Representante do MCT diz que Brasil não deve assumir metas de redução de emissão de carbono



O Brasil não pode assumir metas de redução de emissões de carbono porque a ação é incompatível com as determinações no Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução apenas para os países desenvolvidos, e isso afetaria a continuidade dos mecanismos de desenvolvimento limpo, os MDLs, alternativas para que estes países cumpram seus limites de redução investindo em projetos de desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento.

Esta foi a posição defendida pelo coordenador de mudanças climáticas globais do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), José Miguez, durante audiência pública na Comissão Mista Especial sobre Mudanças Climáticas, nesta quarta-feira (21), que debateu a possível imposição de metas para o Brasil no período pós-2012, quando se encerra a primeira etapa do protocolo. Ele aponta incompatibilidade e contradição legal, mas também perigo para o avanço brasileiro.

- Para os países em desenvolvimento, a meta é uma camisa de força que nos imobiliza, perderemos competitividade - opinou.

Por estes motivos, o coordenador do MCT posicionou-se contra o projeto de autoria do deputado Sarney Filho, que estabelece a meta de 5,2% para a redução das emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa, a ser atingida até o ano de 2012, em relação ao percentual emitido em 1990. Outro detalhe apontado por Miguez, que dificulta o cumprimento da proposta, é a ausência de legislação que obrigue, por exemplo, as empresas a fornecerem informações sobre as suas emissões de carbono.

- Como vamos separar o que fizemos pela meta interna e pela meta dos MDLs, por exemplo? - indagou.

Miguez acredita que o país deve reforçar a postura de crescimento com desenvolvimento sustentável, sendo a imposição de limites para a emissão de gases causadores do efeito estufa só para países com infra-estrutura, e com população estável ou em decréscimo. Apontou também o fato de o Brasil ser protagonista nas discussões e ações na proteção ao meio ambiente, mas reconheceu a necessidade de avançar na legislação e na execução de políticas públicas para o meio ambiente e no controle das queimadas na Floresta Amazônica.

Requerimentos

Os parlamentares aprovaram, durante a reunião, requerimento de realização de audiência pública em Recife (PE), para debater o aumento do nível do mar no litoral nordestino. O presidente da comissão, deputado Eduardo Gomes, anunciou ainda que a Câmara assinou convênio com a SOS Mata Atlântica para a neutralização das emissões de carbono com ações de compensação, como o plantio de árvores.



21/11/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Brasil não deve assumir metas de redução de emissões de carbono, dizem especialistas

Metas para a redução na emissão de carbono devem ser incluídas em lei, defende Marina Silva

Redução da pobreza no Brasil superou metas da ONU, diz representante da Casa Civil

Especialistas discutem metas para baixa emissão de carbono na agricultura do DF

Representante da Fazenda diz que taxas sobre emissão de carbono dependem de mais estudos

Brasil deve cobrar metas climáticas de países ricos, diz representante do Itamaraty