Walter Pinheiro: PT ainda não tem posição fechada sobre reconvocação de Perillo à CPI
O PT ainda não chegou a um consenso sobre a reconvocação do governador de Goiás, Marconi Perillo, à CPI do Cachoeira. Segundo o líder do partido no Senado, Walter Pinheiro (BA), ainda há divergências entre os parlamentares petistas sobre a utilidade de um novo depoimento.
Perillo, que prestou esclarecimentos à CPI no dia 12 de juho, é alvo de novas denúncias de manter relacionamento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, publicadas na revista Época desta semana.
– Não é a opinião dos membros do PT na CPMI como um todo, mas a minha opinião e a do líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tato [SP], é de que a gente poderia pular essa etapa – afirmou o senador nesta terça-feira (17).
O requerimento para que Perillo seja novamente ouvido pela CPI foi apresentado na segunda-feira (16) pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Segundo a revista Época, o governador teria recebido propina para liberar pagamentos do governo do estado à empreiteira Delta. O acerto teria ocorrido por meio da venda da casa de Perillo, onde Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em fevereiro deste ano.
Walter Pinheiro rebateu as acusações do presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), de que a reconvocação seria uma estratégia do PT para atingir a oposição às vésperas das eleições municipais e do julgamento do Mensalão, que deve começar em agosto. Integrantes do partido têm acusado o PT de fazer uso político da CPI.
– Não fomos nós que escolhemos que o Caso Cachoeira viesse a coincidir com o processo do Mensalão – disse o senador.
Punição
Questionado sobre o destino de Perillo, Pinheiro afirmou que qualquer pessoa que tenha participado ou se relacionado de maneira ilegal com a organização comandada por Cachoeira deve ser punida. Ele lembrou, porém, que não cabe à CPI um eventual pedido de impeachment do governador. Para ele, o caminho é a remessa de documentos da comissão à Justiça ou até à Assembleia Legislativa de Goiás, para que providências sejam tomadas nas instâncias cabíveis.
– Como a nós só compete o julgamento de decoro parlamentar, nos cabe cobrar das outras instancias as ações de mesma dosagem do remédio que nós demos aqui a um dos membros – disse o senador, em referência a Demóstenes Torres, que teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar.
Próximos passos
Sobre uma possível convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, Walter Pinheiro disse que, até o momento, não há indícios que justifiquem um depoimento. A possibilidade de convocação ressurgiu após a entrega, pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), de 68 quilos de documentos que comprovariam irregularidades em contratos do governo do estado com a empresa Delta.
– Ainda não há nenhum elemento que justifique isso. A CPI avaliará os sessenta quilos e, se encontrar alguns gramas de ligação, não vejo porque não chamar – garantiu.
O senador também afirmou que o partido, por enquanto, não pretende representar contra o suplente de Demóstenes Torres, Wilder Morais (DEM-GO), que tomou posse como senador na semana passada. Antes, ressaltou, é preciso ouvir o que ele tem a dizer sobre suas relações com a organização criminosa investigada pela comissão. Assim como Demóstenes, Wilder aparece em gravações interceptadas pela Polícia Federal em conversas com Cachoeira.
Segundo Walter Pinheiro, o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, e o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), Luiz Antônio Pagot, devem ser ouvidos logo que se reiniciarem as reuniões da CPI, após o recesso parlamentar.
17/07/2012
Agência Senado
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