Renan afasta assessor acusado de espionagem e nega participação no caso



"É mentira. Repito. É mentira! Não pedi, não ordenei, não autorizei, não deleguei, não encomendei nenhuma atrocidade como esta". Ao negar qualquer envolvimento em uma suposta tentativa de espionagem contra os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) determinou a abertura de uma sindicância para investigar o fato. Ele também afastou, até a conclusão das apurações, o assessor da Presidência da Casa, Francisco Escórcio, acusado de ter proposto a instalação das câmeras que espionariam os senadores.

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Renan Calheiros classificou de mau jornalismo as notícias que vem sendo publicadas pela imprensa com acusações contra ele. Ao argumentar que há uma "cooperativa de calúnia" em campanha para derrubar o presidente do Senado, ele disse que a força da verdade derrubou todas as "falsas imputações" e as "acusações torpes" que lhe foram imputadas.

- Em todos os momentos que as velhas denúncias vão ficando frágeis, vão caducando por inverídicas e ficando débeis por inconsistentes, busca-se uma nova trama para envenenar o ambiente e indispor-me com os senhores senadores e senadoras e alimentar artificialmente a crise - afirmou o senador.

Renan Calheiros também negou que tenha feito qualquer espécie de levantamentos sobre a vida pessoal ou política dos senadores. Ele disse desaprovar a prática de bisbilhotar a vida alheia e assegurou que nunca incentivou, autorizou ou concordou com atitude do gênero. Ressaltou que sempre se defendeu das acusações às claras, conversando com as pessoas, respondendo às perguntas e nunca utilizou movimentos sorrateiros.

Antes de Renan Calheiros ocupar a tribuna para fazer seu pronunciamento, os senadores Jefferson Péres (PDT-AM), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Álvaro Dias (PSDB-PR) e Eduardo Suplicy (PT-SP) haviam solicitado que o senador se afastasse da Presidência do Senado. Renan declarou que as denúncias eram esquizofrenias políticas a procura de um autor e que não recuaria.

- Vou até o limite para defender a minha honra, para provar a verdade, para dizer aos meus eleitores, aos meus amigos, à minha família, que sou um homem digno e continuo à altura do mandato que me foi conferido pelos alagoanos. Não desonrei este mandato, como não desonrei esta Presidência. Não quebrei decoro algum. Alguns podem até suspeitar das minhas palavras, é um direito, mas não podem duvidar do que eu faço. Por isso estou aqui. Para enfrentar até o fim - reforçou o senador Renan Calheiros.

Demissão

Em aparte, o senador Marconi Perillo disse ter convicção absoluta de que Francisco Escórcio tentou armar um esquema para espioná-lo e ao senador Demóstenes Torres. Só não tinha certeza do envolvimento ou não de Renan. Por isso, Perillo pediu a demissão sumária de Escórcio, do Gabinete da Presidência do Senado. Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) apelou a Renan que se licencie do cargo até a finalização das investigações.

- Apelo em nome da serenidade, do respeito e da credibilidade do Senado: se licencie da Presidência. Vossa excelência não estará reconhecendo culpabilidade se fizer isso, mas assumindo um ato de grandeza, de generosidade. Uma questão pessoal não pode ser colocada acima da instituição - declarou Simon.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) lembrou que procurou Renan antes da votação, pelo Plenário, que o absolveu da denúncia de que teria utilizado um lobista para pagar parte de suas despesas pessoais, e sugeriu seu afastamento da Presidência da Casa. Renan teria respondido que a decisão não seria oportuna naquele momento, pois ele poderia ficar fragilizado, mas que poderia aceitar a possibilidade após a votação.



09/10/2007

Agência Senado


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