Renan protesta contra tratamento da Espanha a brasileiros e sugere o uso do princípio da reciprocidade




Em uma conexão realizada em Madri, na Espanha, a estudante alagoana Marília Reis Vieira Guilherme, 24, que tinha como destino Portugal, foi retida ilegalmente pelo serviço de imigração e, 48 horas depois, repatriada para o Brasil. O fato ocorreu na metade do mês de janeiro. Ao contar essa história, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) cobrou uma reação enérgica do governo brasileiro. Ele sugeriu, se necessário, a utilização do princípio da reciprocidade.

No entendimento do parlamentar alagoano, o Brasil não pode mais tolerar que seus cidadãos sejam "maltratados, desrespeitados e humilhados" nas suas viagens de lazer e de negócios. Ele cobrou uma postura mais firme do Itamaraty e sugeriu ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal que aumentem o rigor na fiscalização à imigração de espanhóis, caso o governo espanhol não modifique o tratamento dispensado aos brasileiros.

Renan Calheiros recordou que, em 2008, um grupo de 30 brasileiros que também tinha como destino Portugal, foi retido na Espanha durante uma conexão. Ele citou o caso dos estudantes de pós-graduação Pedro Luis Lima e Patrícia Rangel que além de impedidos de prosseguir viagem, ficaram detidos durante dois dias pelas autoridades espanholas. Em fevereiro daquele ano, 452 brasileiros foram repatriados, conforme informação da embaixada brasileira em Madri.

O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo Renan Calheiros, queixou-se ao representante da Comunidade Européia, José Manuel Barroso Durão. A Comissão de Relações Exteriores debateu o assunto com o embaixador espanhol Ricardo Peidró. Apesar de essas medidas terem amenizado a crise, o senador Renan teme que a intolerância, sobretudo com as mulheres, tenha voltado ao seu estado crônico.

O senador por Alagoas destacou que quando ocupou o cargo de ministro da Justiça, em 1998, elegeu como uma das prioridades combater o tráfico internacional de mulheres brasileiras. Operação da Polícia Federal concluiu que agiam no Brasil duas máfias, uma russa e outra espanhola. O senador explicou que as mulheres eram recrutadas em território brasileiro com falsas promessas e terminavam sendo obrigadas a trabalhar em boates nas capitais européias.

- Depois de tantos anos é constrangedor verificar que ainda remanescem preconceitos em relação ao país. Hoje somos uma das sociedades que mais fazem turismo internacional e com uma das mais altas médias de gasto diário em viagens ao exterior. Apesar disso tudo, brasileiras ainda são humilhadas e constrangidas por funcionários despreparados em aeroportos mundo afora, mais particularmente na Espanha - afirmou Renan Calheiros.



15/02/2011

Agência Senado


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