REPRESENTAÇÃO CONTRA ESTEVÃO VAI AO CONSELHO DE ÉTICA



O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), anunciou nesta terça-feira (dia 02) o envio ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar de representação contra o senador Luiz Estevão (PMDB-DF) encaminhada à Mesa pelos partidos de oposição - PT, PDT, PSB, PPS, PC do B, PV e PL - em 8 de dezembro do ano passado. O documento foi remetido à comissão pelo corregedor da Casa, senador Romeu Tuma (PFL-SP).Em resposta a questão de ordem apresentada no Plenário pelo senador José Eduardo Dutra (PT-SE), Antonio Carlos disse que a comissão receberia não só a representação, mas também os pareceres sobre o assunto emitidos pela advogada-geral do Senado Josefina Valle de Oliveira Pinha e pelo ex-senador Josaphat Marinho, além de outras peças relativas ao assunto.Na representação, os partidos de oposição pedem que se apure a eventual quebra de decoro parlamentar por parte do senador Luiz Estevão. Conforme argumento exposto no texto, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Poder Judiciário teria identificado "diversas relações entre a Incal, empresa que ganhou a licitação para construir o prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP), pertencente ao Grupo Monteiro de Barros, e empresas do Grupo OK, pertencentes ao senador Luiz Estevão". O relatório da CPI sugere ao Ministério Público que investigue os indícios de superfaturamento e o possível desvio de recursos destinados à construção do prédio.Também no entender dos signatários da representação, Luiz Estevão quebrou o decoro ao dificultar as investigações da CPI, esconder fatos durante os depoimentos e pressionar e ameaçar assessores do conselho. "Em se tratando de um senador da República não é digna a conduta dissimuladora, mentirosa, sem contribuir com o esclarecimento dos fatos", diz a representação.Em sua questão de ordem, Dutra pediu o envio da representação à Conselho de Ética juntamente com os pareceres. Argumentou que a demora desgasta o Senado e passa à opinião pública - por intermédio da imprensa - a idéia de que a questão não está sendo resolvida pelos parlamentares, mas esbarra numa "guerra de pareceres". Além da opinião contrária ao processo emitida por Josaphat Marinho, o caso estaria pendente por causa de contradição entre dois pareceres emitidos por Josefina (ver matéria). - Esse assunto tem que ser resolvido pelos senadores, no Conselho de Ética, de acordo com o regimento - disse Dutra.Para Antonio Carlos, não há contradição entre os dois pareceres, formulados em razão de consultas feitas pelo corregedor do Senado, senador Romeu Tuma (PFL-SP). No primeiro, emitido em 6 de dezembro, a advogada julgou conveniente que a representação fosse enviada ao conselho. No segundo, emitido em 12 de janeiro, já depois da apresentação do relatório da CPI, Josefina julgou conveniente que o processo fosse sobrestado, uma vez que, de posse do relatório da CPI, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, havia solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF)a abertura de inquérito para investigar a participação de Estevão na construção da sede do TRT-SP. A expectativa naquele momento era de que o STF julgasse o pedido de Brindeiro em fevereiro.- O parecer não tem essa validade. E teria graça se fossem os funcionários a resolver o problema. Os senadores é que resolverão - disse o presidente do Senado.Ele esclareceu que tem mantido contato freqüente com Tuma e que o conselho receberá para exame também o relatório da CPI. De todo modo, lembrou Antonio Carlos, o direito de ampla defesa do acusado também está sendo garantido, a fim de que o processo não seja invalidado e que o Senado tome "as providências que julgar necessárias" com relação ao mandato do senador Luiz Estevão.- Todos os senadores firmaram o compromisso de que se o Supremo abrisse o inquérito e pedisse licença, esta casa, à unanimidade, daria licença para o processo - afirmou Antonio Carlos.

01/02/2000

Agência Senado


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