Representantes de órgãos de controle de obras do governo discutem gestão pública



"Nós nunca conseguiremos ter um controle efetivo da gestão pública se nos ativermos somente a órgãos burocráticos." A constatação foi feita nesta quinta-feira (29) pelo procurador regional da República José Adércio Leite Sampaio a respeito da atuação do Ministério Público no combate à corrupção e às irregularidades em obras públicas no Brasil.

José Adércio foi um dos cinco expositores que participaram do terceiro encontro do ciclo de debates sobre Controle Público - Instrumento de Cidadania, que discutiu, nesta quinta-feira, o tema O Poder Legislativo e os Procedimentos de Sanção à Corrupção e à Má Gestão Pública - o que se faz, o que se pode fazer.

Para o procurador, o controle da gestão pública tem que ser fundamentalmente democrático, com o Congresso Nacional exercendo o papel formal e a sociedade, o papel informal. Segundo explicou, a legislação brasileira é " extremamente avançada", mas na prática ela não funciona.

- Isso porque ela tem tantas brechas e tantos furos que permite aos advogados brincar com o Poder Judiciário, contrariando ações ajuizadas pelo Ministério Público e demais juizados - explicou.

A mesma opinião tem a presidente do Tribunal de Contas de Tocantins, Dóris de Miranda Coutinho, para quem a legislação brasileira "emperra muito" a atuação do Judiciário. Ela também acredita que parte dos erros que prejudicam a eficácia do controle externo dos órgãos públicos também advém do desconhecimento dessa própria legislação.

No entanto, o que mais falta aos tribunais de contas, segundo Dóris Coutinho, são mecanismos que garantam a efetividade das sanções aplicadas por atos irregulares.

- Os tribunais de contas dos estados estão com as prateleiras abarrotadas de milhões e milhões de imputações e débitos que não voltam ao erário público - desabafou.

Em sua exposição, o secretário adjunto de Contas do Tribunal de Contas da União (TCU), Laércio Mendes Vieira, destacou o papel constitucional do órgão auxiliar do Congresso no controle externo e também a missão da instituição de assegurar à sociedade a efetiva e regular gestão dos recursos públicos.

- A Constituição federal assegura ao TCU, em qualquer momento, atuar de forma prévia, concomitante e posterior; isto é, atuar de forma preventiva e repressiva - explicou.

Para o secretário, os benefícios dessa atuação não devem ser medidos apenas de forma quantitativa, pois há também ganhos de outra natureza, como o aperfeiçoamento das leis e da gestão pública, o combate efetivo à corrupção e ainda o efeito pedagógico.

Edital

No debate, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antônio Pagot, anunciou que nesta última quarta-feira (28) entregou ao presidente do TCU um edital de padrão de obras e serviços, elaborado pelo órgão com o objetivo de reduzir o vício em obras públicas e, ao mesmo tempo, a subjetividade em contratação de obras e serviços.

- Vamos observar, com esse edital, um aperfeiçoamento na contratação de obras e na elaboração de relatos constatando irregularidades, pois ele conserta uma série de instrumentos importantes para cada vez mais termos obras com qualidade e competitividade - explicou Luiz Pagot.

Para o dirigente do DNIT, também é importante que obras públicas já em andamento não sofram interrupção na execução por dificuldades diversas, como falta de orçamento e problemas sazonais, entre outros.

- Isso sem prejuízo da responsabilização dos culpados por má gestão ou corrupção - destacou.

O quinto expositor foi o jornalista Ribamar Oliveira, do jornal O Estado de S. Paulo (ver matéria).



29/05/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


TCU e órgãos do governo discutem procedimentos para regularizar obras

Criação de relatório com obras públicas inacabadas ganha apoio dos órgãos de fiscalização e controle

Secretários discutem realização do Consad de Gestão Pública

Especialistas falam sobre organizações de controle da gestão pública

PROJETOS SOBRE CONTROLE DA GESTÃO PÚBLICA JÁ ESTÃO DISPONÍVEIS NA INTERNET

Representantes do Governo do Estado, Ministério da Justiça e Anatel discutem bloqueio de celulares e