Requião compara a privatização do setor energético dos EUA com a do Brasil



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez um relato, nesta segunda-feira (dia 26), de sua visita de 12 dias aos Estados Unidos como membro da Comissão do Mercosul, a convite do Departamento de Estado daquele país, e traçou um paralelo entre os processos de privatização do setor energético brasileiro e norte-americano.

Requião ressaltou que, no processo de privatização no estado do Texas, o controle público do sistema energético foi mantido, enquanto no Brasil isso não ocorre. Na Califórnia, informou o senador, o sistema energético faliu e parlamentares já pensam em reverter a privatização, realizada em 1985, devolvendo o controle do setor para o Estado. De acordo com o senador, o que ocorreu na Califórnia, após a privatização, foi a falta de investimentos na produção enquanto os capitais privados enriqueciam, com o preço da energia saltando de US$ 40 para US$ 180 o megawatts/hora.

Já o Texas, destacou, que privatizou seu sistema energético em 1993, manteve todas as usinas nas mãos do poder público e liberou para o capital privado a construção de novos sistemas, no regime de concessão, mediante concorrência. No Brasil, comparou Requião, a idéia é entregar usinas funcionando ao capital privado, com o argumento de que elas precisam modernizar-se.

O senador, que elogiou o trabalho do embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Rubens Barbosa, em defesa dos interesses do Brasil, acentuou também a concorrência desleal que a soja, em especial, e a agricultura brasileira, em geral, enfrentam naquele país, já que a produção americana recebe subsídios do governo. O "país do liberalismo", informou, subsidia os plantadores de soja com U$$ 3 bilhões ao ano, assumindo 40% do custo do seguro agrícola dos produtores. Em 2001, acrescentou, os Estados Unidos colheram 90 milhões de toneladas, enquanto o Brasil exporta, sem nenhum incentivo, US$ 4 bilhões de soja ao ano, com uma colheita em torno de 80 milhões de toneladas.

- Os EUA subsidiam a sua agricultura, tratando-a como um projeto de segurança nacional, reconhecendo na produção objetivos estratégicos inarredáveis, mas nós aqui praticamos o liberalismo econômico, liquidando a possibilidade de aumento das safras - afirmou, ao registrar também a insignificância das exportações brasileiras para os norte-americanos.

26/03/2001

Agência Senado


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