Renovação no Senado será de quase metade do quadro
Pelo menos 39 dos 81 atuais senadores se despedirão da Casa. Por insucesso na busca pela reeleição neste último domingo (3), pela escolha por participar de disputa por outro cargo eletivo ou mesmo pela desistência em concorrer a qualquer posto esses parlamentares vão deixar a representação de seus estados a partir de 2011.
O julgamento final de recursos contra a impugnação de candidaturas ainda pode mudar ligeiramente essa contagem, mantendo ou afastando dois senadores que buscaram a reeleição. Um dos casos é o da senadora Fátima Cleide (PT-RO), que pode voltar para mais quatro anos caso seja impugnado o registro de Ivo Cassol, do PMDB, com base na Lei da Ficha Limpa.
Outra pendência cerca a recondução do senador Gilvam Borges (PMDB), já que o candidato João Capiberibe (PT) obteve mais votos e luta para manter o registro de sua candidatura - negada pelo Tribunal Superior (TSE) por ele ter sido condenado, em 2004, por compra de votos.
Resultado adverso
Onze dos 40 senadores que devem sair em janeiro integram o grupo de 28 que buscou a reeleição e não obteve êxito - aí incluída Fátima Cleide. A onda governista que resultou do pleito pela renovação de 54 cadeiras da Casa não poupou destacados oposicionistas, como os tucanos Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Marco Maciel (DEM-PE).
Embora tenha concorrido apenas como suplente na chapa encabeçada pelo atual deputado José Carlos Aleluia, o senador Antonio Carlos Junior (BA), foi superado por adversários governistas no estado. Efraim Morais (PB) é outro parlamentar do DEM que não continuará na Casa em 2011. Ele tentou sem sucesso a reeleição.
Habitual freqüentador da tribuna do Senado, quase sempre para disparar críticas ao governo, o piauiense Mão Santa (PSC) também não conseguiu votos para se reeleger. O mesmo ocorreu com Papaléo Paes, tucano do Amapá que ficou em 4º lugar na disputa para o Senado, mas que ainda aposta num retorno, caso o exame das candidaturas dos adversários leve ao cancelamento dos registros.
O resultado das urnas também foi adverso para mais três governistas que, assim como Fátima Cleide, buscavam a reeleição: Jefferson Praia (PDT-AM), César Borges (PR-BA) e Romeu Tuma (PTB-SP), este internado no Hospital Sírio Libanês até os últimos dias da campanha devido a uma insuficiência respiratória.
Governadores
Quatro senadores ainda teriam mais quatro anos de mandato à frente, mas foram vitoriosos na disputa para comandar o governo de seus estados a partir de janeiro e também devem renunciar a seus mandatos. Nesse grupo, estão dois governistas, os senadores Tião Viana (PT-AC) e Renato Casagrande (PSB-ES). Outros dois são da bancada do DEM: Rosalba Ciarlini, eleita para o governo do Rio Grande do Norte, e Raimundo Colombo, para o de Santa Catarina. Com mandato até 2015, Marconi Perillo, agora na disputa pelo segundo turno, em Goiás, também pode abrir mão da vaga se vencer o pleito.
Cargos alternativos
Oito senadores em fim de mandato tentaram outros cargos eletivos. No caso mais notório, a senadora Marina Silva (PV-AC) sacrificou uma provável reeleição para liderar projeto presidencial, com o objetivo de, segundo disse, "quebrar o plebiscito" entre PT e PSDB e levantar bandeiras como o desenvolvimento sustentável. Ao fim, a candidata verde conquistou quase 20% do eleitorado, somando cerca de 20 milhões de votos, numa arrancada final não evidenciada pelas pesquisas de opinião.
Do grupo em fim de mandato que não obteve êxito em outros projetos eleitorais, quatro buscaram votos para o governo de seus estados, todos por legendas governistas. Aloizio Mercadante, do PT, perdeu o governo de São Paulo para o tucano Geraldo Alckmin. Ideli Salvatti ficou em terceiro lugar na disputa vencida por uma aliança partidária entre o DEM, PSDB e PMDB, em que a cabeça da chapa foi ocupada exatamente pelo atual senador do Democratas Raimundo Colombo.Em Minas Gerais, o senador Hélio Costa (PMDB) chegou a liderar por longo período as pesquisas para governador, mas foi superado pela chapa tucana apoiada por Aécio Neves, ex-governador que conseguiu a eleição de seu vice, Antonio Anastásia e ainda venceu a disputa para o Senado.
Mesmo ganhando força na reta final e recebendo o apoio de seu irmão Alvaro Dias (PSDB), o senador Osmar Dias (PDT) não conseguiu superar o adversário Beto Richa (PSDB), eleito governador do Paraná.
Outros três senadores com mandatos próximo do fim tentaram continuar na vida parlamentar como deputados e também não somaram votos suficientes para esse objetivo. Nessa lista, estão Adelmir Santana (DEM-DF), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Leomar Quintanilha (PMDB-T), que disputaram vaga na Câmara dos Deputados. José Nery (PSOL), por sua vez, foi candidato à Assembléia Legislativa do Pará, mas não conseguiu se eleger.
Mesmo com o fim de seus mandatos, os senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE), Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Almeida Lima (PMDB-SE) garantiram retorno a Brasília no ano que vem, mas dessa vez para ocupar vaga na Câmara dos Deputados. Patrícia Saboya (PDT) também continuará na vida parlamentar a partir de janeiro, porém como integrante da Assembléia Legislativa do Ceará. Flávio Arns (PSDB) migrará para o Executivo, já eleito como vice-governador, na chapa encabeçada por Beto Richa no Paraná.
Desistências
Outros dez senadores titulares optaram por ficar longe das eleições, sem disputar qualquer cargo. Dessa numerosa bancada, quatro são nomes de longa presença na vida parlamentar: Gerson Camata (PMDB-ES), Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), Sérgio Zambiasi (PTB-RS) e Augusto Botelho (PT-RR).
A lista de desistentes da disputa eleitoral que deixam o Senado completa-se com quatro senadores que eram suplentes e assumiram o posto em decorrência de renúncia dos titulares ao se elegeram governadores no pleito de 2005: João Tenório (PSDB-AL), Roberto Cavalcanti (PRB-PB), Regis Fichtner (PMDB-RJ) e Neuto de Conto (PMDB-SC). Outros dois - Valter Pereira (PMDB-MS) e Gilberto Goellner (DEM-MT) - tomaram posse devido à morte dos respectivos titulares.
05/10/2010
Agência Senado
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