Privatização do setor energético favoreceu empresas estrangeiras, diz Geraldo Cândido



O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) manifestou, nesta quinta-feira (14), seu entendimento de que o modelo instalado para o setor energético brasileiro favorece empresas estrangeiras em detrimento do consumidor, que ainda se vê obrigado a pagar pelos erros cometidos. Cândido revelou que as tarifas cobradas pela Light no Rio de Janeiro vêm aumentando desde a privatização da empresa e já estão entre as mais caras do mundo, comparáveis às de países como França e Alemanha.

Segundo o senador, apesar de a Light receber subsídios governamentais e promover reajustes, sua dívida com as empresas que a compraram continua crescendo, chegando a R$ 7,7 bilhões, de acordo com o jornal O Dia. As dívidas, disse o senador, são cobradas em dólares, com juros de 11% ao ano, considerados altos para transações internacionais. - Essa distorção acontece porque as empresas que compraram a Light não encaram o dinheiro empregado no mercado energético brasileiro como um investimento, mas como um empréstimo. Dessa forma, a Light vai sangrar dólares para o exterior, enquanto o investimento é mínimo - disse Cândido. Além disso, o senador reclamou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está abrindo linha de crédito de R$ 7,3 bilhões para distribuidoras de energia, como forma de compensação pelo racionamento. - Especialistas têm alertado para o fato de que o setor cria um capitalismo sem riscos, em que qualquer perda precisa ser subsidiada ou por aumentos ou por financiamentos do governo brasileiro. A lógica é que o consumidor tem de pagar pelos prejuízos - declarou. O senador também criticou o papel desempenhado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na regulamentação do mercado. Para ele, a Aneel tem-se limitado a transmitir as pressões das geradoras e distribuidoras, permitindo aumentos e desestimulando a concorrência.

- A Agência deveria coibir essas práticas abusivas e favorecer a queda dos preços das tarifas. Afinal, não era essa a promessa das privatizações? Temos de cobrar maior controle do Estado sobre o setor energético, por ser uma área estratégica que precisa de planejamento, função que o setor privado não exerce senão visando lucros mais fáceis - analisou o senador.



14/03/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Requião compara a privatização do setor energético dos EUA com a do Brasil

GERALDO CÂNDIDO CONDENA PRIVATIZAÇÃO DE TUCURUÍ

Siqueira Campos diz que com a privatização, setor energético de Tocantins está dando certo

GERALDO CÂNDIDO CRITICA PRESSA DO GOVERNO NA PRIVATIZAÇÃO DE FURNAS

Geraldo Cândido denuncia falta de planejamento no setor elétrico

HELOÍSA HELENA E GERALDO CÂNDIDO RECEBEM SINDICALISTAS DO SETOR ELÉTRICO