Renan diz que depoimento de Thomaz Bastos no Senado será mantido



O presidente do Senado, Renan Calheiros, comunicou à Casa ter recebido oficialmente do presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, a informação de que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, prestará depoimento àquela Casa, nesta terça-feira (18), pela manhã. Renan disse que não entendeu a convocação da Câmara, mas que isso não inviabiliza o depoimento que o ministro prestará ao Senado.

- Durante a semana que passou e durante esta semana, nós combinamos com os líderes e até com o ministro a sua vinda para prestar esclarecimentos no Senado ou no Congresso. Houve divergências com relação à data e nós ficamos, coletivamente, de decidir, como sempre fazemos aqui. Mas a Câmara dos Deputados resolveu marcar um depoimento para terça-feira - disse o presidente em plenário.

Ele acrescentou que essa iniciativa da Câmara "não tem absolutamente nada a ver com as tratativas feitas anteriormente com os líderes nem tampouco com o ministro". De acordo com o presidente do Senado, "esse é um episódio que nasceu na Câmara e se esgota na Câmara". O ministro continua agendado para vir prestar explicações ao Senado sobre a recente crise política que resultou na saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Renan considerou estranha a iniciativa da Câmara:

- Não sei por que isso acontece. Ouço falar em fogo amigo, mas eu não conheço muito disso, não sou especialista nessa matéria. Não sei se o fogo arde, se é fogo mesmo. Se pode ser chamado como tal e muito menos se é amigo. Só sei que isso aconteceu e me foi comunicado pelo deputado Aldo Rebelo e não tenho outra coisa a fazer senão comunicar a verdade ao plenário do Senado.

Ao deixar o Congresso, Renan foi indagado por jornalistas sobre comentários feitos pelo vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), para quem a demora do Senado em votar o orçamento de 2006 está "fazendo o governo sangrar". Renan disse que falta informação àquele líder.

- Ele está absolutamente desinformado, infelizmente. O que houve ontem? Nós fizemos uma reunião com os governadores, depois eles tiveram reuniões seguidas no Ministério da Fazenda, cederam e avançaram com relação à lei Kandir. Para votar orçamento precisamos ter quórum e, para tanto, eu já marquei para terça-feira (18) uma sessão do Congresso, específica para votar o orçamento. E espero que os líderes levem isso à bancada, inclusive esse vice-líder a que vocês se referem.

Na mesma entrevista, Renan foi indagado sobre a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República contra 40 acusados de envolvimento com o Mensalão, confirmando assim o relatório votado pela CPI dos Correios.

- Vejo uma grande convergência com o que o Congresso aprovou. Primeiro, disseram que não haveria CPI, houve CPI. Depois não indicaram os nomes, eu indiquei os nomes. Depois, era preciso contratar uma consultoria, eu contratei. Depois quiseram acabar com a CPI naquele primeiro prazo, eu não permiti que acabasse. Depois a CPI aprovou um relatório, aí recursaram. Eu não atendi o recurso. No fundo há uma grande convergência com o parecer do relator - afirmou.

Questionado sobre a hipótese de o STF demorar a fazer esses julgamentos e de os acusados se beneficiarem dessa demora, Renan disse ser fundamental respeitar a independência entre os poderes.

- Eu não posso querer estabelecer tempo para o STF julgar. Isso é tarefa deles, indelegável - disse.



12/04/2006

Agência Senado


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