Renan: história do PMDB confunde-se com luta pela redemocratização do Brasil



Na sessão em que o Senado homenageou, nesta quinta-feira (23), os 40 anos de criação do PMDB, o presidente do Senado, Renan Calheiros, afirmou que a história desse partido confunde-se com a própria luta pela redemocratização do Brasil. Renan referiu-se às divisões internas que agitam o partido para explicar que elas decorrem da peculiar diversidade regional brasileira e do tamanho do partido.

- É natural que as diferenças e contradições culturais, políticas e econômicas do país se reflitam no interior do partido. São diferenças que existem em todas as legendas, mas que ficam mais evidentes no PMDB, por ser o maior e mais estruturado de todos os partidos.

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Depois de elogiar históricas lideranças partidárias, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Nelson Carneiro e Paulo Brossard, Renan enalteceu as figuras de homens como José Sarney (PMDB-AP) e Pedro Simon (PMDB-RS), que divergiram recentemente sobre a realização de prévias para a escolha do candidato do partido à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E disse que o ser humano é um ente complexo.

- O homem é ele e suas circunstâncias. Todos nós temos que ter orgulho de nossas circunstâncias. Eu tenho muito orgulho das minhas circunstâncias e sou condescendente com as circunstâncias dos outros. Um partido democrático como o nosso também vive suas circunstâncias, se faz dessa forma, a cada momento, com ponderação, com gesto, com compreensão.

O presidente do Senado conclamou seu partido a não ir para a briga. Disse que o PMDB mais do que nunca se afirma, não mais como fiador da redemocratização do Brasil, mas como fiador do estado democrático de direito. E avisou que, se o PMDB sair desse papel, ninguém irá substituí-lo.

- Esse partido não pode brigar, não vai brigar. Nós precisamos garantir a sustentabilidade política, defender uma agenda para o Brasil, vencer as etapas que atravancam nosso desenvolvimento, compor uma maioria, construir a estabilidade. E nada disso será possível sem o PMDB.

De acordo com Renan, a argamassa que garante a unidade do PMDB e o mantém como maior partido brasileiro é a defesa intransigente da democracia como valor absoluto, assim como a defesa da federação, do crescimento econômico, da distribuição de renda, do aperfeiçoamento institucional, dos direitos humanos, e o combate à desigualdade regional e à pobreza.

- É em nome desses princípios, e de nossa responsabilidade para com o país, que temos sempre buscado garantir a governabilidade e, ao mesmo tempo, preservar a nossa independência.

Renan conclamou os peemedebistas à união em torno desses princípios, pregando a reconstrução da unidade interna e o restabelecimento dos canais de conversação entre as diversas correntes abrigadas no partido.

O senador referiu-se à decisão do Supremo Tribunal Federal de manter a regra da verticalização para as eleições deste ano. Disse que essa fórmula, que obriga os partidos a fazerem nos estados as mesmas alianças firmadas na sucessão presidencial, "é uma camisa- de-força".

- Defendo-a como conceito numa linha do fortalecimento dos partidos, mas uma verticalização que venha depois da reforma política, que se faça com quatro ou cinco partidos, não com os 29 partidos que existem hoje - disse.

Renan também falou que é tempo de avançar na definição de rumos para o partido, que é tempo de união e de um projeto comum. Segundo o presidente do Senado, engana-se quem pensa que o PMDB está rachado.

- Temos sim uma grande diversidade, com que sempre convivemos, mas as nossas linhas mestras são claras: democracia como valor fundamental, distribuição de renda, crescimento econômico e desenvolvimento regional, educação, aperfeiçoamento institucional. Essas são as nossas bandeiras, e são elas que nos levarão unidos à convenção. É tempo de construir. É tempo de união.

Ao considerar-se orgulhoso de ter sempre pertencido aos quadros da legenda, Renan afirmou que, durante o regime militar, o MDB foi a grande trincheira democrática dos que lutaram pelo fim do autoritarismo. Em sua opinião, graças à resistência e à organização dos seus filiados, o MDB tornou-se o sólido eixo que permitiu a retomada do poder pela cidadania no Brasil.

- A atuação do MDB em favor da anistia ampla, geral e irrestrita, a luta em favor das eleições diretas e da instalação da Assembléia Nacional Constituinte garantiram ao país uma saída, depois de vinte anos de regime autoritário.

Ao destacar que a agremiação foi criada como oposição ao regime militar, Renan disse que, enquanto uma parte dos ativistas políticos brasileiros fez a opção pela luta armada, o MDB situou-se sempre como o canal institucional de oposição. De acordo com o presidente do Senado, o fim do regime militar foi conseqüência da enorme mobilização conduzida por esse partido. O que ele deseja agora, segundo afirmou, é que o partido siga para as eleições deste ano com "os mesmos ideais que sempre nortearam o velho MDB".



23/03/2006

Agência Senado


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