Requerimento para reconvocação de Perillo deve ser votado em agosto
O requerimento para a reconvocação do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), pode ser votado pela CPI do Cachoeira no início de agosto, logo após o fim do recesso parlamentar. A informação é do presidente da comissão, Vital do Rêgo (PMDB-PB), que fez um balanço dos primeiros meses de trabalho nesta quarta-feira (18). Ele rebateu críticas da oposição de que haveria uso político da CPI.
Segundo o senador, todos os requerimentos apresentados entrarão na pauta com a mesma prioridade, como vem ocorrendo em outras reuniões administrativas da CPI.
– A reconvocação do governador Perillo é uma decisão colegiada. O requerimento já foi posto na casa. Nós esperamos que na próxima reunião administrativa esse requerimento, como outros tantos, possa ser apreciado – afirmou o senador.
Perillo já prestou esclarecimentos à CPI no dia 12 de junho. O requerimento para uma nova convocação foi apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Segundo a revista Época, o governador teria recebido propina para liberar pagamentos do governo do estado à empreiteira Delta. O acerto teria ocorrido por meio da venda da casa de Perillo, onde Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro deste ano.
Na terça-feira (17) o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou que a reconvocação seria uma estratégia para atingir a oposição às vésperas das eleições municipais e do julgamento do Mensalão, que deve começar em agosto.
Para Vital, grande número de testemunhas ligadas a Perillo, apontado por oposicionistas, nada tem a ver com questões partidárias, e sim com a localização da organização criminosa, cuja atuação se daria principalmente em Goiás. O senador garantiu que os desentendimentos entre PT e PSDB não inviabilizarão os trabalhos.
– A presidência vai conduzir [os trabalhos] para que a questão política não atrapalhe a eficiência dos trabalhos.
Cronograma
No segundo semestre, a CPI terá reuniões às terças, na parte da tarde, e às quartas, pela manhã. Segundo o senador, já estão marcadas reuniões para todo o mês, a partir do dia 7. A primeira reunião administrativa está prevista para 15 de agosto, mas Vital do Rêgo informou que tentará acertar uma data na primeira semana de agosto, provavelmente no dia 2.
Quanto aos depoimentos do dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, o presidente informou que o cronograma só será definido na próxima semana.
Vital do Rêgo confirmou que a tendência é procurar ouvir pessoas que se dispuserem a falar, já que muitos depoentes usaram o direito de permanecer em silêncio durante as reuniões. Dos 24 convocados no primeiro semestre, nove prestaram depoimentos integrais e dois, apesar de falarem, não responderam a todas as perguntas. Os outros 13 convocados não se manifestaram.
O senador lembrou, no entanto, que as testemunhas não são a única fonte de informações da CPI.
– A riqueza desta CPI está na sala-cofre, está na transferências de dados – afirmou Vital, fazendo referência aos arquivos com mais de 2 mil horas de gravações interceptadas pela Polícia que estão em poder da CPI e às demais informações sigilosas recebidas pela comissão.
Até agora, a CPI solicitou a quebra do sigilo bancário de 82 pessoas físicas e jurídicas; a quebra do sigilo fiscal de 80; e a quebra do sigilo dos registros telefônicos de 78 pessoas. Já foram recebidas pela comissão 384 informações bancárias, 58 fiscais e 374 telefônicas.
Para facilitar a análise das informações, a comissão solicitou à Secretaria Especial de Informática do Senado (Prodasen) que elabore um projeto de treinamento. A capacitação deve ser oferecida aos operadores designados pelos parlamentares integrantes da comissão para trabalhar com os dados.
Desafios
Sobre os próximos passos da CPI, Vital do Rêgo informou que a comissão tem o desafio de definir o procedimento para casos de depoentes que não desejem se manifestar. Atualmente, eles são dispensados, ao contrário do qeu ocorreu, por exemplo, no depoimento do principal investigado, Carlinhos Cachoeira, que ouviu por horas seguidas, sem responder, as perguntas dos parlamentares. O novo procedimento de dispensa tem sido criticado por alguns parlamentares da comissão.
Para o senador, a comissão já conseguiu vencer o desafio do descrédito atribuído à comissão no início dos trabalhos e agora terá de vencer o desafio do esvaziamento em ano de eleições municipais. Vital do Rêgo disse acreditar que a CPI precisa aprofundar as investigações já iniciadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público e, ainda, oferecer ao país uma nova legislação que dificulte a atuação de organizaçaões criminosas.
– O pacote legislativo precisa prever que os crimes de contrabando, de evasão fiscal e de vícios do processo licitatório não sejam mais cometidos com a mesma facilidade – disse.
Sobre as ameaças sofridas por autoridades ligadas às investigações, que levaram até ao afastamento de um juiz federal do caso, o senador disse que a comissão não se sentirá intimidada.
Vital do Rêgo afimou, ainda, que cabe à polícia investigar o assassinato do policial federal Wilton Tapajós Macedo, que integrou a Operação Monte Carlo, na qual Cachoeira foi preso. Tapajós foi morto a tiros na última terça-feira. A polícia ainda investiga se o caso tem ligação com o trabalho do policial. Parentes do agente informaram que ele vinha sendo ameaçado. O presidente da comissão informou que não pretende solicitar proteção policial.
18/07/2012
Agência Senado
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