Relatório final é rejeitado e CPI do Cachoeira termina sem responsabilizar ninguém



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Depois de quase oito meses de trabalho, a CPI do Cachoeira encerra suas atividades sem apontar responsáveis pelo envolvimento no esquema de corrupção comandado por Carlinhos Cachoeira. O relatório final do deputado Odair Cunha foi derrotado nesta terça-feira (18) por 18 votos a 16, com votos de parlamentares do PSDB, de parte do PMDB e de outros partidos menores.

No lugar do texto de Odair Cunha, o documento oficial produzido pela CPI fica sendo as duas páginas do voto em separado do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), aprovado já no fim da reunião por 21 votos a 7. A alternativa de Pitiman não  propõe a responsabilização de ninguém, mas determina o compartilhamento de todo o material em posse da CPI com o Ministério Público e com a Polícia Federal.

Antes disso, no início da sessão, um requerimento com comando semelhante já havia sido aprovado por unanimidade pelos parlamentares. Com isso, todo o material obtido ao longo das investigações, inclusive sigilos bancários, fiscais, telefônicos e de dados irão para o MP.

Concessões

O relator Odair Cunha tentou aprovar seu texto, retirando, há algumas semanas, referências a pedido de investigação contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e indiciamentos de jornalistas, entre eles alguns da revista Veja.  Mas ainda assim, ele não conseguiu apoio da maioria dos integrantes da comissão.

Odair manteve acusações contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish. O relatório dele conclui pela acusação de 41 pessoas: para 29, foi recomendado o indiciamento; e para 12, por terem foro privilegiado, foi solicitada a responsabilização. Todas, na visão do relator, têm ou tiveram relação com o esquema ilegal de Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar uma quadrilha ligada à exploração de jogos ilegais, envolvendo autoridades e agentes públicos.

Debates

Antes da votação, dois integrantes se manifestaram a favor e contra o documento. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), por exemplo,disse que o relator usou dois pesos e duas medidas ao responsabilizar apenas o governador tucano Marconi Perillo, e se utilizou de uma “blindagem” para favorecer interesses do governo federal:

– Não avançamos no essencial. A CPI termina onde deveria começar.  Detectamos 18 empresas que receberam R$ 421 milhões de origem ilícita. Por que não houve essa investigação?  A blindagem se estabeleceu, para que o desgaste não atingisse o governo federal – criticou.

O senador Randolfe Rodrigues, por sua vez, mesmo com restrições ao texto de Odair Cunha, considerou melhor aprovar o relatório do que deixar a CPI terminar sem uma conclusão oficial.

- Tenho minhas críticas, mas a CPI precisa apresentar um  relatório. É insuficiente, mas pelo menos, responsabiliza  Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta.  Isso vai para o MPF, que pode ir além. Não é um relatório perfeito, mas será luz de lamparina na noite da impunidade existente no Brasil – afirmou o senador, que também criticou a presença de parlamentares que nunca apareceram na comissão.



18/12/2012

Agência Senado


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