dia 5 de julho.

Direcionamento

Para o senador Mário Couto (PSDB), a CPI perdeu sua finalidade e está dirigida a acusar Perillo em vez de convocar depoentes importantes como o dono da Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do departamento Nacional de Infraestrutra de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot. Couto, que deixou a reunião aos gritos, disse tê-lo feito pelo fato de a CPI não ser séria.

- Eu me retirei do plenário [da comissão] e não vou mais a essa CPI porque eu acho que ela perdeu a sua credibilidade – disse o senador, que não é membro da CPI.

O deputado Carlos Sampaio também disse considerar que a CPI não é séria na investigação e se declarou envergonhado por dela participar.

- Não me sinto à vontade, permaneço aqui como membro titular porque é a missão que me foi dada e sei o ônus que me cabe como parlamentar. É a primeira CPI da qual, volto a dizer, começo a me envergonhar.

Cavendish

O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), por sua vez, declarou que, sem a convocação de Cavendish e Pagot fica difícil responder às acusações de que a CPI é usada para luta partidária.

- Apelo ao PT para que decida logo essa vinda do Cavendish. Porque está na mão do PT - disse.

Em resposta à crítica de Sampaio, o vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), garantiu que os trabalhos estão sendo conduzidos com imparcialidade.

- Quem decide e quem aprova todos os requerimentos é o colegiado da CPI. Eu creio que a CPI está cumprindo sua finalidade, não há qualquer tipo de viés e vamos manter o aspecto democrático e o respeito devido na sua condução - respondeu.



27/06/2012

Agência Senado


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